«A
alegria do Evangelho enche o coração e toda a vida dos que se encontram com
Jesus. Aqueles que se deixam salvar por Ele são libertos do pecado, da tristeza
do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo nasce e renasce a alegria
todos os dias. Nesta exortação [Evangelii
gaudium] quero dirigir-me a todos os fiéis cristãos, convidando-os a uma
nova etapa evangelizadora marcada por esta alegria e indicando caminhos da
peregrinação da Igreja nos próximos anos».
É
assim que se inicia a exortação apostólica A
alegria do Evangelho, do Papa Francisco, publicada no passado dia de Cristo
Rei, 24 de novembro, data de encerramento do ‘Ano da fé’.
Procurando
lançar novas pistas para o anúncio do Evangelho no mundo atual, o Papa analisa,
em quase trezentos números, divididos por cinco capítulos: a transformação
missionária da Igreja; na crise do compromisso comunitário; o anúncio do
Evangelho; a dimensão social da evangelização; evangelizadores com Espírito…
Se bem
que tenhamos de ler, refletir, rezar e meditar este primeiro texto
exclusivamente do magistério do Papa Francisco, queremos, nas atuais
circunstâncias do nosso país colocar breves e urgentes considerações e
questionamentos sobre a nossa identidade coletiva.
= A quem interessa incendiar o nosso
povo?
Temos
visto e ouvido pessoas – acreditávamos que eram gente de bem, mas pelo que
fazem e dizem não o serão! – a tentar incendiar os (des)ânimos do nosso povo,
criando quadros de guerrilha, lançando bocas desmioladas, com posições
intempestivas e apelando à revolta (quase) anarquista… a curto e médio prazo.
Desculpando
uma vivência pessoal recente: como se pode acreditar que há boa-fé em certas
manifestações, quando vemos horas a fio trabalhadores autárquicos a vociferam
contra tudo e contra todos – até atingindo, inclusive, os seus patrões eleitos
– apelidando-os desde cobardes até ladrões, de corruptos, passando por
incompetentes, apupando-os e ofendendo a dignidade pessoal, familiar e
moral…Tudo isto aconteceu em tempo de trabalho, à porta de iniciativas de
bem-fazer e atingindo quem nada tem a ver com tal espetáculo…
De
fato, o povo anda azedo, os rostos das pessoas transmitem agressividade, as
faces andam fechadas e os comportamentos, no mínimo, parecem esquisitos.
A
dimensão assaz materialista de muitas pessoas deixa transparecer que o dinheiro
não satisfaz e que a teoria da qualidade de vida alicerçada na experiência dos (meros)
prazeres materiais pode dar gosto, mas não preenche a pessoa no seu mais elevado
ideal humano, psicológico e espiritual.
Aos
fomentadores da religião do consumismo estão a faltar (já) os tentáculos do
engano com que foram iludindo os mais incautos e a fomentação da
horizontalidade egoísta abre brechas nas muralhas da cultura ‘faz-de-conta’… É
perigoso seduzir e depois não ser capaz de alimentar a provocação!
Dizia
alguém com propriedade que a crise que temos estado a viver era uma
oportunidade – que podia ser aproveitada ou desperdiçada! – para fazer refletir
sobre o essencial da nossa condição terrena, podendo a proposta cristã
responder ou não – melhor ou pior – com a audácia da pobreza evangélica… Esta
será sempre um valor e não uma mera resignação e, muito menos, um convite à
preguiça e à subsidiodependência.
Ora o
que temos visto, nos tempos mais recentes, no nosso país, é uma tendência para
nos irmos dependurando no ‘Estado-providência’, reclamando e pouco
participando, exigindo e pouco trabalhando, confrontando e muito pouco
servindo… E nem os clichés de ‘Estado social’, de ‘direitos adquiridos’ e muito
menos a irreversibilidade das conquistas – laborais, de grupo ou mesmo de teor
sindical – podem ofuscar a nossa responsabilidade na construção do bem comum e
não – como é habitual – na submissão deste aos interesses particulares e quase
neo-coletivistas… do século passado.
Está
na hora de acordar deste marasmo hipocondríaco para onde nos têm atirado alguns
dos mentores da facilitação. As vitórias não valem só quando os nossos adeptos
vingam, pois a vingança é corrosiva, já!
António Sílvio Couto
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