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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

4.ª classe: exame ou aferição?


Nos dias bem recentes vimos duas atitudes um tanto esquizofrénicas para com o quarto ano da escolaridade: numa semana suprime-se o exame – com o patrocínio das forças da (autoapelidada) esquerda – e passados dias é reintroduzida – por proposta do governo em funções – a aferição, no final do ano, para o mesmo tempo de instrução…

Se no caso do exame era considerado stressante submeter as crianças ao dito, na aferição dá-se-lhe o conteúdo sem conteúdo, isto é, só serve para avaliar o processo de aprendizagem e não o aluno nos seus conhecimentos…

= Este exemplo de conduta das coisas na área da educação é algo sintomático da confusão em que vamos andando: com avanços e recuos, com medidas de teor populista, com o fazer o mesmo só lhe modificando a embalagem…e a subtil conivência de certa comunicação social, que agora encolheu as garras para com quem manda, pois não parece mais uma fera amestrada em espetáculo de circo – agora que os animais foram retirados das sessões – por algum complexo de tolerância mais ou menos comprada, sabe-se lá com que custo e mesmo com que duração…

= Nas coisas da economia e finanças vive-se idêntica capacidade de benevolência, passando uma certa esponja sobre as incongruências, pois o que antes eram ‘medidas de austeridade’ agora tornam-se em ações acerto de contas. Aquilo que antes era tido como condicionador do crescimento económico, agora pode-se dizer tudo e o seu contrário e nada acontece. Veja-se a questão da inflexão sobre a sobretaxa do irs, repare-se também no acerto do ordenado mínimo: o que antes era insuspeito para a defesa da classe trabalhadora, agora torna-se num processo de negociação, onde muitas empresas e instituições – sobretudo na economia social – entrarão em colapso…a curto prazo… E os deputados e governantes estarão a salvo das suas regalias e benesses atuais e futuras!

= No setor da justiça – seja da praticada, seja na que está em investigação – vive-se tal confusão, que muitos réus surgem como juízes, acusando tudo e todos, pois sentem-se acima da justiça, contando com a farsa de certa comunicação que faz o favor de dar voz a quem tanta perturbação traz…como se fosse um intocável de casta superior por entre o lamaçal mais hediondo…no seu conceito!

= Perguntas de quem se sente envergonhado como português, que fez o exame da 4.ª classe e tantos outros estudos e exames para conseguir sentir-se instruído e tendo como única fortuna de vida os conhecimentos adquiridos com esforço e persistência:

. Até onde irá prosseguir este clima de fim de estação, quando não se atende ao essencial e se anda a cultivar o secundário?

. Ainda poderemos acreditar que os cidadãos são todos iguais perante a lei e o cuidado da justiça? Não haverá uns mais diferentes que outros, desde que professem certas ideologias?

. A quem interessa o clima de facilitismo? Como virá ser considerada a geração dos mais escolarizados, mas suficientemente mais ignorantes?

. O que está acontecer será já resultado da ‘geração dos doutores de Bolonha’ ou ainda isto só o princípio do fim?

. Não será que, em breve, teremos de voltar a fazer estudar quem dá frutos de tanta irregularidade na aprendizagem e na educação…humana e cívica?


Estamos no século XXI e parece que a nossa evolução cultural tem andado ao sabor de quem comanda a partir de lojas e afins, criando a sensação que aqueles/as que dão a cara – na governação e no poder exercido – não passam de marionetas de feira mais ou menos popular… até um dia serem dispensados!

 

António Sílvio Couto

1 comentário:

  1. Pois, sinto o mesmo de que todo o meu esforço nos estudos serviu para hoje em dia ficar a ver os outros deficientes com maia facilidades no ensino superior . É um exemplo que deixo aqui. Usam a LGP como algo de que lhes dá privilégios . Tudor encapotado.

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