O trabalhador ideal
em 2020 terá este perfil: um funcionário polivalente, de mentalidade elástica, muito assertivo
e com forte inteligência emocional... É assim que, nos EUA, estudos apontam
para o modo como deve ser o homem ou mulher que quiser ter um (bom) lugar no
mercado em 2020, isto é, daqui a cinco anos!
= Se
tivermos em conta a quebra acentuada da natalidade, a crescente informatização
dos meios de produção e até a decrescente necessidade de tanto tempo de
trabalho...teremos, na nossa condição de trabalhadores, de reaprender a estar e
a ocupar o nosso tempo...numa aprendizagem que cada vez menos está feita,
completa ou acabada.
= De
facto, já não há mais uma ‘profissão para toda a vida’ e nem sequer o local de
trabalho será sempre o mesmo. Isto coloca-nos numa vulnerabilidade constante,
necessitando de nos adaptarmos a novas realidades, com funções abrangentes e
numa contínua capacidade de sabermos reconhecer que as nossas funções serão o
que a adaptação exigir. A versatilidade não será só mais um capricho do
empregador, mas uma consequência da inteligência do empregado, que terá de se
conhecer com humildade e pragmatismo...contínuos.
= Talvez
esteja a mudar o conceito e a prática do sindicalismo, pois muitos dos direitos
adquiridos podem ser postos em causa...até pelo simples facto de poder perigar
o posto de trabalho, senão houver uma razoabilidade de adaptação às novas
funções e/ou ao exercício da atividade profissional. Com efeito, têm de ser
alargados os horizontes, tanto da profissão como da função social do emprego,
atendendo aos riscos de superação das necessidades de laboração, seja no tempo,
seja na qualidade de produção.
=
Atendendo a que o fator humano pode entrar em diminuição interventiva, será
preciso preparar as pessoas – trabalhadores ou empregadores – para disporem de
mais tempo livre, tanto na quantidade como, sobretudo, na qualidade. Isso nunca
poderá reverter em ocupação do tempo sobrante em novas atividades laborais
(remuneradas ou não), mas antes na valorização humana e cultural de todos os
intervenientes no tecido laboral. Deste modo será urgente encontrar novos
modelos de emprego, onde o que conta é a dimensão qualitativa e não as
mais-valias de quem emprega ou que trabalha...
= Seria
quase um aviltamento da nossa condição humana de trabalhadores continuarmos a
usar conceitos marxistas do século XIX, quando já superamos muitas das
barreiras culturais de antanho. Urge, por isso, mudar o modo de enfrentar até o
desemprego e a sustentabilidade do (dito) Estado-social, pois este continua a
fazer valer os fatores de produção e não os critérios de participação nos
locais de emprego. Não é mais sustentável exigir o pagamento de catorze meses
de trabalho (férias e subsídio de natal), quando – como no caso de atividades
que tratam com fatores humanos, sociais ou de educação – não há rendimentos
para que tais regalias possam ser usufruídas... E isto não é mero liberalismo
económico, mas antes bom-senso e sustentabilidade dos postos de trabalho... a
médio e a longo prazo.
= A
apelidada ‘economia social’ não pode ser equiparada nem gerida pelas mesmas
regras e/ou parâmetros da indústria ou dos serviços, pois aquela está
suscetível de perder ‘matéria-prima’ – bastará atender ao ‘inverno demográfico’
– e não conseguirá honrar os compromissos laborais entre entidade empregadora e
assalariados... Dá a impressão que se continua a meter na mesma órbita de
problemas questões e situações que não podem ser postos em pé de igualdade.
= Numa
palavra: daqui a cinco anos – em 2020 – estaremos capazes de sermos regidos
pelos critérios supra citados? Quem terá de aprender mais depressa as regras:
os mais novos ou os mais velhos? Muita coisa tem mudado e os padrões de leitura
continuam a ser idênticos como se nada se tivesse tornado diferente!
António Sílvio
Couto
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