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segunda-feira, 1 de junho de 2015

Trabalhador-ideal em 2020


O trabalhador ideal em 2020 terá este perfil: um funcionário polivalente, de mentalidade elástica, muito assertivo e com forte inteligência emocional... É assim que, nos EUA, estudos apontam para o modo como deve ser o homem ou mulher que quiser ter um (bom) lugar no mercado em 2020, isto é, daqui a cinco anos!

= Se tivermos em conta a quebra acentuada da natalidade, a crescente informatização dos meios de produção e até a decrescente necessidade de tanto tempo de trabalho...teremos, na nossa condição de trabalhadores, de reaprender a estar e a ocupar o nosso tempo...numa aprendizagem que cada vez menos está feita, completa ou acabada. 

= De facto, já não há mais uma ‘profissão para toda a vida’ e nem sequer o local de trabalho será sempre o mesmo. Isto coloca-nos numa vulnerabilidade constante, necessitando de nos adaptarmos a novas realidades, com funções abrangentes e numa contínua capacidade de sabermos reconhecer que as nossas funções serão o que a adaptação exigir. A versatilidade não será só mais um capricho do empregador, mas uma consequência da inteligência do empregado, que terá de se conhecer com humildade e pragmatismo...contínuos.

= Talvez esteja a mudar o conceito e a prática do sindicalismo, pois muitos dos direitos adquiridos podem ser postos em causa...até pelo simples facto de poder perigar o posto de trabalho, senão houver uma razoabilidade de adaptação às novas funções e/ou ao exercício da atividade profissional. Com efeito, têm de ser alargados os horizontes, tanto da profissão como da função social do emprego, atendendo aos riscos de superação das necessidades de laboração, seja no tempo, seja na qualidade de produção.

= Atendendo a que o fator humano pode entrar em diminuição interventiva, será preciso preparar as pessoas – trabalhadores ou empregadores – para disporem de mais tempo livre, tanto na quantidade como, sobretudo, na qualidade. Isso nunca poderá reverter em ocupação do tempo sobrante em novas atividades laborais (remuneradas ou não), mas antes na valorização humana e cultural de todos os intervenientes no tecido laboral. Deste modo será urgente encontrar novos modelos de emprego, onde o que conta é a dimensão qualitativa e não as mais-valias de quem emprega ou que trabalha...

= Seria quase um aviltamento da nossa condição humana de trabalhadores continuarmos a usar conceitos marxistas do século XIX, quando já superamos muitas das barreiras culturais de antanho. Urge, por isso, mudar o modo de enfrentar até o desemprego e a sustentabilidade do (dito) Estado-social, pois este continua a fazer valer os fatores de produção e não os critérios de participação nos locais de emprego. Não é mais sustentável exigir o pagamento de catorze meses de trabalho (férias e subsídio de natal), quando – como no caso de atividades que tratam com fatores humanos, sociais ou de educação – não há rendimentos para que tais regalias possam ser usufruídas... E isto não é mero liberalismo económico, mas antes bom-senso e sustentabilidade dos postos de trabalho... a médio e a longo prazo. 

= A apelidada ‘economia social’ não pode ser equiparada nem gerida pelas mesmas regras e/ou parâmetros da indústria ou dos serviços, pois aquela está suscetível de perder ‘matéria-prima’ – bastará atender ao ‘inverno demográfico’ – e não conseguirá honrar os compromissos laborais entre entidade empregadora e assalariados... Dá a impressão que se continua a meter na mesma órbita de problemas questões e situações que não podem ser postos em pé de igualdade.

= Numa palavra: daqui a cinco anos – em 2020 – estaremos capazes de sermos regidos pelos critérios supra citados? Quem terá de aprender mais depressa as regras: os mais novos ou os mais velhos? Muita coisa tem mudado e os padrões de leitura continuam a ser idênticos como se nada se tivesse tornado diferente! 

 

António Sílvio Couto

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