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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Que desafios decorrentes do ‘Ano da fé’?


O «Ano da fé», que decorreu na Igreja católica, desde 11 de Outubro do ano passado e até 24 de novembro deste ano, foi um incomparável momento de graça, tanto para a Igreja como para o mundo. Com efeito, a Igreja tem vivido nos tempos mais recentes vários anos especiais de índole geral e mais específico: sacerdotal, paulino, eucarístico...
- E agora? - podemos perguntar: Que fé vamos viver e celebrar? Como podemos e devemos testemunhar, hoje, a nossa fé? Que sinais deve a minha fé emitir de autêntica conversão a Deus e aos outros?

À luz das propostas da Igreja universal como as das mais diferentes dioceses para este novo ano pastoral como que poderemos encontrar alguns aspetos em ordem a concretizar pequenos desafios de ordem eclesial, familiar e pessoal.
* Ao nível eclesial precisamos de recuperar a dinâmica comunitária, desde a descoberta da força da comunidade até à fé celebrada em comunidade. É diferente rezar só e com os outros. Será que nós acreditamos, de verdade, naquele desafio de Jesus: ‘onde dois ou três se reunirem em Meu nome, Eu estou no meio deles’?
Precisamos de unir as nossas forças comunitárias e o Senhor fará, hoje, na Sua Igreja os mesmos milagres do início do cristianismo. Porque será que, das nossas eucaristias, não saímos mais curados e fortalecidos? Porque, na maior parte das vezes, estamos divididos uns contra os outros!...em concorrência

Precisamos de vivermos mais voltados para os outros do que para os nossos ‘importantes’ interesses, mesmo que nos pareçam únicos e quase imprescindíveis. Quantas vezes a nossa fé celebrada seria mais eficiente se fosse mais simples e em comunhão pelas mãos uns dos outros. Se as nossas assembleias estivessem em maior sintonia, poderíamos ser testemunhas dos sinais do poder de Jesus, hoje como ontem.

Precisamos de criar sinergias entre todos os participantes nas coisas de fé, deixando cair as barreiras da indiferença, da mera simpatia para sermos todos e mais crentes celebrantes dos mistérios de Deus como fiéis, seja qual for o grau de vocação ou de ministério. Talvez devêssemos modificar a configuração dos nossos espaços celebrativos, deixando a assembleia/igreja funil para ser mais circular e concêntrica no essencial e não numa certa exaltação da dimensão piramidal com que ainda nos entretemos. Bastará reparar na forma como rezam os muçulmanos e muita coisa seria, em nós, diferente, por fora e, sobretudo, por dentro!

* Na dimensão familiar temos de criar ambiente de fé e de comunhão pela partilha e o perdão. Se as nossas famílias vivessem e rezassem unidas seriam, certamente, escolas de paz, de vida e de solidariedade. Com efeito, da conversão das famílias nascerá um mundo diferente e mais humano...mesmo politicamente.

Não basta dizer – mesmo no discurso da Igreja católica – que a família é essencial para a fé, se continuarmos a privilegiar propostas pastorais dissecadas, isto é, onde crianças e adolescentes estão longe dos velhos, onde os jovens desconheçam a problemática dos adultos, onde os setores profissionais como que se entrincheiram no dizer e no fazer, onde – como sói dizer-se – estamos reunidos, mas não estamos unidos!

Não basta considerar a família ‘igreja doméstica’ – como diz o Concílio Vaticano II – e depois não criámos condições, sobretudo pela vivência dos tempos litúrgicos mais importantes (Advento/Natal, Quaresma/Páscoa) dessa caminhada em família, na família e pela família… mais ou menos pequena ou alargada.

* Na vivência pessoal, a fé revela-se pelo contínuo processo de conversão a Deus e aos outros: a Deus pela aferição da vida à Palavra de Deus, aos outros pelo exercício da humildade na caridade. Quantas vezes parece que vemos mais o argueiro no olho do outros do que a trave que está no nosso! Será pela exigência connosco mesmos – muito mais do que para com os outros – que a nossa fé se irá tornar mais esclarecida, amadurecida e adulta, tanto na profundidade como no compromisso para com Deus e com os outros em Igreja. De facto, o mundo mudará quando cada um de nós se converter a Jesus por Maria, Nossa Senhora!

 

António Sílvio Couto

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