A caminhada do Advento
prepara-nos – ao nível pessoal, mas também familiar e mesmo eclesial – para
celebrar o Natal, de Jesus, que é o celebrado em cada Natal... e não só as
outras ocupações nem tão pouco a família, embora esta possa ajudar-nos a viver
melhor o Natal.
Porque somos muitas vezes
assediados com tantas solicitações a preenchermos a nossa vida com coisas e com
isso nos satisfazermos na celebração do Natal, vimos propor, neste Advento um
itinerário de aprendizagem para que Jesus possa ter espaço, lugar ou
oportunidade neste Natal de 2013.
Se bem nos recordamos, na
narrativa do evangelho de São Lucas, diz-se: «e teve o seu filho
primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver
lugar para eles na hospedaria» (Lc 2,7). Há dúvidas sobre a tradução de
‘hospedaria’, pois seria antes uma sala, um lugar de repouso ou até uma casa...e,
só mais tarde, ganhou a referência a uma gruta ou espaço de recolha de
animais...pela alusão à manjedoura, o lugar onde os animais comiam!
Tentemos, então, refletir sobre o
significado da casa -- morada, família ou pessoa -- onde Jesus deve (re)nascer,
neste Natal.
* A porta
Na 1.ª semana deste Advento meditemos
sobre o significado da porta: por ela entramos, por ela passamos; nela damos
início a um tempo de proximidade e espaço de partilha entre pessoas; com ela
podemos entender Jesus, a porta, pelo Qual estabelecemos oportunidade de
diálogo… com Deus e uns com os outros
Para entrarmos ou passarmos a
porta precisamos de algo que revista e envolva os nossos pés, isto é, o calçado.
Aquilo que calçamos pode servir de partilha para tantos outros que não têm o
mínimo e suficiente. Poderíamos proporcionar, neste Natal, algo mais quente a
quem precisa, partilhando com os outros não aqueles sapatos ou outro calçado
que já não queremos (porque estão fora de moda ou gastos e velhos), mas aquilo
que pode ser útil e benfazejo para quem precise! E, por que não, pormos de
parte uma certa quantia em dinheiro que possa servir para que outros tenham uns
sapatos novos neste Natal! Seria uma prenda diferente para os outros e não para
nós!...
* A janela
Na 2.ª semana do Advento deste ano
temos uma janela de grande alcance: Nossa Senhora de Quem celebramos, no dia 8
de dezembro, a sua Imaculada Conceição. Ela é a nossa janela de graça através
da Qual podemos ver Deus e pela qual somos vistos por Deus na sempre Virgem e
Mãe, Maria.
Tal como se diz na tradição
católica, Maria é como que a vidraça por onde a Luz de Deus passou sem ser
quebrada na sua integridade física, psicológica e moral.
Numa atitude de partilha
poderemos dar lâmpadas, toalhas e até cobertores…para que outros tenham mais
aconchego em sua casa, colocando a nossa fraternidade em ato de co-dividir com
quem possa precisar mais do que nós...a começar pelos nossos vizinhos e até familiares.
* A mesa
Na 3.ª semana da caminhada do
Advento pomos a mesa na nossa casa para que possa haver refeição, convívio,
comida e bebida, conversa...onde se faz presença e geram momentos de vivência
mesmo de fé. Estar à mesa com alguém é muito mais do que comer com --
‘companheiro’ -- pois deve ser partilha com…
Ora para cozinhar os alimentos e
ingeri-los precisamos de utensílios: panelas e tachos, colheres e garfos,
pratos e copos... Talvez possamos gerar um ambiente de partilha destes artefactos
com os quais podemos fazer da mesa esse lugar onde nos conhecemos e nos damos a
conhecer... tal como fez João Baptista na sua vida e na sua missão.
* O espelho
Já próximos do Natal, no último
domingo de Advento, poderemos apresentar o espelho como esse objeto diante do
qual nos adornamos, pretendendo conhecer-nos melhor e darmos a revelar aos
outros.
Digamos
que na configuração da nossa casa, o espelho nos faz entrar nesse recanto mais
íntimo da nossa identidade: aí nos permitimos ser sem disfarce e apresentar sem
rótulos...fazendo o mesmo para com os outros e vendo também assim os demais... Aqui poderíamos incluir a partilha de alimentos ou de brinquedos na
proximidade ao dia de Natal!
António Sílvio Couto
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