Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



sexta-feira, 22 de abril de 2016

Gabarolice…ao desbarato


No quadro da nossa vida pública – política, social, económica, financeira, religiosa ou mesmo comunicacional – vemos surgirem pessoas cujo ego de tão inchado com que se apresenta como que ofusca quem com elas se cruza ou tem de contatar, com quem se trabalha ou tem de conviver.

Por estes dias tive de estar num encontro – por sinal no âmbito religioso – em que as façanhas do interlocutor eram de tal forma imensas – centenas de encontros, ‘retiros’, quilómetros em vários países e continentes, declarações (bem) abonatórias de bispos e outros – que qualquer mísero terráqueo – como eu – se sentiria esmagado… Este acontecimento já tem semanas… por isso, foi-me um tanto difícil de digerir tanta gabarolice… Explicando o termo: ato ou ação, direta ou indireta de se fazer mais importante do que os outros, mesmo que usando-os em seu proveito… podendo se entendido também como fanfarronice… 

= Mutatis mutandis, isto é, por comparação, vemos que, na vida política (parlamentar ou social), certos grupos partidários, que se acham tão imprescindíveis naquilo que dizem ou fazem se podem ir tornando numa espécie de gabarolice ao desbarato… Sabe-se lá com que consequências!

O mais recente dos episódios foi a pretensão em fazer mudar a designação de ‘cidadão’ para ‘cidadania’, tentando criar – segundo dizem – alguma igualdade de género, pois, ao que parece ‘cidadão’ soa demasiado a masculino e ‘cidadania’ seria mais abrangente e (pretensamente) inclusivo… nas suas leituras!

Será que fizeram as contas aos custos de tal mudança? O que traz isso de igualitário e não de discriminatório? Até onde iria a razão dessa pretensão – lojas e espaços de atendimento, cartões emitidos, identidades a acertar?

Esta iniciativa não foi mais uma, de algumas já intentadas, para fazer distrair o povo doutros negócios de bastidores? Até onde irá a paciência para com tais ‘fazedores’ de distrações, quando há assuntos bem mais importantes na vida, realmente dura, das pessoas? Não será que o cheiro do poder chamusca muitos/as dos intrépidos defensores da liberdade, se não for da sua coloração? 

= Vivemos num tempo onde pequenos detalhes podem revestir de significado tanto aquilo que se diz como até o que se deseja fazer. Com que velocidade se difundem menos boas declarações – veja-se o episódio das desejadas bofetadas do ministro demissionário, comentários inconvenientes ou precipitados de figuras com responsabilidade, intervenções quase insignificantes, que facilmente se podem tornar – como agora se diz – virais e corrosivas…

Nisto que referimos e muito mais daquilo que nos passa pela mente há uma razoável superficialidade, onde a falta de tino se pode conjugar com alguma precipitação… tanto ou mais perigosa quando se conjugam interesses de grupo – a favor ou contra – e numa (dita) opinião pública facilmente manipulada…  

= Porque acreditamos acima de tudo na verdade e nas consequências de a servirmos desinteressadamente, parece que o culto da gabarolice denota que estamos numa época de crise acentuada, onde os valores humanos e éticos/morais precisam de ser ensinados, educados e cultivados. Neste sentido acreditamos que só a Verdade nos fará realmente livres: nada de exageros nem por excesso nem por defeito, pois a verdadeira verdade – desculpando esta espécie de redundância – não nos permite vivermos para além daquilo que somos com todos os defeitos, qualidades e dons… em favor dos outros.

Gabarolice, assim, não, obrigado!  

 

António Sílvio Couto 

Sem comentários:

Enviar um comentário