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segunda-feira, 23 de junho de 2014

Modelo (de moda) torna-se freira!


Foi notícia por estes dias – e temos de aproveitar a vaga de exposição, pois bem depressa sai do rol de importância no leque de coisas que se dizem e sobrepõem noticiosamente – uma modelo e atriz galega – de seu nome Ollala Oliveros, de 36 anos – decidiu deixar as sessões fotográficas e as filmagens para se juntar à Ordem de São Miguel… Segundo parece tudo terá começado depois de uma visita ao santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal.

Seriam dignos de registo os comentários a esta notícia, não tivessem os ditos comentadores uma razoável espécie de brejeirices e outras tantas observações de natureza preconceituosa e eivada de teias de ignorância… em tantos e tão diversos intervenientes.
 

De fato teremos de perguntar que leva alguém – particularmente mais ou menos bem sucedido/a – a deixar essa fama para se entregar a Jesus? Porque será que outros se interrogam e não fazem o mesmo? Por onde andará o coração e a vida de tanta gente, que, um dia, descobre Jesus e deixa tudo por Ele? Não será que gestos como o desta modelo valem por milhentas pregações e ações de promoção vocacional? Como foi interpelante a presença daqueloutra freira italiana, que venceu um concurso musical… fazendo com que todos rezassem na televisão o ‘Pai nosso’!

 
Desculpem-me a ousadia, mas coloco três pequenos aspetos, que reputo de essenciais, para uma nova e renovada vivência da fé católica: conhecer Jesus, descobrir o Espírito Santo e viver a comunidade.

= Conhecer Jesus – De verdade temos muitos batizados não evangelizados e que até andam pelos espaços das nossas igrejas e capelas (estas no sentido físico e metafórico), mas que mais parece só terem uma espécie de verniz religioso, que bem depressa estala à mais pequena contrariedade ou não consonância com os seus interesses… nem sempre claros e sérios.

Quantas vezes se situam os conhecimentos de Jesus nos rudimentos de uma primeira comunhão (quase) social, onde os fatos (roupa) foram mais importantes do que o encontro com Jesus… segundo a sua idade, mas a desenvolver ao longo de toda a vida. Quantas vezes não se desenvolve um conhecimento amadurecido de Jesus, mas antes se fixa num certo ritualismo e numa fé popularizada… à espera ainda de uma oportunidade de enraizamento na Palavra de Deus.


= Descobrir o Espírito Santo – Urge fazer a experiência da presença do Espírito Santo na vida das pessoas e das comunidades (tendo estas muitas versões, possibilidades e interpretações), por forma a que se compreenda o sentido de muitas coisas e até da própria Igreja. A tal ‘primavera da Igreja’ desejada pelo Papa S. João XXIII já terá chegado? Não será que temos medo de que o Espírito Santo entre na nossa vida e nos faça converter, de verdade? Não será que o Espírito Santo precisa de arrumar à sua maneira aquilo que nós pensamos ser a nossa forma de O manipular… pastoralmente?


= Viver a comunidade – Quem vir os muçulmanos posicionarem-se para a oração, vê-os a construir a assembleia da frente para trás, como se fossem um exército em combate. Pelo contrário, na maior parte das nossas assembleias católicas dá-se outro fenómeno: as pessoas colocam-se de trás para a frente, deixando, na maior parte dos casos, largos fossos uns entre os outros… ou, sei lá, uns contra os outros! Embora a fé cristã seja fortemente de dimensão comunitária, a vivência da maioria dos cristãos/católicos denota um razoável egoísmo, senão mesmo individualismo exacerbado.  


O exemplo daquela jovem modelo poderá e deverá servir-nos de testemunho – encontro com Deus e edificação dos outros – para sermos, neste tempo e cada um no lugar onde estiver, o sinal de Jesus na força do Espírito Santo, fazendo comunidade de irmãos na fé e pela cidadania.

 

 António Sílvio Couto

4 comentários:

  1. Concordo consigo, Sr. Padre. Gostaria de partilhar um vídeo de Chamada à Oração, pela penitência, oração e jejum:

    https://www.youtube.com/watch?v=geUUTmzV_Qg

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    1. Também gostei . E também é preciso a evangelização dos crismados para passar a fé para novas gerações.
      A intolerância religiosa também existe dentro das casas familiares. . .
      Continua com o seu bom trabalho mas sempre pelo bem e com a cultura da razão para entrar no coração através da palavra de Jesus.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Este comentário foi removido pelo autor.

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