Foi
notícia por estes dias – e temos de aproveitar a vaga de exposição, pois bem
depressa sai do rol de importância no leque de coisas que se dizem e sobrepõem
noticiosamente – uma modelo e atriz galega – de seu nome Ollala Oliveros, de 36
anos – decidiu deixar as sessões fotográficas e as filmagens para se juntar à
Ordem de São Miguel… Segundo parece tudo terá começado depois de uma visita ao
santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal.
Seriam
dignos de registo os comentários a esta notícia, não tivessem os ditos
comentadores uma razoável espécie de brejeirices e outras tantas observações de
natureza preconceituosa e eivada de teias de ignorância… em tantos e tão
diversos intervenientes.
De fato
teremos de perguntar que leva alguém – particularmente mais ou menos bem
sucedido/a – a deixar essa fama para se entregar a Jesus? Porque será que
outros se interrogam e não fazem o mesmo? Por onde andará o coração e a vida de
tanta gente, que, um dia, descobre Jesus e deixa tudo por Ele? Não será que
gestos como o desta modelo valem por milhentas pregações e ações de promoção
vocacional? Como foi interpelante a presença daqueloutra freira italiana, que
venceu um concurso musical… fazendo com que todos rezassem na televisão o ‘Pai
nosso’!
Desculpem-me
a ousadia, mas coloco três pequenos aspetos, que reputo de essenciais, para uma
nova e renovada vivência da fé católica: conhecer Jesus, descobrir o Espírito
Santo e viver a comunidade.
= Conhecer Jesus – De verdade temos muitos
batizados não evangelizados e que até andam pelos espaços das nossas igrejas e
capelas (estas no sentido físico e metafórico), mas que mais parece só terem
uma espécie de verniz religioso, que bem depressa estala à mais pequena
contrariedade ou não consonância com os seus interesses… nem sempre claros e
sérios.
Quantas
vezes se situam os conhecimentos de Jesus nos rudimentos de uma primeira
comunhão (quase) social, onde os fatos (roupa) foram mais importantes do que o
encontro com Jesus… segundo a sua idade, mas a desenvolver ao longo de toda a
vida. Quantas vezes não se desenvolve um conhecimento amadurecido de Jesus, mas
antes se fixa num certo ritualismo e numa fé popularizada… à espera ainda de
uma oportunidade de enraizamento na Palavra de Deus.
= Descobrir o Espírito Santo – Urge fazer a experiência da
presença do Espírito Santo na vida das pessoas e das comunidades (tendo estas
muitas versões, possibilidades e interpretações), por forma a que se compreenda
o sentido de muitas coisas e até da própria Igreja. A tal ‘primavera da Igreja’
desejada pelo Papa S. João XXIII já terá chegado? Não será que temos medo de
que o Espírito Santo entre na nossa vida e nos faça converter, de verdade? Não
será que o Espírito Santo precisa de arrumar à sua maneira aquilo que nós
pensamos ser a nossa forma de O manipular… pastoralmente?
= Viver a comunidade – Quem vir os muçulmanos
posicionarem-se para a oração, vê-os a construir a assembleia da frente para
trás, como se fossem um exército em combate. Pelo contrário, na maior parte das
nossas assembleias católicas dá-se outro fenómeno: as pessoas colocam-se de
trás para a frente, deixando, na maior parte dos casos, largos fossos uns entre
os outros… ou, sei lá, uns contra os outros! Embora a fé cristã seja fortemente
de dimensão comunitária, a vivência da maioria dos cristãos/católicos denota um
razoável egoísmo, senão mesmo individualismo exacerbado.
O
exemplo daquela jovem modelo poderá e deverá servir-nos de testemunho –
encontro com Deus e edificação dos outros – para sermos, neste tempo e cada um
no lugar onde estiver, o sinal de Jesus na força do Espírito Santo, fazendo
comunidade de irmãos na fé e pela cidadania.
António Sílvio Couto
Concordo consigo, Sr. Padre. Gostaria de partilhar um vídeo de Chamada à Oração, pela penitência, oração e jejum:
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=geUUTmzV_Qg
Também gostei . E também é preciso a evangelização dos crismados para passar a fé para novas gerações.
EliminarA intolerância religiosa também existe dentro das casas familiares. . .
Continua com o seu bom trabalho mas sempre pelo bem e com a cultura da razão para entrar no coração através da palavra de Jesus.
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