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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Temos de pagar (sempre) a crise…dos bancos?


Pelos dados mais recentes como que poderemos dizer que cada governo tem o ‘seu banco’ para cuidar, pagando ou fazendo pagar as crises que surgem com as mais diferentes instituições bancárias…BPN, BPP, BES, Banif… e outros, vão emergindo no panorama da nossa sociedade, deixando a fatura – direta ou indiretamente – para os contribuintes/cidadãos/eleitores a pesada herança de suportarem os desmandos e aventuras dos ‘senhores (fictícios) do dinheiro’… e seus sequazes.

- Já não sabemos se é incompetência ou se é negligência aquilo que se passa nos diversos bancos, seja qual a economia que servem e/ou os interesses que gerem ou geram…dentro e fora de portas.

- Já vimos guerrilhas de famílias fazerem soçobrar projetos ‘bem sucedidos’, vindo-se a descobrir que haveria mais aparato do que boa gestão… e sucesso.

- Já ouvimos dizer de um banco que estava bem e se recomendava a aposta nele, mas passados tempos ser dito o seu contrário, com a agravante de que o desdito foi feito pela mesma pessoa, pretensamente bem informada…dado o lugar na estrutura do Estado.

- Já deu para perceber que, conforme a cor partidária, a ideologia ou até o fator clubístico, assim são as posições para com algum dos bancos com problemas…dando quase a entender que os declarantes, antes de tudo, se tem de defender os (seus) depósitos nas instituições em crise…ou como seus patrocinadores.

- Já deu para reparar que a maioria dos bancos – sobretudo dos que têm estado em crise – tem vindo a converter políticos ex-governantes em banqueiros? Isso explicará alguma coisa ou confundirá ainda mais?
 
- Já foi possível, nos tempos mais recentes, começar a compreender que os depositantes – nalguns casos umas centenas ou uns milhares – localizados, reclamantes e desiludidos…valem mais do que os milhões de contribuintes, que têm de suportar os desmandos dalguns (quase) incompetentes na avaliação, na gestão e na decisão contra quem vive com o fruto do seu trabalho. Afinal, quem defende, efetivamente, os mais desfavorecidos? Palavras leva-as o vento!

De facto, a imagem de Centauro – figura mítica grega com cabeça, braços e dorso de humano e com corpo e pernas de cavalo – que aparece estilizada no símbolo do mais recente banco em crise, pode e deve levar-nos a refletir sobre as implicações dos decisores políticos e económicos, a curto e a médio prazos, sem deixar de esquecer a formulação ideológica que tem estado subjacente aos tentáculos de tantos problemas… 

- ‘Qual é a pressa?’ – este refrão de há tempos, proferido por um dirigente demitido à força, como que poderia ser a pergunta sobre a rápida proteção dada pelo atual governo a este banco intervencionado.

Os cerca de trezentos euros por português, que, segundo dizem, teremos de pagar para a solução encontrada, serão cobertos pelos aumentos – de dois euros/mês – nas reformas e nas pensões?

Estamos à mercê de uns tantos que se acham senhores da verdade e que decidem sobre as poupanças e rendimentos dos outros, mesmo que isso lhes custe a sobrevivência num futuro próximo.

Tudo poderia ser aceitável, desde que não parece-se que estamos a ser conduzidos por gente sem escrúpulos e que não olham a meios para atingirem o seu fim: nova intervenção estrangeira de socorro à economia e às finanças. Por muito que nos custe, cada dia se vai cavando mais a sepultura coletiva!

O Centauro governativo vai ganhar…As armas da luta são diferentes e não teremos hipótese de fugir.


António Sílvio Couto
(antonioscoutosilva@gmail.com)



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