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segunda-feira, 22 de junho de 2015

As pessoas mudam...verdade ou mentira?


Recordo uma conversa, em tempos, com uma senhora – mãe de cinco filhos, mas solteira no bilhete de identidade – bem como o pai desses filhos...também ele solteiro na identificação. ‘Então por que não se casam?... Não, eles depois de casados mudam!’

Não entendi as razões, mas aceitei as explicações.

Mais tarde, numa outra conversa, doutro teor e alcance, ouvi a mesma expressão: ‘as pessoas mudam’...numa tentativa de deixar que, passando o tempo, as coisas se possam esclarecer melhor. Novamente fiquei sem atingir o que isso queria dizer...verdadeiramente!

= Ora, nos tempos mais recentes, parece que comecei a vislumbrar algum entendimento de tal expressão. Porque o assunto é um tanto melindroso, seguirei a preferência pelas perguntas, que podem e devem ser respondidas...tanto quanto formos capazes e a inteligência humana nos permitir.

As pessoas mudam ou acomodam-se? As pessoas mudam por maturidade ou por recurso? As pessoas mudam em razão de motivos ou segundo tentativas de adaptação? As pessoas mudam de opção ou por mera estratégia? As pessoas mudam a partir de dentro ou adaptam-se pelo exterior? As pessoas mudam, revelando o que são, ou tentam iludirem-se, enganando os outros? As pessoas mudam em razão do ser ou em virtude do ter? As pessoas reconhecem a mudança (boa ou má, sincera ou simulada, verdadeira ou confusa) ou adiam a assunção dos seus erros e más opções?

Mesmo que de forma um tanto ousada, questiono: reconheço que tenho mudado? Será isso algo de bom e de amadurecimento? Como reajo às (reais, virtuais ou fictícias) mudanças dos outros? Aceito essas mudanças ou julgo as pessoas – sobretudo as que penso conhecer – de forma preconceituosa?

= Quando a mudança manifesta crescimento humano, psicológico e (até) espiritual, deveremos percebê-lo numa maior humildade para com os outros e segundo uma maior exigência para consigo mesmo... Parece que na maior parte das situações, a mudança se manifesta no contrário: exigência para com os outros e complacência para consigo mesmo. Se estivermos neste plano, poderemos considerar que é uma mudança pouco abonatória e talvez sem a mínima consistência...

= Outro fator revelador duma mudança séria é a da correção dos próprios erros, num processo de conversão – dizemo-lo em contexto cristão – que atende aos seus ‘pecados’ e, porque sabe quanto lhe custa viver essa conversão, torna-se mais compreensivo para com as falhas dos outros...esperando o tempo do reconhecimento do mal feito e da necessária vivência da mudança! Será sempre uma questão de saber onde está o centro: em mim mesmo ou nos outros. Se estes me ajudam a crescer numa mudança aos valores e critérios do Evangelho, então, posso aceitar que me ajudem a corrigir-me sem nada temer ou rejeitar.

= Quase nada terá sentido, se pretendermos ser intocáveis e não corrigíveis. Com efeito, o tentador é que nos torna orgulhosos, justificativos e sem necessidade de correção. Será na medida em que nos deixarmos ajudar a conhecer mais nas falhas e nos erros do que elogiados nas façanhas e sucessos que perceberemos que a mudança é algo de bom e de saudável...mesmo que à custa de sacrifício e do domínio de si mesmo.

= Sem pretendermos coisificar este tema da mudança, podemos recorrer à figura do ouriço-cacheiro, que, em ambiente normal, anda vendo-se-lhe o focinho e, quando, menos bem acolhido, se enrola na sua carapaça e volta os picos para fora... Será uma questão de sobrevivência ou de adaptação? Não andaremos muito longe da verdade, se virmos no ouriço-cacheiro, um sinal da nossa conduta para a mudança na dimensão pessoal, familiar, social e até mesmo eclesial!

 

António Sílvio Couto

3 comentários:

  1. As pessoas mudam porque PRECISAM de ajuda!
    Mesmo sem saberem bem do que pretendem de uma forma consciente!

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  2. As pessoas mudam porque muitas vezes são obrigadas a isso!!!

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    1. Também isso, mas se a pessoa tem ressentimentos ou de alguma coisas mal resolvidas pode mudar para o pior? E que pode faltar comunicaçao tipo empatia para ajudar na mudança da pessoa?

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