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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Água como bem comum... essencial e vivificador


Por decisão da ONU, 2013 foi declarado ‘Ano internacional para a cooperação pela água’. Embora já haja um ‘dia mundial da água’ – 22 de Março – neste ano temos uma nova focagem no tema da água, onde a cooperação pela água tem múltiplas dimensões, incluindo os aspectos culturais, educacionais, científicos, religiosos, éticos, sociais, políticos, jurídicos, institucionais e económicos.

Em razão da problemática que envolve o tema da água vamos tentar abordar alguns aspectos (mais ou menos) pertinentes:

= Água é vida!

Sendo um recurso natural, a água é essencial para a vida. Dois terços do planeta Terra é água. Sempre que falta a água – seja da chuva, seja do fornecimento potável, seja ainda para a forma mais comum de higiene e mesmo de via de comunicação – como que periga a nossa condição terrena. As zonas áridas – particularmente por ausência de água – como que significam uma quase morte presente ou anunciada.

Talvez possa ser conveniente vermos números da significação e da utilização da água:

- No corpo humano a água é o principal constituinte (entre 70% a 75%) e sua quantidade depende de vários factores estabelecidos durante a vida da pessoa, tais como a idade, o sexo, a massa muscular, o aumento ou perda de peso, o tecido adiposo, e até mesmo a gravidez ou lactação.

- Cerca de 70% da água doce do mundo é consumida pela agricultura.

- Estima-se que, em 2025, mais de metade da população mundial sofrerá com a falta de água potável.    

= Água: negócio ou poupança?

Perante este elemento de bem essencial, que é a água, como que poderemos entender a sua gestão: vendo-a na perspectiva da poupança e como bem comum gratuito ou podendo-a entregar ao negócio especulativo?

Se atendermos à nossa condição portuguesa, desde há quarenta anos, que o fornecimento de água às populações em geral e não só no tecido urbano tem cada vez mais qualidade, tanto em razão do investimento autárquico bem como das infra-estruturas colectivas.

Hoje é habitual termos em casa água de boa qualidade e, normalmente, a um preço acessível. Também sabemos – infelizmente pelas razões sociais mais recentes – que a água é dos bens em que se corta, quando há dificuldades económicas ou quando outras necessidades se sobrepõem... Por isso, as questões de higiene – onde o uso da água também entra – denotam, hoje, um dos campos mais atribulados e em restrição...

Tem-se falado na hipótese da privatização da água, enquanto outros ripostam contra essa pretensão... mas que isso não sirva para criar conflitos à volta deste bem tão essencial. Que seja feito o melhor possível para termos água de boa qualidade, a preço acessível e com abertura ao cuidado dos outros!...

= Para uma espiritualidade da água

A água é considerada como purificadora na maioria das religiões, no hinduísmo, no cristianismo, no judaísmo, no islamismo e no xintoísmo. O baptismo nas igrejas cristãs é praticado com água, simbolizando o nascimento de um novo ser, purificado pela remissão dos pecados.

No judaísmo e no islamismo, é ministrado aos mortos um banho de água purificada, simbolizando a passagem para a nova vida espiritual eterna. Na Bíblia, o termo ‘água’ é mencionado 442 vezes.

Talvez seja útil, neste ‘ano internacional para a cooperação pela água’, que possamos viver numa nova atitude quer da utilização da água nas nossas tarefas quotidianas, quer na simbologia mais de índole espiritual. Será certamente diferente usar a água como elemento utilitário ou como entidade da natureza que nos foi concedida por Deus, desde a mera lavagem até à envolvência em purificação e como força regeneradora da nossa existência em condição terrena...

Mergulhados na água do baptismo viveremos a força da fé, tanto em dimensão pessoal como comunitária!

 

António Sílvio Couto

(asilviocouto@gmail.com)

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