Agora, que iniciámos
um novo ano civil, talvez seja, no mínimo, de nos aferirmos às realidades, de
nos adaptarmos às pessoas e de nos conferirmos com os objectivos mais ou menos
congruentes com a nossa vivência pessoal, familiar, social, política, económica
e psicológica.
Desde já uma nota:
retomaremos a escrever com a grafia de antes do (pretenso) acordo ortográfico,
pois, se o Brasil só lhe confere validade, em 2016, porque havemos de reduzir a
nossa expressão escrita à maneira deles, se eles (os brasileiros) nos consideram
sem valor de igual respeito!
= Sacrifícios não explicados... valerão a pena?
«São muitos, e cada vez mais, os que se interrogam sobre
a razão dos sacrifícios que lhes são exigidos e se esses sacrifícios serão
realmente necessários e úteis. Os cidadãos anseiam saber se vale a pena o
esforço que estão a fazer e se, no final, o País chegará a bom porto».
Este breve excerto da mensagem de ano novo do Presidente
de República portuguesa como que foi entendido na linha de correcção deste ao
governo perante as (mais) graves medidas preconizadas para este ano de 2013.
Com efeito, temos de concordar que, quem nos governa, não tem sabido explicar
aos governados todas as implicações dos sacrifícios exigidos... nem sequer a
discrepâncias para com os reformados mais ‘ricos’, obrigando-os a serem taxados
de forma um tanto dura e desigual!
Para além das tricas politiqueiras com que certas forças
partidárias e seus apaniguados nos têm tentado entreter, vemos com preocupação
que nem sempre quem nos governa se mostra adequadamente preparado para exercer
os cargos que lhes foram confiados. Tem havido atitudes de responsáves – tanto
no governo como nas oposições – de quem ninguém conhece outra ‘profissão’ do
que a verborreia do mando, ora contra, ora a favor e quase sempre aspirando a
mandar mesmo que sem as qualidades mínimas – humanas, culturais, intelectuais,
cívicas, morais e até psicológicas – exigidas... Não basta fazer carreira sob a
alçada de algum padrinho influente nem sequer percorrer as etapas do
carreirismo, pois, quando se é elevado, logo se percebe o (des)valor!
Temos, entretanto, visto e ouvido que as forças
ideológicas valem mais do que as ditas partidárias, sendo que algumas delas são
transversais aos vários elencos partidários. Não deixa, no entanto, de ser
preocupante que alguns se achem mais patriotas pelo facto de recusarem a União
Europeia, apesar de usufruirem dos benefícios que ela lhes tem trazido e até
concorram a cargos de representatividade no Parlamento europeu – seria lógico
que não se candidatassem e que recusassem os proventos que auferem pagos pelos
inimigos capitalistas! – muito embora perdessem o palco para a contestação e um
certo enriquecimento social!
De facto, a coerência não é virtude que esteja em boa
cotação pelas esferas públicas e políticas deste nosso país. Precisamos de
verdade e de sentido de responsabilidade, deixando a quem for mais capaz a
possibilidade de servir e não de se servir... dos lugares de governo, seja qual
for a instância do seu exercício.
= Cultura do bem
comum: facturas, sim ou não?
No passado mês de
Agosto, foram publicados em Diário da República os Decretos de Lei n.º 197/2012 e n.º 198/2012, que apresentam alterações substanciais ao nível das
regras de facturação, com aplicação já a partir de 1 de Janeiro de 2013.
Entre as principais alterações, destaca-se: passa a ser obrigatória a emissão de facturas para todas as entidades, independentemente do valor de emissão; são eliminados todos os tipos de documentos "equivalentes à factura" (tais como vendas a dinheiro, talões de venda, etc.); passa a ser obrigatória a comunicação de todos os documentos de facturação emitidos à Autoridade Tributária (AT), até ao dia 8 do mês seguinte à emissão do documento; os sujeitos passivos são obrigados a comunicar à AT os elementos dos documentos de transporte processados, antes do seu início; a comunicação efectuada à AT pode ser automática, através de um webservice.
Entre as principais alterações, destaca-se: passa a ser obrigatória a emissão de facturas para todas as entidades, independentemente do valor de emissão; são eliminados todos os tipos de documentos "equivalentes à factura" (tais como vendas a dinheiro, talões de venda, etc.); passa a ser obrigatória a comunicação de todos os documentos de facturação emitidos à Autoridade Tributária (AT), até ao dia 8 do mês seguinte à emissão do documento; os sujeitos passivos são obrigados a comunicar à AT os elementos dos documentos de transporte processados, antes do seu início; a comunicação efectuada à AT pode ser automática, através de um webservice.
- Na factura deve
constar: data, número sequencial, nome ou denominação social e número de
identificação fiscal do fornecedor dos serviços prestados, quantidade e
denominação social dos bens transmitidos ou serviços prestados, preço líquido
de imposto, as taxas aplicáveis e o montante do imposto devido ou o preço com a
inclusão do imposto e taxas aplicáveis, NIF do adquirente ou destinatário,
identificação e domicílio do adquirente ou destinatário, data em que os bens
foram colocados à disposição do adquirente ou que os serviços foram realizados,
se diferente da data da factura, motivo de isenção do Iva, quando aplicável.
Desde as primeiras
horas deste ano que vemos uma certa aversão a esta medida, pois nem todos estão
– consciente ou inconscientemente – preparados para fazer deste comportamento
uma atitude cívica e económica normal. Quando ouvimos dizer que, um quarto da
economia portuguesa, é paralela de fuga ao fisco, como poderemos sair do
atoleiro em que nos fomos enterrando? Para quando criarmos uma consciência
cívica que deseje participar no bem comum e em que abandonemos essa propensão –
quase congénita – de fuga aos deveres?
De facto, a
lealdade, infelizmente, não tem grandes cultivadores neste nosso país. Nunca
tivemos – como na maior parte da Europa – de unir forças para recuperarmos da
desgraça comum! Temos, urgentemente, de viver numa cultura de combate à mentira
e à aldrabice, sem vivermos acima das nossas possibilidades... reais e
assumidas.
Basta de devaneios,
mãos ao trabalho honesto, competente e sincero! O futuro merece melhor.
António Sílvio Couto
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