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quinta-feira, 11 de julho de 2019

Governo está a encarrapichar ou a encarapitar?


Nos sinónimos do dicionário encontramos para ‘encarrapichar’: encher-se de capricho, fazer carrapichos ou bucres (anel que se faz no cabelo). ‘Encarapitar’ tem como sinónimos: passar para um lugar elevado, mover para cima, instalar-se num lugar mais alto, subir, trepar…

Ao nível popular podemos ouvir: ‘encarapinchar’… que seria um misto entre os dois termos, com a significação de que alguém está a encher-se de brios, cuidando das suas coisas para se destacar diante dos vizinhos e concorrentes… o que no comportamento popular pode roçar o bairrismo entre povoações.   

Poderá ser neste misto dos termos com o acintoso da vivência popular que poderemos caraterizar algumas das iniciativas do ‘governo da geringonça’, que reinou nos últimos quatro anos em Portugal.

Não deixa de ser simbólico que o termo ‘geringonça’, cunhado pelos adversários para ridicularizar a confluência dos intervenientes para a solução governativa encontrada, se tenha colado com uma certa facilidade, não tanto nos aspetos negativos, mas mais naquilo que foi conseguir harmonizar sob o mesmo chapéu quem se digladiava pelo mesmo quinhão de eleitores… Até agora funcionou por entre arremedos, louvaminhas e sucessos…reivindicados.   

= Quais os indícios de que o governo está a encarrapichar-se? Que sinais são dados de que se poderá encarapitar? Até que ponto é que os meses (três) que medeiam para as eleições vão ser usados para se encarapinchar? Quem serão os intervenientes para que tais preparos se notem mais ou sejam subtilmente dissimulados? A quem interessa prolongar esse estado de conluio em tantas das façanhas promovidas, realizadas ou propagandeadas? Como irá reagir quem não seja envolvido no espetáculo já anunciado? Tal como noutras ocasiões, quando se descobrirá que o estado foi capturado pelos anseios partidários de certas fações ideológicas, pseudo-republicanas e assaz agnósticas? Será que a falange de servidores deixará cair quem os promoveu?     

= Sem ousarmos responder às questões colocadas a esmo, fica a sensação de que, quando há dinheiro, é fácil distribuir, mas perdido o controle do saco, será um tanto mais complicado continuar na crista da onda, como o surfista em maré de vitória. A fabricação de ilusões veio com a propaganda de que a austeridade foi exorcizada. Não há maior engano. À semelhança do texto bíblico, bem depressa poderemos constatar que este ‘espírito mau’ voltará com mais força e revestido de um poder de complexo combate.

Depois de terem aprendido a fazer as contas certas e de ser feito panegírico de tal façanha, seremos assaltados pela compensação degustada em forma de impostos encapotados, de forma crescente e ao sabor dos intentos de quem manipula. Como dizia um comentador sobre a atuação situação sociopolítica: há problemas laborais (saúde, transportes, educação, etc.), há lacunas e conflitos, nunca como agora se pagou tantos impostos, mas o povo dá a impressão que se sente feliz, sem olhar às dificuldades, pois sente a tilintar de mais dinheiro ao final do mês…mesmo que isso possa ser efémero, breve ou enganoso. 

= Depois de centenas de mortos causados pelos incêndios – 2017: junho 107; outubro: 45 – nada aconteceu. O governo continuou em funções como se duma epopeia estivesse a sair. Vimos pessoas perderem tudo e só uns tantos auferiram ajuda, sabe lá a troco do quê. O governo atirou dinheiro para cima das questões e lavou as mãos, sem querer saber totalmente como foi administrado o gasto.

Neste lapso de quatro anos o país ganhou o europeu de futebol em seniores, os juniores também se tornaram campeões e até o hóquei em patins saiu da tumba das derrotas. Mas – pasme-se! – uma cantiguinha de classe medíocre suplantou o resto das outras e ganhou o festival da eurovisão… Tudo isto no lapso de breves dias. O governo foi-se colando aos sucessos alheios para os fazer seus…por arrasto ou por arresto!

O desemprego caiu para uma faixa quase residual. O turismo enxameou o país, com vagas de procedentes dos espaços mais invulgares, enquanto uns tantos se abotoavam com casas de pseudoturismo… até um dia!

Agora que caminhamos para a avaliação final, torna-se urgente saber que país queremos: um fotogénico, embora em colapso ou um país que seja verdadeiro e com sentido das responsabilidades…atuais e futuras?


António Sílvio Couto




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