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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Do sorriso à alegria e vice-versa


Foi notícia por estes dias: uma cantora norte-americana, Miley Cyrus, de vinte e um anos, reconheceu que costuma deitar a língua de fora por não saber sorrir. Dizia: ‘fico tão envergonhada de as pessoas me tirarem fotos, que não sei como sorrir. Isso acaba por me deixar incomodada, pelo que deito a língua de fora, porque não me ocorre outra coisa’.

Ainda em contexto natalício, por entre tantas campanhas, havia uma intitulada: ‘missão sorriso’, onde se uniram uma cadeia de grande superfície comercial e uma entidade promotora de benemerência… em ordem a recolherem alimentos para famílias mais carenciadas… com transmissões televisivas de permeio… a sorrir!

= Por que é que se insiste tanto nesta dimensão do sorriso, será porque as pessoas parecem tão tristes? Será o sorriso uma qualidade humana ou ato do homem/mulher? Haverá verdade em muitos dos sorrisos com que nos cruzamos? Como se pode e se deve sorrir sem usar os outros? Podemos acreditar em todo o sorriso? Não haverá sorrisos falsos e falsos que se encobrem no sorriso? Não haverá algum cinismo em tantos dos sorrisos? Qual a raiz do verdadeiro e autêntico sorriso? Se atendermos ao contexto cristão/católico veremos alguma diferença? Serão os cristãos sinais diferentes ou tão iguais que (quase) nada dizem aos que não têm fé? Seremos anunciadores, pela vida e pelo testemunho, de uma mensagem alegre? O nosso rosto não será demasiado triste para que o sorriso não disfarce a falta de sorriso? 


= Dizem os entendidos que sorrir liberta muito mais do que se vivermos em atitude de tristeza. Para colocar uma fácies triste concorrem mais músculos em contração do que os que manifestam alegria em distensão … tornando as pessoas, com tendências de tristeza, um rosto mais pesado, agastado e mesmo envelhecido.
 

Como diz o Papa Francisco, na exortação Alegria do evangelho: «compreendo as pessoas que se vergam à tristeza por causa das graves dificuldades que têm que suportar, mas aos poucos é preciso permitir que a alegria da fé comece a despertar, como uma secreta mas firme confiança, mesmo no meio das piores angústias» (n.º 7).

Será que podemos criar uma nova cultura, onde a alegria seja marca e o sorriso uma distinção? Quais serão, então, os sinais necessários para que essa cultura se manifeste sem medo nem vã interpretação? Como poderemos ser mais alegres e não vivermos na desconfiança dos menos sorridentes?

Eis cinco breves propostas:

- Tornar a alegria dom e serviço aos outros, sobretudo, àqueles que não têm fé, pois, se pela alegria/sorriso, conseguirmos evangelizar, estaremos a tornar Jesus presente em tantas vidas que nos parecem vazias.

- Falar pela positiva e, por todas as formas, exorcizar os vendedores de tristezas e de maledicência… mesmo que isso implique denúncia profética.

- Criar círculos de boa influência, seja no espaço da família até no local de trabalho, bem como noutras instâncias de presença, tornando esses lugares (humanos, sociais e culturais) oportunidades de boa vontade e de boa harmonia entre todos e, onde os que pretendam ser más influências, sejam vencidos pela compreensão e pelo carinho fraterno.

- Propor e viver mais em conformidade com a credibilidade dos atos e não ao sabor das (boas) intenções… que facilmente se esboroam nos atritos de cada dia.

- Aprender a ter uma boa estória, anedota ou graça saudável, procurando fazer rir (ou ao menos sorrir) sem superficialidade, mas numa construção atenta ao bem alheio e não ao nosso interesse de protagonismo.

São só breves sugestões, que bem gostaria de poder viver como atitude de vida e não como ansiado projeto, pois da alegria (verdadeira) nos fala Jesus e nos ensina (sempre) o Espírito Santo…ontem como hoje!              

 

António Sílvio Couto

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