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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Quando a terra treme…


Só neste mês de janeiro já houve três circunstâncias em que a terra tremeu de forma mais percetível: em Aljezur no dia 5, no dia 15 ao largo de Arraiolos e a 20 próximo de Monchique…Com efeito, a rede sísmica nacional tem vindo a registar diferentes ocorrências, tendo como locais registados ou zonas onde mais se sentiram tais abalos em volta de Lisboa e ao sul do Tejo… mais seis em janeiro e três em dezembro.

Estes registos parecem estar em crescendo na medida em que muitas dessas ocorrências se estendem por largas áreas em que são sentidas. Para já não têm passado de susto e os prejuízos materiais têm sido de pequena monta, se é que se verificam, sem ainda termos acidentes pessoais a considerar.

O que são sismos? Como se caraterizam os abalos sísmicos? Quais as razões dos abalos sísmicos? Quais as consequências dos terramotos?

Os sismos são movimentos vibratórios que ocorrem na superfície terrestre originados por uma libertação brusca de energia. Por seu turno, abalos sísmicos entendemos acontecimentos que resultam de uma perceção por parte das populações dos movimentos vibratórios.
Um sismo não é um processo geológico isolado. Normalmente é precedido por uma sucessão de pequenos abalos, designados por abalos premonitórios, que poderão querer anunciar a ocorrência de um sismo violento.
As réplicas, após o abalo principal (considerado o mais forte), ocorrem como sismos de menor magnitude. O seu número atinge muitas centenas, embora a sua ocorrência diminua com o tempo.  

Embora, muitas vezes, só nos lembremos dos riscos quando já não há solução, temos vindo, no entanto, a assistir à prevenção das populações para este fenómeno que em Portugal pode deixar rastos de muito mau trato, se não estivermos preparados com as edificações, com as medidas de autoproteção e mesmo com o modo de ligar com isto, por vezes, imprevisto, mas não impossível de acontecer.

 = Que lições podemos tirar dos tremores-de-terra? Serão só fenómenos da natureza ou envolvem algo mais de lição de vida? Será uma forma de Deus falar, ralhando? Até que ponto podemos meter a divindade ao barulho ou exclui-la de modo simplista? Neste ateísmo prático em vivemos, normalmente, ainda haverá espaço para que Deus nos diga qualquer coisa quando acontecem tais fenómenos? Não será que, por não ocorrerem estragos, ainda julgamos que a coisa está sob controlo?

Talvez possam pensar que estas perguntas são próprias de quem tem medo dos sismos e se atemoriza com os abalos. Talvez eu seja ainda dum tempo onde Deus não podendo explicar muitas coisas, mas ao menos poderá dar-nos uma certa luz para podermos discernir o que Ele nos quer dizer. Talvez os terramotos só aflijam quando acontecem e, no resto do tempo, andaremos como se não tenhamos esse risco não-controlado de fazermos tudo como se tal não possa acontecer… 

= Qualquer coisa se move sob os nossos pés. Não o vemos e, na maior parte das vezes, não o percebemos. Embora se vá fazendo o esforço por adequar as construções aos riscos de abalos sísmicos, a maioria das construções ainda sofrem de muitas mazelas, que, na possibilidade de terramoto, quase entrarão em colapso.

O mais aflitivo neste quadro sociocultural é alguma negligência sobre a matéria com tantos outros fatores de perigo que lhes estão associados. Talvez nos falte uma cultura de cuidado em matérias nem sempre atendidas da forma mais prudente e sensata. Não será, com efeito, uma espécie de cientificismo que nos vai livrar ‘ipso facto’ dos perigos e dos riscos. Há uma razoável humildade, que teremos de cultivar e educar, no trato com as coisas da natureza e, sobretudo, tendo em conta a sua imprevisibilidade.

Quem não fica aterrado ao ver imagens das consequências dum abalo sísmico? Quem não se sente perplexo e confuso com os avisos da ‘mãe’ natureza? Quem não se comoverá com relatos de destruição dos terramotos sem conseguirmos fazer pouco mais do que nada?

Se há fenómenos da natureza que nos encantam e fascinam, os sismos deixam-nos um amargo de incompetência em sabermos resolver algo que nos ultrapassa e quase afunda, em sabermos pouco mais do que remendar – por muito que se faça e saiba – ou remediar, em recolher os estragos do que em ser capaz de interferir para que não aconteça. Dos terramotos e das suas consequências, livrai-nos, Senhor!     

 

António Sílvio Couto  



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