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sábado, 23 de abril de 2016

Presidente ‘tiririca’?


Sabemos que a função faz o desempenho e o desempenho faz a função. Ora, pelo que temos visto do mais recente presidente da república portuguesa, não sei se será o melhor desempenho para a função ou se está ou não estará a ficar um tanto vulgarizada pelos atos do desempenhado.

Já sabíamos de outras lides que o senhor gosta de tocar muitos instrumentos (tarefas, intervenções e espaços) ao mesmo tempo, de ser rápido naquilo que faz e que, talvez seja competente em tudo isso com a velocidade com que o pretende executar. No entanto, em pouco mais de um mês de funções – desde 9 de março – já andou por tantos lugares e fez tais papéis que quase esgotou a capacidade de seguimento…noticioso diário!

Sobre o recurso ao epíteto de ‘tiririca’, servimo-nos dessa figura de um deputado brasileiro, saído do meio circense – analfabeto e habilidoso, mas popular – que foi aprendendo a ter pose de estado, no desempenho das funções… percebeu-se ‘isso’ até no ato de votação da impugnação à presidenta… 

= Não está em causa a função presidencial, mas o exercício da mesma, que, em meu entendimento, deve ser mais discreta, sensata e, sobretudo, eficiente na forma e no conteúdo… Estas qualidades vimo-las, efetivamente, nos antecessores no cargo, com uma ou outra interpretação mais ou menos eivada de ideológica, particularmente dos que não tinham votado em que exercia o cargo.

Por mim votei – atendendo às alternativas de escolha, que eram de pouca qualidade – em quem agora faz a função de presidente e, por isso mesmo, não me revejo em certas atitudes com algum sabor populista, parecendo-se a roçar o exercício de tais funções em países africanos ou da américa latina. 

= Contrariamente ao epíteto que se quis colocar o presidente da república não ‘é de todos os portugueses’… até porque – como foi o caso – só foi eleito por uma parte dos votantes. Dever-se-ia sim considerar ‘presidente para todos os portugueses’… mesmo para com aqueles que nele não votaram. Mas com as atitudes do atual eleito e empossado parece que se pretende impor aos que nele não votaram, relegando para plano secundário a confiança – cívica, moral e social – dos que nele lhe deram assentimento mais tácito do que conclusivo.  

= Tem havido casos em que os responsáveis das pastas governativas se pronunciam até depois do ‘mais alto magistrado da nação’… dando a entender que há alguma sede de protagonismo do dito e designado ‘inquilino do palácio de belém’. Ora, tal antecipação não nos confere credibilidade nem independência de quem devia ser o fiel da balança e não tomando preferência por uma das partes do prato da pesagem… Se é que ainda se entende esta linguagem de equilíbrio e sensatez!

E quando tiver de não-concordar com a governança, que irá acontecer? Irá dar o dito por não dito – como aconteceu, recentemente, no caso dum decreto-lei sobre um banco – ou desdizer-se, atirando a culpas para fora do país? Quem o acessoria terá capacidade de intervenção?  

= Na sabedoria ancestral do nosso povo, diz-se: depressa e bem, há pouco quem! Entendendo que precisamos de ter nas instituições e em quem as serve alguém que merece credibilidade e bom-senso, parece-nos que não precisamos de tanto barulho e foguetório de vistas e muito menos que tenhamos de desconfiar sobre atos e factos de quem devia ser mais ponderado e criador de verdadeira confiança… Não basta pregar – dizemos no sentido de anúncio e também de crucificar – esperança, criando distrações um tanto de ilusão em desilusão… Já vimos em tempos recentes outros fautores de tais episódios e tivemos de pagar com muito custo os seus malabarismos… O presidente da república deve estar acima de tais tricas e intrigas… Será que ainda está?

Se até o tiririca ganhou pose de estado porque havemos de não acreditar na recuperação de outros?

 

António Sílvio Couto

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