Verificaram-se, em Portugal, entre 20 de maio e 2 de junho. mais 358.485 novos casos de covid-19.
A taxa de mortalidade no nosso país está em 22 óbitos por milhão de habitantes,
a sete dias, verificando-se um aumento de 20% face ao valor registado na semana
anterior. A incidência fixou-se nos 1.835 casos por 100 mil habitantes, numa
média a sete dias, o que representa uma subida de 7%.
1. Estes números não são facultados –
divulgados e noticiados – à população em geral. Nota-se algo que nos deveria
interrogar e inquietar: por que se escondem estes e outros números ainda mais
dramáticos? Será que, de vez, a economia se sobrepõe à saúde? Por que temos a
sensação de que algo de grave deambula por aí e ninguém nos diz a verdade? Por
quê o afã de tantas festas e festinhas, se o tema ainda não foi resolvido
condignamente? Será mera coincidência o ressurgimento de novos casos após
grandes concentrações de pessoas, como a seguir à peregrinação de Fátima ou à
festas dos futebóis? Por que custa tanto aprender com erros do passado recente?
Já passou o temor desses fatídicos dias de janeiro do ano passado, em que
chegaram a morrer mais trezentas pessoas por dia?
2. Os dados referem que foi está
vacinada mais de oitenta por cento da população. No entanto, vemos aparecer um
ressurgimento de nova vaga de covid-19 – dizem que a sexta – atingindo pessoas
que antes não tinham sido atingidas e re-infetando outras – nalguns casos mais
do que uma vez – que já tiveram sinais da doença. Dá a impressão que se quis
andar depressa, baixando a guarda, particularmente no aliviar do uso da
máscara. Estão criadas as condições para que esta pandemia continue por bons e
largos meses ou talvez anos!
3. Já era tempo de aprendermos
lições mínimas da convivialidade, pois muito desta transmissão continua a ser
resultado do excesso de contactos entre as pessoas e pouco (ou nenhum) cuidado
com as regras da higiene. Nota-se que ainda não conseguimos perceber que o
resguardo é a mais adequada dose de combate a algo tão transmissível, tanto na
forma como nos resultados. Enquanto não interiorizarmos que a melhor capacidade
de debelar este vírus é defender-nos, continuaremos a constatar novos casos e,
possivelmente, bem mais graves e com sequelas ainda imprevisíveis…
4. Pelo que nos é dado ver e viver, precisamos de mudar de registo, tanto ao nível pessoal como na dimensão social. Efetivamente não ficou tudo bem e muito menos igual. Se alguém disser o contrário ou hibernou e não viveu o drama de tanta gente ou andou distraído com os seus botões (egoístas e autossuficientes) sem ter presente os demais. Queira Deus que não nos comportemos como o ouriço-cacheiro que coloca os picos para se defender, sabendo que isso pouco ou nada salvaguarda se o caminho não for percorrido com olhos de ver e em atenção aos outros.
Digam a verdade, mesmo que o dono –
governo, poder económico ou ideologia – não goste! Se ainda lhes resta algum
pingo de dignidade sejam homens e mulheres de uma só cara e servindo um único
intento, os outros!
António
Sílvio Couto
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