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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Necessidade de um governo-sombra… alternativo



Quem ouviu certas perguntas ao escolhido substituto do ministro da cultura, ficou com a sensação de que, alguém chamado a uma tarefa governativa, poderá ter ‘as suas ideias’ que podem não estar focadas no (pretenso) programa onde se vai inserir… Se tal acontecesse, o tal ‘governo’ seria uma soma de partes que não se cosem umas com as outras… o que seria grave e perigoso… e para não mais poder considerar-se uma espécie de manta-de-trapos sem nexo nem futuro…

Por outro lado, a confeção – sobretudo no atual elenco governativo – foi resultado de múltiplas influências – internas e exteriores – e que poderão funcionar enquanto não houver fricções mais significativas. Com efeito, o ‘poder’ catalisa até os mais desavindos, desde que possam reinar por breves horas, dias ou meses… Mais vale ser ex-governante do que pretendente nunca escolhido. 

= Há, no entanto, na nossa vida política uma urgente necessidade de mudar de comportamentos e de diretrizes, que até agora têm sido mais ou menos reinantes. Bem sabemos que não é tradição na nossa ‘democracia’… embora tenha algum significado nos países do norte da Europa… Não nos servimos sequer desse – modelo nem título – dum tal programa entre o irónico e o anedótico que um canal televisivo tem vindo a servir a certas horas da noite.

Referimo-nos a um projeto que devia ser implementado – para salvaguarda do nosso futuro e dos ténues resquícios de democracia que ainda lampejam – no nosso país como alternativa a quem ocupa as cadeiras ou gabinetes do poder… muitas delas servidas mais por interesses de fação ou de corrente amordaçada pelo partido reinante do que pela competência e boas práticas de preparação para o cargo, que deve ser exercido com mérito e não como mediatização ou pagamento de favores mais ou menos recentes…

= Já lá vai o tempo em que o chefe de governo tinha de saber de tudo e de responder às mais diversas questões com a competência mínima. Nem os tais ‘cem dias’ de estado de graça podem servir para estudar – superficial e rudimentarmente – os dossiers que envolvem desde a economia até às finanças, das situações de âmbito interno até aos problemas de alcance europeu, das tricas e reivindicações de setores até aos conluios entre apaniguados e adversários… na rua ou no parlamento…

Bastará ver o descalabro visto de interferências em matéria de contas – umas arranjadas, outras alouradas e tantas outras corrigidas sem nexo nem acerto… do orçamento e afins – para além das correções às erratas sob o beneplácito do inquilino de Belém, que no seu jeito de criador de ‘bom-humor’ nacional (ou será nacionalista?) tenta evitar ser considerado obstáculo à governação… mesmo que seja, num breve mês de exercício, mais fazedor de palavras e boas intenções do que de ações…efetivas, que não pode por falta de autoridade constitucional. 

= A sugestão é simples: para cada área governativa deve haver um titular bem preparado, conhecedor das matérias – e não como alguns arranjados à pressa e sob anonimato de (bem) pensantes e ignotos executantes – marcando o ritmo e apresentando alternativas… Podem e devem ter já a sua equipa de colaboradores – futuros ou putativos secretários de estado – que os ajudarão a traduzir, na prática, o que acham ser o melhor para tal teoria… se possível e necessário, amanhã!

Temos de saber com quem contamos para conseguirmos escolher entre quem diz e faz ou quem acha que diz, propõe e tenta, mas que não sabe fazer… O país não pode continuar ao sabor das lamúrias de uns tantos, que se calam, quando os seus adeptos atingem o poder. O país não pode viver amarrado à ideologia de há quarenta anos e, entretanto, caíram muros e foram derrubadas peias de coletivismo atávico e rançoso…noutras latitudes.

Nem as loas sobre vitórias que se esboroam com as promessas em ‘economias (ditas) emergentes’ podem servir para que não tentemos uma nova forma de cuidar do nosso país…sempre atrasado no contexto europeu, mas pedinte de favores quando os governantes se mostram incompetentes e fogem na hora da verdade…embora com sinais evidentes de riqueza pessoal/familiar.      

 

António Sílvio Couto 

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