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sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Em sistema de ‘start-stop’…tecnológico e/ou humano


Certamente já reparamos que, quando estamos parados nalgum semáforo, há carros que estão desligados ou se desligam e, quando muda o sinal, logo são postos em funcionamento, voltando a estarem capazes de arrancar e seguir viagem…

A este processo – recentemente introduzido no sistema de fabricação de certos veículos automóveis – chamam-lhe: start-stop. Quais as razões para ser implementado este artefacto nos veículos automóveis? Haverá benefícios para o meio ambiente com a introdução e difusão deste novo modo de construção dos carros? De que modo iremos ver este sistema tecnológico mais vulgarizado em breve? Será que o start-stop prejudica, mesmo que de forma indireta, o desempenho dos carros? Haverá algum dos elementos dos veículos que é mais prejudicado pelo start-stop?´

= Definição descritiva do start-stop: é um sistema que desativa o propulsor dos carros nos pequenos momentos de paragem (em filas ou em semáforos), mantendo, no entanto, o sistema do veículo em estado de espera, religando-o ao tirar o pé do travão ou ao pisar a embraiagem, conforme o tipo de transmissão.

Poder-se-á considerar que, com a implementação do start-stop, se pretende conciliar o rendimento energético e as emissões de poluentes… Segundo alguns com o start-stop há um desgaste maior de certos componentes do veículo, como a bateria – aliás a bateria onde está este sistema introduzido é muito mais cara do que as habituais – e ainda outros aspetos do motor…

Com certos benefícios o start-stop poderá atenuar a emissão de poluentes até oito por cento menos e ainda uma redução dos gastos de combustível…até quinze por cento, em circuito urbano!  

= Atendendo a este ‘avanço’ tecnológico na área automóvel, poderemos inferir algumas questões para a vertente humana, social, política e quase cultural. Com efeito, em muitas destas situações já estamos numa espécie de passagem em ‘devagar-devagarinho-parado-em ponto morto’, isto é, em que nada parece influenciar a progressão seja daquilo que for, dando mais a impressão de que há gente interessada em que nada seja tocado nem modificado…Como que vivemos num start-stop de não-ignição tanto do pensamento como da emotividade.

Vejamos alguns exemplos:

– Os festivais musicais, sobretudo de verão, não serão já uma espécie de start-stop de certas mentes – poderemos dizer até de mentalidades – quando são combatidos os incêndios em meio rural? Uns param por inação, lazer e diversão e outros estão a carburar em lume demasiado aceso…

– Certas medidas antifogos-de-artifício não sofrerão de tiques de start-stop político sem efeito na prevenção de incêndios, mas antes se quedam pelo show sem público e com prejuízo dos que vivem daquele negócio? Algumas regras são mesmo de gente de gabinete e no arrefecido do ar-condicionado…

– Ao vermos uns tantos rituais religiosos – onde o folclore se sobrepõe à fé – não passarão de start-stop de quem se entretém com tradições, mas não se interessa com o significado daquilo que celebra? Já não há aspetos profanos nem religiosos nas festas que se fazem à custa dos santos, aqueles infiltraram-se tantos nestes que os profanaram sem apelo nem agravo…

– Depois da dita ‘silly season’ de outros tempos, não estaremos em start-stop dos políticos que preferem comandar à distância sem se sujar com as fagulhas queimadas? De gravata e no remanso lisboeta torna-se mais fácil controlar os incêndios, tanto no norte, como no sul e até nas ilhas… 

= Neste país em start-stop de conveniência torna-se urgente não ter medo de dizer a verdade. É de bradar aos céus que continuem no posto pessoas que demonstraram serem incompetentes na gestão de momentos de crise, seja qual for a razão, pois quem governa tem de assumir que falha e que erra…não se fiando na complacência de que foram causas exteriores que criaram os problemas… Basta de show-off, neste estado de start-stop em que quiseram tornar o país e têm vindo a viver do sarcasmo para com a inteligência dos seus concidadãos. Comecem a governar a sério e com responsabilidade cívica, ética e criminal!   

           

António Sílvio Couto


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