Estimados
irmãos,
Depois
da mais recente exortação apostólica do Papa Francisco, A alegria do evangelho e perante a generalidade da nossa figura –
visual, simbólica e humana – senti-me impulsionado a partilhar convosco algo
que – progressiva, amadurecida e preocupantemente – me tem vindo a inquietar.
Para
quem não me conheça, apresento-me: tenho quase cinquenta e cinco anos de idade
e mais de trinta de ordenação sacerdotal; nasci na região do Minho, mas estou
há mais de dezasseis anos em atividade pastoral na região de Setúbal; tenho uma
certa tendência para escrever e, talvez, um hábito de pensar por escrito; gosto
muito, no exercício, do ministério sacerdotal, da dimensão eucarística, numa
dinâmica pneumatológica; encontrou-me numa descoberta da dimensão mariana…pessoal
e eclesialmente.
Ora, no
passado dia de Cristo Rei, participei no encerramento do ‘Ano da fé’, na
diocese de Setúbal, que decorreu em Almada. Reparei que a maioria – senão mesmo
a totalidade – dos rostos dos (nossos) padres denotavam alguma tristeza… talvez
ansiedade, inquietação… e, sei lá: desânimo!
Diz o
nosso povo, na sua sábia e acrisolada sabedoria, algo que aqui se pode citar:
‘o mal e o bem ao rosto vem!’ Ora, se aquilo que se vê é triste, como não será
de tristeza a nossa difusão disso, mesmo a um tempo que se manifesta cada vez
mais entristecido…
- Sabem,
tão bem ou melhor do que eu, que os problemas das pessoas se repercutem em nós.
As dificuldades das pessoas deixam marcas em nós. As dores dos nossos irmãos e
irmãs deixam-nos em comunhão com os seus sofrimentos…por mais ou menos tempo!
- Nós
falamos de ressurreição, mas nem sempre da forma mais alegre e entusiasmada.
Nós falamos de esperança, mas parece que ela não nos envolve de verdade. Nós difundimos
o amor – sobretudo na vertente mais divina e divinizante da caridade – e das
suas manifestações, mas talvez nem sempre o testemunhemos afetiva e
efetivamente…
- É
certo que, por vezes, não temos a devida ressonância das nossas propostas nem
das que a diocese nos coloca. Talvez os que nos acompanham e com quem
caminhamos, sobretudo, nas paróquias não se empenham nem se comprometem como
gostaríamos. De fato, esbarramos com alguma indiferença, apatia e desinteresse.
Por vezes podemos ser tentados a nivelar as propostas pelo menor denominador
comum, gerindo uma pregação light ou até propondo uma religião amolecida…
- Deixo,
por isso, em jeito de propostas breves achegas para o tempo do Advento:
* Se o
nascimento de Jesus é mensagem de alegria, temos de celebrá-lo com novo
entusiasmo. Podemos não converter muitos, mas que consigamos pelo menos um novo
cristão mais consciente e alegre.
* Se a
celebração do Natal gera fraternidade, tentemos fraternizar o nosso ambiente, a
começar pelos nossos vizinhos e familiares.
* Se não
podemos recristianizar o Natal, tentemos ter dois ou três gestos que possam
levar Jesus à vida daqueles que nos foram confiados pela Igreja como campo de
evangelização e de missão.
Com
estima e amizade,
António Sílvio Couto
Muito Bem!
ResponderEliminar