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terça-feira, 17 de junho de 2014

Deus te dê o dobro daquilo que me desejas!


Estava exposta, em tempos não muito recuados, nalgumas casas comerciais, em mercearias ou em tabernas e noutros locais públicos esta frase: ‘Deus te dê o dobro daquilo que me desejas’!

Muito embora possa parecer uma provocação, esta frase tem algo de muito justo, criando com tal justiça consequências para com deseja seja o que for para outrem. Sabemos, no entanto, que – dadas as circunstâncias e atendendo aos clientes – esta frase pode ainda conter algo que levará o que deseja a ter cuidado com aquilo que possa desejar, sobretudo se for algo de mal… caindo-lhe nos resultados o que deseja a quem malquer.

Façamos breves exercícios para que aquela frase possa servir de mote e de guia de conduta para outros… onde muitos mais se podem incluir em avaliação:

- Estamos, por estes dias, a viver sob a ocorrência do mundial de futebol: se desejamos a derrota dos adversários ela pode reverter-se sobre o desempenho daqueles com quem simpatizamos ou apoiamos…

- Na competição partidária, se os concorrentes – mesmo dentro do mesmo espaço – não se sabem respeitar na exposição das ideias, como poderão ser aceites se maldizem tudo e todos… e talvez até a própria sombra!

- No contexto familiar, se todos e cada um dos membros da família não se apoiarem e não tecerem laços de comunhão – muito para além das meras relações de sangue – será difícil de sobreviver, de conviver e mesmo de manter-se ligado por muito mais tempo…

- Nas relações laborais, onde a confiança e o bom desempenho nem sempre norteiam quem trabalha (ser empresário também é trabalho!), seria como que viver em estado de guerrilha, se se tornassem viciadas as formas de ser e de estar… tentando subtrair o que poderia (e deveria) acontecer em multiplicar…pelo bom entendimento e salutar participação!

- Na vida social (económica/financeira, cultural/educacional, privada/pública…) vemos proliferarem imensos casos de alguma negligência e/ou de intolerância, criando razoáveis franjas de periferia, por onde tem de passar a compreensão da solidariedade, da benevolência e mesmo da correta presença em cuidado de uns pelos outros, deixando que caiam as máscaras do desprezo e nos olhemos com humanismo…

- Nos espaços eclesiais, tendo em conta a diversidade de entendimentos e (sabe-se lá) de pretensões, como será complexo tentar explorar a divisão, se crescer a desconfiança… com facilidade ruirá seja o que for, se os participantes não forem sinceros, leais e minimamente humildes…

= Se todos soubéssemos desejar e dar aos outros o dobro daquilo que pretendemos para nós, seríamos capazes de construir uma sociedade mais justa e fraterna, mais acolhedora e de paz, colocando mais os outros no centro do nosso trato e menos a nós mesmos, que, de tantas e tão variadas formas, nos arrogamos de imprescindíveis para a adulação, mas, em tantos outros momentos somos negligentes na correta ação em favor dos mais desfavorecidos tanto de pão como de carinho e mesmo de um gesto simples de atenção…

= Porque acreditamos que a fé cristã tem capacidade de se fazer presente e solidária – muitas vezes suprindo o que ao Estado é obrigação – fazemo-nos eco dum espetáculo do Coral Luísa Todi – intitulado: ‘fado em coro’ – que se realizou, na Praça de Touros, na Moita, no dia 14 de junho p.p. e que conseguiu recolher donativos para que algumas ações da caridade da paróquia possam continuar a sua missão… Que Deus dê a quem se disponibilizou a estar, o dobro daquilo, que deram ou quiseram partilhar! 

 
António Sílvio Couto

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