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quinta-feira, 4 de abril de 2024

Recuperação do logotipo

 

Segundo alguns ‘inteletuais’ – comentadeiros/as a questão da recuperação do logotipo do XXIV constitucional parece uma não-questão, tentando varrer para debaixo do tapete a presunção de inocência. De facto, incluir na simbologia do governo da república as cores nacionais (vermelho e verde) com a esfera armilar em destaque para tais mentores não passa de algo de somenos, sobretudo se tivermos em conta a dose estilizada da governação anterior onde as cores – vermelho, verde e amarelo – surgiam em paralelo e sem qualquer alusão à esfera armilar com as quinas em evidência.

1. Tudo isto seria uma espécie de chinesice de mau gusto se não estivéssemos na comemoração dos quinhentos anos da morte de Luís Vaz de Camões, esquecido – sabe-se lá com que intuitos – pelo anterior (dito) ministro da cultura. As garras ideológicas não se contiveram nas decisões dos governantes antecessores e isso poderá contrastar com quem os substitui. Também o esquecimento quanto a Camões deixa muito à mostra quem cuida dos nossos maiores na literatura, embora proteja e subsidie quem propaga as suas ideias, mesmo que de forma camuflada, subsidiada e acintosa…

2. Quem conhece a distribuição das cores da bandeira nacional portuguesa sabe que é composta, principalmente, pelas cores verde e vermelha. A cor vermelha, predominante na bandeira de Portugal, representa a conquista, o sangue e a coragem daqueles que morreram pela pátria. Já o verde representa a esperança e a força do povo português e também a natureza do país.

A partição do campo é assimétrica, ocupando o verde dois quintos do mesmo e o vermelho os restantes três quintos. Sobre o centro da linha divisória entre as duas cores, estão colocadas as armas nacionais, constituídas por uma esfera armilar amarela sobre a qual assenta o escudo de Portugal. A bandeira é retangular, com uma proporção de dois terços entre a medida da largura e do comprimento.

3. Num tempo que se espera de grande competição este pequeno pormenor faz-nos, desde já, adivinhar que há forças que ainda não perceberam a mudança e que nem todos se deixam guiar pelos interesses dos que continuam a laborar numa espécie de supremacia de alguma esquerda, incapaz de saber perder e de refletir sobre as causas do sua menor aceitação sócio-política. Formações partidárias reduzidas a menos de meia dúzia de deputados – cada uma e cerca de uma dezena no conjunto – ainda se julgam no fulgor da era revolucionária de antanho. Não haverá por aí uma dislexia cultural à custa dos direitos adquiridos sem mérito? Por que será que os mais novos se estão borrifando para as ‘conquistas de abril’, quando ainda não tinham nascido nem foram tidos nem achados, depois? A quem interessa recordar um certo saudosismo da ditadura de antes do ’25 A’, quando criaram em muitas autarquias a sua ditadura e poder estabelecido?

4. Diante de certos sinais da nossa sociedade – nalguns casos quase decrépita – é preciso não embarcar na leitura dos novos fazedores de opinião, pois, muitos deles e delas servem mais a promoção do ‘dejá vu’ do que a aferição aos acontecimentos de vida e com impacto no futuro. Vendedores de ilusões requentadas, não obrigado!



António Sílvio Couto

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