A cerca de dez meses da realização, no terreno, das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), em Lisboa, parece haver coisas que estão um tanto desfasadas das pretensões. Embora as obras materiais estejam rudimentares, há, no entanto, aspetos de índole espiritual que dão a sensação de estarmos aquém daquilo que é (ou deve ser) a envolvência daqueles a quem se destinam as jornadas e mesmo a Igreja católica...sobretudo nas dioceses envolventes.
Vamos
tentar resumir algumas das facetas mais relevantes nos tempos mais recentes,
por parte dos vários intérpretes da iniciativa.
Ora,
das grandes motivações, que deviam – creio eu – nortear as JMJ nem uma palavra
com nexo e consequências. Onde estão as referências à dimensão cristã do evento
– é social (light e fofo) ou tem marca de fé? Onde se fala das coisas da Igreja
– subentende-se ou não era preferível ser mais declarado? Não se corre o risco
de trazer ao engano os que não querem só encontro eclético, mas celebração com
marca de Cristo? Que adianta fornecer informações sob a forma digital, se a
mensagem for vazia e anódina? Não correrá o risco de ser um fiasco, isso de
trazer jovens a Lisboa e deixá-los partir só com algum folclore de simpatia
fosforescente?
Será,
por isso, de esperar que surjam mais notícias – a calendarização da (dita)
‘comissão independente’ vai nesse sentido – envolvendo escândalos e suposições,
sugestões e mudanças (mesmo de bispos), críticas moralistas e observações
moralizantes...
–
Antes de tudo que sejamos capazes de caminhar juntos – estamos em tempo de
sínodo – dando cada um o seu contributo simples, sincero e comprometido. Como
se diz no documento-síntese da Conferência Episcopal Pportuguesa, enviado a
Roma sobre a caminhada sinodal: ‘mais do
que pensar qual é o lugar dos jovens na vida da Igreja, é preciso perceber que
lugar pode ocupar a Igreja na vida dos jovens’.
–
Na sequência de outras ‘jornadas’ com jovens, deu-se uma emergência de vocações
na Igreja, é aquilo a que aguns chamam de geração ‘JPII’ (João Paulo II).
Precisamos de revigorar a entrega em compromisso na Igreja, através das várias
vocações – ao sacerdócio, à vida religiosa e ao matrimónio – onde seja Cristo a
contar acima de tudo e de todos.
– Questões como a vida, a dignidade, a
liberdade, a participação, a paz e a justiça ainda inquietam os jovens.
António Silvio
Couto
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