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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Igreja – comunidade – cada fiel


Na mensagem para a Quaresma deste ano, o Papa Francisco aborda a temática da globalização da indiferença… enquanto desafio de caminhada em três dimensões tão próprias da essência do cristianismo, particularmente na manifestação do catolicismo: a Igreja, as paróquias/comunidades e cada um dos fiéis.

Desde logo este tríptico de abordagem tem uma incidência trinitária e faz, na perspetiva prática, com que vivamos centrados naquilo que pode e deve manifestar a dinâmica de conversão tão específica do tempo quaresmal.

Subordinada ao tema – ‘Fortalecei os vossos corações’ – respigamos alguns aspetos da mensagem papal e deixamos breves questões.

1. «A Igreja é communio sanctorum, não só porque, nela, tomam parte os santos mas também porque é comunhão de coisas santas: o amor de Deus, que nos foi revelado em Cristo e todos os seus dons; e, entre estes há que incluir também a resposta de quantos se deixam alcançar por tal amor».

Nesta citação da mensagem do Papa podemos ver a força de comunhão que é a Igreja e como, através dela, se deve manifestar a exigência da comunhão entre todos os membros desta Igreja ‘santa dos pecadores’. Neste corpo que é a Igreja não pode ter lugar ‘a tal indiferença que, com tanta frequência, parece apoderar-se dos nossos corações’.

- Não será que, muitas vezes, na Igreja vivemos uma atroz indiferença para com aqueles que celebram connosco a mesma fé e, particularmente, a eucaristia?

- Não precisaremos de desenvolver novos métodos de acolhimento – desde os serviços até às celebrações – por forma a deixarmos de ser anónimos entre a multidão?

- Não será preciso cuidar mais dos gestos de fraternidade do que andarmos a entreter-nos em campanhas de solidariedade?

2. «Cada comunidade cristã é chamada a atravessar o limiar que a põe em relação com a sociedade circundante, com os pobres e com os incrédulos. A Igreja é, por natureza missionária, não fechada em si mesma, mas enviada a todos os homens (…). Como desejo que os lugares onde a Igreja se manifesta, particularmente as nossas paróquias e as nossas comunidades, se tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença».

Esta nova etapa de reflexão papal obriga-nos a bater no próprio peito, reconhecendo mais os nossos erros do que apontando as faltas alheias. Precisamos de ultrapassar aquilo que o Papa designa de ‘fronteiras da Igreja visível’, unindo à Igreja do Céu na oração e pelo paciente testemunho de que Deus não condena ninguém e nós não o devemos fazer tão pouco.

- Queremos, nesta Quaresma, deixar vencer, em nós mesmos, ‘a indiferença, a dureza do coração e o ódio, graças à morte e ressurreição de Jesus’?

- Como poderemos manifestar a vitória da paz e da reconciliação, feita vivência e sacramento de vida?

3. «Também como indivíduos temos a tentação da indiferença. Estamos saturados de notícias e de imagens impressionantes que nos relatam o sofrimento humano, sentindo ao mesmo tempo toda a incapacidade de intervir. Que fazer para não nos deixarmos absorver por esta espiral de terror e impotência?»

Diante desta pergunta, o Papa Francisco responde com três indicações:

- através da oração, concretamente com a jornada de oração de 13 e 14 de março…na diocese de Setúbal vamos viver, em cada vigararia, as ’40 horas de adoração ao SS.mo Sacramento’… para muitos será uma novidade, que esperamos seja importante na caminhada celebrativa dos quarenta anos de Diocese;

- com gestos de caridade, tanto para quem vive perto de nós como mais ao longe;

- pela comunhão no sofrimento do próximo, vivendo-o como apelo à conversão, ‘porque a necessidade do irmão recorda-me a fragilidade da minha vida, a minha dependência de Deus e dos irmãos’.

Boa caminhada de Quaresma de coração aberto a Deus e aos outros e reconciliados em Igreja!

 

António Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)

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