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sexta-feira, 8 de abril de 2016

Um ‘panamá’ ou uma bofetada?



Há assuntos, no nosso coletivo mais ou menos de todos, que, ou se levam com sarcasmo ou, se vividos à risca, poderão deixar-nos em colapso psicológico e até moral por algum tempo...consciente.

Veja-se a (longa, ínclita e sensacional) lista dos ‘panama papers’, que listam os mais ricos dos tempos mais recentes – desde o já defunto Mao-Tsé-Tung… até outros tantos poderosos em ebulição – que conseguiram fazer fortuna em paraísos fiscais… sabe-se lá com que artes e manhas.

Por agora vemos, neste nosso rincão luso, um tal (pretenso) ministro da cultura a querer resolver à bofetada a divergência – de décadas e não só – em opiniões e escritos de menos-prazer… Se Eça de Queirós ainda escrevesse não teria melhor mote para levar à estampa alguns desses virulentos romances em que deixaria os contendores mal retratados ou, pelo menos, com algum pejo de serem novos/velhos da política do passado! 

= Neste país em regime de espécie de ‘vão-de-escada’, no contexto europeu e de quase sarjeta, na dimensão internacional, em que se tem vindo a tornar a nossa política, estes episódios são dignos de serem recriados num novo estilo – audaz, simples e de ressonância das ‘canções de escárnio e de maldizer’ – para que uns tantos não se esqueçam que a chegada a todo o custo ao poder não lhes dá autoridade – que nunca tiveram… nem na geração dos seus antepassados mais diretos… vivos ou defuntos – de tudo dizerem ou fazerem sem disso terem de responder pelos seus atos, ações ou intenções… de intimidação!

Será que é verdade que, uma certa fação do atual governo, entende-se tão bem com outros parceiros – das esquerdas radicais – porque até já estavam, no reinado do anterior chefe – o tal que ganhou por poucochinhos’ –  a preparar a adesão (transição) sub-reptícia às suas fileiras e só bastou um aceno para tudo se enquadrar… até ver bem de mais?

Os mentores, servidores e promovidos pelo compasso e o avental, cada vez mais se conseguem sobrepor – mesmo na composição governativa, autárquica, económico-social e não só – desde que possam favorecer, em breve, obras de beneficência dos amigos e comparsas… distritais ou nacionais?

 = Quanto custa um panamá – não nos referimos só ao dos jardins-de-infância e das escolinhas com que as crianças se defendem do sol – para frequentar a escola deste sucesso? Bastará – para já – um certo processo de silêncio ou será preciso algo mais de substancial… em género e/ou em papel? Porque surgiram certas figuras no palco em maré de vitória? De onde emergiram alguns ocupantes da cadeira do poder ou do enquadramento televisivo? Andavam na sombra e agora foram atirados para a ribalta… como que em reconhecimento ou como isco para outras conquistas? Desculpem a ignorância… em certos casos já iam surgindo como substitutos em atos eclesiais… já havia algum intuito mais consentido e/ou fundamentado?

 = Há coisas mais de âmbito empresarial – regional ou com implicações nacionais – que parecem continuar na nebulosa do faz-de-conta: ninguém diz, nem pergunta e, no entanto, as águas – do Tejo e da sua área de influência – movem-se…. Sabe-se lá para que foz…irão desaguar! Neste campo – segundo informações mais ou menos credíveis vai-se questionando: para quando a decisão sobre o ‘porto de águas profundas’, para o terminal de contentores, na região do (dito) vale do Tejo? Irá custar, de facto, o quíntuplo do que seria preciso, se fosse à beira Sado? A quem serve tal panamá? Quem está tão bem posicionado/a na decisão que irá colher os frutos diretos ou indiretos?

As tais bofetadas prometidas aos que não corroboram as opções culturais do ministro, terão de ser reorientadas para outros, que vão dissimulando com fait-divers outros factos, podem trazer consequências nefastas para todo um tecido social, económico, marítimo e cultural que tem andado escondido nas gavetas de certas forças e de beneficiários de investimentos (ainda) maiores do que os ‘panama papers’… ao nosso nível. Quem vai assumir a denúncia? Teremos de esperar pelos paladinos do nojo de funções pós-governativas… quando já foi tarde e sem retrocesso?

Com uma bofetada – irascível ou simplória – se pode fazer faltar o panamá de tantos interesses vendidos e muitos outros comprados com cumplicidades assumidas e/ou bem-pagas! Até quando?     

 

António Sílvio Couto

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