Pelo significado social, político
e histórico, o dia 15 de Setembro de 2012 vai marcar os próximos tempos, sejam
quais forem os resultados... na condução da nossa vida coletiva. De fato, as
manifestações em várias cidades do país quiseram dizer que algo vai mal no
subterrâneo da nossa democracia. E nem as diabruras de uns tantos infiltrados
para criarem incidentes nos podem distrair do que está – e possivelmente
continuará a estar por largos meses – em causa.
Numa análise ainda um tanto
incipiente parece-nos que devemos encontrar prós e contras – numa espécie de
paralelo – naquilo que aconteceu... e, tal como em tudo na vida, podemos e devemos
encontrar leituras diversas, questionando-nos e sendo questionados.
As dificuldades
economico/financeiras das pessoas, das famílias e das empresas são graves. O
silêncio sepulcral em esta(va)mos a viver tinha de ser sacudido. Quem cala nem
sempre consente!
A diversidade de intervenientes,
desde crianças até famílias inteiras, percorrendo um largo espetro de desempregados
e de jovens à procura de emprego... num leque diversificado e atento ao (seu)
futuro a curto e médio prazo.
Muito para além dos números dos
sem rostos – tais foram já outros falhanços das convocações via redes sociais –
houve que tenha tido a ousadia de sair de casa, acreditando que todos temos uma
palavra a dizer sobre o nosso futuro coletivo.
Num país pouco politizado para
defender os interesses comuns, vimos pessoas que estão atentas ao futuro das
gerações vindouras, trazendo-as também à liça da participação mais consciente.
= Leituras de apreensão
Mais do que o número de pessoas
que veio para a rua foi um tom algo exaltado – mesmo por entre ‘elogios’
medíocres para o bom comportamento (dito) cívico dos manifestantes – e
revivalista do tempo do prec... no distante verão de 75. Até algumas palavras
de ordem soavam àquela época!
Vimos muita gente mais
interessada nas suas regalias e obejtivos do que pessoas preocupadas com o
futuro do país, pois podemos deitar a perder com a multiplicação de iniciativas
idênticas a credibilidade conseguida junto dos nossos emprestadores...
internacionais.
De algum modo foi triste – e
talvez preocupante para novos protestos – vermos agressividade semeada por
gente que se esconde por trás de caras encobertas e à sombra gera barulho,
provocação às autoridades e propensa à destruição... A Grécia pode repetir-se
em Portugal! Seria desagradável e incontrolável...
Numa espécie de associação na
desgraça não havia necessidade de vermos certos aproveitamentos – sindicais,
partidários, grupais e de lóbi – por entre os que se quiseram manifestar, pois
nem sempre a desgraça alheia pode servir de cobertura aos protagonismos mais
interesseiros.
= Que futuro?
Cremos que já basta de culparmos
os outros – embora haja quem seja culpado e não o assuma! – para nos desculparmos
pelos nossos insucessos pessoais e coletivos, familiares ou profissonais, pois
da assumpção da culpa poderemos encontrar o caminho a seguir.
Ainda não vimos – cristamente falando
– quem tente fundamentar nos valores dos Evangelho, clara e distintamente, a
solução dos nossos problemas mais sérios. Vamos ouvindo frases e chavões de
teor mais reivindicativo do que profético, pois denunciar não basta, se não nos
comprometermos na solução... proposta.
Temos de aprender a viver na
simplicidade – evangelicamente diz-se ‘pobreza’ – de vida escolhida e não no
azedume contra a austeridade. Esta é-nos imposta, enquanto aquela pode fazermos
viver com o essencial sem esbanjamento nem consumismo de faz-de-conta.
Verdade a quantos nos obrigas!
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