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segunda-feira, 4 de março de 2019

Sinais e recursos de caminhada em Quaresma


A caminhada da Quaresma apresenta-nos vários aspetos específicos deste tempo litúrgico de grande intensidade espiritual, tanto pessoal como comunitária/eclesial. De entre os que são mais clássicos encontramos a oração, o jejum e a esmola, mas também algumas práticas devocionais mais ou menos populares como a via-sacra, as procissões de penitência ou do Senhor dos Passos/Nossa Senhora das Dores, bem como os momentos de maior dinâmica de conversão com a celebração do sacramento da penitência e ainda a renúncia quaresmal, normalmente variável segundo cada diocese e como concretização da esmola e do fruto do jejum.
Algo de essencial é preciso ter em conta: a quaresma prepara-nos para celebrar a Páscoa, mas vivemo-lo em tempo pascal, isto é, não uma quaresma histórica mas sob uma vivência de quem sabe que precisa de criar condições – pessoais e comunitárias – para celebrar em memorial o mistério pascal de Jesus, isto é, a sua paixão-morte-ressurreição.
«A Igreja se une a cada ano, mediante os quarenta dias da grande quaresma, ao mistério de Jesus no deserto» (CIC 540).
«Os tempos e os dias de penitência ao longo do ano litúrgico (o tempo da quaresma, cada sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial da Igreja. Esses tempos são particularmente apropriados aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, às peregrinações em sinal de penitência, às privações voluntárias como o jejum e a esmola, à partilha fraterna (obras de caridade e missionárias)» (CIC 1438).
Olhemos, então, cada um dos recursos/sinais para a vivência da Quaresma:
* desde logo será bom e oportuno que haja um tema que polarize, aglutine e dinamize esses quarenta dias de preparação para a celebração da Páscoa, ora, este ano o tema da caminhada da quaresma, na paróquia da Moita, é: ‘quaresma: tempo de conhecer, amar, servir e anunciar mais e melhor Jesus’, usando como simbologia uma cruz com seis corações em volta, tantos como os domingos da quaresma com o domingo de Ramos…incluindo em cada domingo os cinco sentidos corporais;
* o tríptico ‘oração, jejum e esmola’ será incentivado, explicado e  vivido ao ritmo de cada dia, em cada domingo e semanalmente… procurando ter mais tempo para a oração pessoal, familiar e em Igreja… encontrando formas de viver o jejum, particularmente cada sexta-feira, gerando sinais de abstinência e de conversão…a esmola pela participação na renúncia quaresmal, que este ano se destina, ao nível da diocese de Setúbal, para o fundo de emergência diocesano e de ajuda aos refugiados da Venezuela;
* via-sacra – cada sexta-feira, com três momentos de vivência na rua, em conformidade com cada freguesia das que compõem a paróquia… este ano seguimos os textos do evangelho de São Lucas e rezando assuntos relacionados com a temática da juventude;
* um dos momentos com simbologia mais significativa é o da ‘procissão do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores’, que, no caso da Moita, vem sendo realizada no domingo de Ramos, como se fosse uma conclusão da caminhada quaresmal e, colocada, na abertura da ‘semana santa’ num prólogo de vivência do tríduo pascal;
* algo de fundamental na quaresma é a celebração/vivência do sacramento da penitência e reconciliação, devidamente preparado por um aturado exame de consciência – sugerido pelo tema, acrisolado pela reflexão/oração e assumido com implicações eclesiais – vivido comunitariamente, em preparação da celebração pessoal deste mesmo sacramento…Este ano fazemos o ‘exame de consciência aos cinco sentidos corporais’.

«Não deixemos que passe em vão este tempo favorável! Peçamos a Deus que nos ajude a realizar um caminho de verdadeira conversão. Abandonemos o egoísmo, o olhar fixo em nós mesmos, e voltemo-nos para a Páscoa de Jesus; façamo-nos próximo dos irmãos e irmãs em dificuldade, partilhando com eles os nossos bens espirituais e materiais. Assim, acolhendo na nossa vida concreta a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, atrairemos também sobre a criação a sua força transformadora» - diz-nos o Papa Francisco na sua mensagem para a quaresma deste ano.

 

António Sílvio Couto

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