Pela experiência de participação
nos outros anteriores simpósios, este tipo de encontros têm tanto de simples
quanto de complexo: simples porque é uma oportunidade de (re)encontro com
tantos padres de outras dioceses, numa diacronia de proximidade e de
experiência de oração e de aprendizagem em comum; momentos como o último
simpósio revestem, no entanto, a configuração de alguma tristeza, pois muitos
do que podiam e deviam estar presentes – houve dioceses que primaram pela
ausência em número, até dos seus bispos, o mesmo se diga de intelectuais
universitários que só participam para darem lições! – perdendo, afinal, uma
bela oportunidade de manifestarem humildade e comunhão com os outros... para a
linguagem ministerial de hoje.
= Preâmbulo do ‘ano da fé’
Pela temática abordada viu-se que
houve uma intenção de fazer deste simpósio uma espécie de preparação próxima do
ano da fé, que se vai iniciar em outubro próximo... e decorrerá até novembro de
2013. Dividido em quatro áreas – nas fontes da fé, o ministério do padre,
desafios da fé, o padre - peregrino da fé – correspondendo aos dias de
reflexão, houve uma simbiose de ‘coisas teóricas’ (teológicas e sectoriais) e
de partilhas de experiências de vida, de momentos de cultura e de oportunidades
de questionamento ao mistério e ao ministério do padre.
Já vimos tempos de retiro menos
serenos, com situações mais confusas e até com vivências mais atrapalhadas
por organização e mesmo com custos mais
exagerados... do que o que aconteceu neste simpósio!
Não poderemos classificar a
participação no simpósio como se fosse um encontro da ‘fina flor’ do clero
português, mas poderemos considerar que, pela assiduidade de uns tantos, há um
leque de padres no nosso país que tenta acertar com o ritmo da Igreja universal
e em consonância com a tradução das propostas do nosso episcopado em geral e de
cada bispo em particular.
Cremos que nem as desculpas de certos
trabalhos (ditos) pastorais – antes parecem ser pastoris! – nem a concorrência
com ‘festas e romarias’ ou a sobreposição com férias podem eximir de estarem
presentes... seja lá quem for. Por certo todos temos algo a aprender e mesmo
que já saibamos (quase) tudo – o que nalguns casos não passa de uma brecha de ignorância mal assumida –
faz-nos sempre bem estar com outros, lado a lado com quem nem conhecemos e que
podemos descobrir como ‘figuras’ de impacto humano, social e eclesial...
= Do acolhimento ao assombro, passando pela fidelidade... nos vários
lugares
Dos vários intervenientes
respigamos algumas frases... sem reduzir estes excertos aos mais importantes,
mas apenas à anotação de circunstância.
- Desapareceu da praça pública a discussão da questão religiosa –
Zita Seabra;
- Ser pobre dos talentos dos outros – Paulo Pereira da Silva;
- O modo de admirar define o tipo de pessoa que somos – Eloy Bueno de
la Fuente;
- Crise de valores por vergonha da sua afirmação... Dificuldade das
elites em afirmarem as suas convicções – Helena Matos;
- É no tempo que se constrói a fidelidade... A fidelidade está sempre
dependente da educação do desejo – Emanuel Silva;
- A Igreja ou comunica ou se nega a si mesma como sacramento de comunhão e
sujeito de evangelização... O cybespaço é a nova terra de missão – João Aguiar;
- Em Portugal morre-se mal... Quanto vale ter crença em Deus se não temos
fé nos homens? – Jorge Vilaça;
- Acreditar em Jesus Cristo é obra de Deus em nós... Peregrinos da fé somos chamados a ser peregrinos da verdade – José
Policarpo.
Estes breves flashs daquilo que
foi dito, como que nos apontam sempre para o mais além da vocação e da missão
do padre na Igreja e para o mundo.
De pouco adiantará dizerem que
esse ‘tal simpósio’ pouco acrescentará à sua douta sabedoria, senão fizerem,
experiencialmente, o exercício da humildade de uns na massa do todo... de Deus
e na Igreja! As coisas da paróquia podem esperar, pois se a fonte – o mistério
– se esgota como será alimentado o rio/riacho do ministério!
António Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com)
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