Um inquérito recente – ‘se houvesse uma guerra que
envolvesse o seu país, estaria disposto a lutar pelo seu país?’ – recebeu como
resposta afirmativa: na Europa ocidental de 25% dos inquiridos e em Portugal a
prontidão para lutar em defesa da pátria seria de 28%.
Vejamos, no entanto, respostas de outras latitudes: Médio
Oriente e Norte de África – 77%; Ásia – 71%; África – 56%; Europa de Leste –
54%; América – 48%; Oceânia – 40%.
Poder-se-á fazer a leitura de que quanto melhor for o
nível de vida (dentro de certos parâmetros culturais) e mais direitos,
liberdades e garantias são dadas aos cidadãos parece que menos estão dispostos
a lutar por eles…Nota-se ainda que fora dos esquemas europeus o conceito de
Estado-Nação continua vivo e recomendável até para a sobrevivência dos mesmos.
Não deixa de ser ainda mais sintomático que na bacia do
Mediterrâneo se encontram os extremos do empenho em lutar pela sua pátria – no
Médio Oriente e Norte de África encontramos o mais alto e, em contrapartida, o
mais baixo nível de patriotismo se situa na Europa Ocidental… com Portugal
incluído. Parece que mais uma vez o ‘mare nostrum’ divide em vez de unir!
Algumas questões (leituras, inquietações e desafios) que
poderemos colocar à nossa aparente quietude lusitana:
- Os três quartos dos portugueses não dispostos a lutar
pela pátria não sentem que vale a pena ser português? A que se deve este
desinteresse e acomodação? Que tem falhado na construção do nosso patriotismo?
- Não será que estamos muito empanturrados de coisas
materiais e que nos faltam ideais de vida e de conquista?
- Não estaremos a viver num capitalismo coletivista, que
usufrui de tudo e não luta por nada?
- Com o terminar do ‘serviço militar obrigatório’ não
deixamos os mais novos sem referência à disciplina e sem espírito de
companheirismo ou/de camaradagem? A quem foi conveniente tal decisão? Não
estaremos a pagar já muito caro tal afronta à Pátria?
- Egoísmo pessoal e
de grupo – se é
dos meus é bom, se pensa diferente é quase considerado inimigo. Uma boa parte
das pessoas nada faz desinteressadamente. Em muitos casos as pessoas são usadas
enquanto são úteis, depois tornam-se descartáveis…
- Indiferença aos
outros – com
alguma normalidade temos sido empurrados para o conceito de pessoa-objeto, por
vezes valendo mais a atenção aos animais do que aos humanos. Ora, uma sociedade
será tanto mais humana quanto mais cuidar dos frágeis e fragilizados… Mas não é
isso que vemos e tantas vezes cultivamos…
- Direitos e deveres nem sempre estão equilibrados,
pois aqueles sobrepõem-se a estes e fazem com que os (ditos) ‘direitos
adquiridos’ se tornem conquistas irreversíveis, mas em que tantas delas foram
resultado de manipulações e de lutas de classe nem sempre corretas e sensatas…
ontem como hoje.
- Liberdade e
responsabilidade têm de ser dois pesos equilibrados, pois uma sem a outra revertem em
ditadura senão conseguida ao menos na forma tentada… Nem tudo me é permitido
fazer livremente, pois a minha liberdade poderá colidir com a dos outros e eles
tem o mesmo direito de a usufruir como eu. Pela responsabilidade se mede a
maturidade duma pessoa ou dum povo… e, pelo que temos visto e ouvido, ainda há
muita gente imatura a governar – ou pelo menos em lugares de governo – neste
país e nesta Europa ocidental.
António Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)
Creio que muitos Europeus não lutariam pelo seu país porque já evoluiram civilizacionalmente o suficiente para chegarem à conclusão que a gerra não é a solução e porque despresam todas as acções que levem à morte de outros seres humanos. Que bom seria um mundo em que ninguém estivesse desposto a ir para a guerra.
ResponderEliminar"Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people living life in peace "