Por decisão da ONU, 2013 foi
declarado ‘Ano internacional para a cooperação pela água’. Embora já haja um
‘dia mundial da água’ – 22 de Março – neste ano temos uma nova focagem no tema
da água, onde a cooperação pela água tem múltiplas
dimensões, incluindo os aspectos culturais, educacionais, científicos,
religiosos, éticos, sociais, políticos, jurídicos, institucionais e económicos.
Em razão da
problemática que envolve o tema da água vamos tentar abordar alguns aspectos
(mais ou menos) pertinentes:
= Água é vida!
Sendo um recurso
natural, a água é essencial para a vida. Dois terços do planeta Terra é água.
Sempre que falta a água – seja da chuva, seja do fornecimento potável, seja
ainda para a forma mais comum de higiene e mesmo de via de comunicação – como
que periga a nossa condição terrena. As zonas áridas – particularmente por
ausência de água – como que significam uma quase morte presente ou anunciada.
Talvez possa ser
conveniente vermos números da significação e da utilização da água:
- No corpo humano a água é o
principal constituinte (entre 70% a 75%) e sua quantidade depende de vários
factores estabelecidos durante a vida da pessoa, tais como a idade, o sexo, a
massa muscular, o aumento ou perda de peso, o tecido adiposo, e até mesmo a gravidez ou lactação.
= Água: negócio ou poupança?
Perante este elemento
de bem essencial, que é a água, como que poderemos entender a sua gestão:
vendo-a na perspectiva da poupança e como bem comum gratuito ou podendo-a
entregar ao negócio especulativo?
Se atendermos à nossa
condição portuguesa, desde há quarenta anos, que o fornecimento de água às
populações em geral e não só no tecido urbano tem cada vez mais qualidade, tanto
em razão do investimento autárquico bem como das infra-estruturas colectivas.
Hoje é habitual
termos em casa água de boa qualidade e, normalmente, a um preço acessível.
Também sabemos – infelizmente pelas razões sociais mais recentes – que a água é
dos bens em que se corta, quando há dificuldades económicas ou quando outras
necessidades se sobrepõem... Por isso, as questões de higiene – onde o uso da
água também entra – denotam, hoje, um dos campos mais atribulados e em
restrição...
Tem-se falado na hipótese
da privatização da água, enquanto outros ripostam contra essa pretensão... mas
que isso não sirva para criar conflitos à volta deste bem tão essencial. Que
seja feito o melhor possível para termos água de boa qualidade, a preço
acessível e com abertura ao cuidado dos outros!...
= Para uma espiritualidade da água
A água é considerada como
purificadora na maioria das religiões, no hinduísmo, no cristianismo, no judaísmo, no islamismo e no xintoísmo. O baptismo nas igrejas cristãs é praticado com água, simbolizando o nascimento de um novo ser, purificado pela remissão dos pecados.
No judaísmo e no islamismo, é
ministrado aos mortos um banho de água purificada, simbolizando a passagem para a
nova vida espiritual eterna. Na Bíblia, o termo ‘água’ é mencionado 442 vezes.
Talvez seja útil, neste ‘ano internacional
para a cooperação pela água’, que possamos viver numa nova atitude quer da
utilização da água nas nossas tarefas quotidianas, quer na simbologia mais de
índole espiritual. Será certamente diferente usar a água como elemento
utilitário ou como entidade da natureza que nos foi concedida por Deus, desde a
mera lavagem até à envolvência em purificação e como força regeneradora da
nossa existência em condição terrena...
Mergulhados na água do baptismo viveremos
a força da fé, tanto em dimensão pessoal como comunitária!
António Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com)
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