Na sua
primeira mensagem para o próximo (47.º) dia mundial da paz, 1 de janeiro, o
Papa Francisco faz uma longa dissertação sobre o tema: ‘Fraternidade,
fundamento e caminho para a paz’.
Respigamos
breves excertos e tentaremos colher algumas lições.
- A família é a fonte
de toda a fraternidade.
- Num mundo
caracterizado pela globalização da indiferença… lentamente nos faz habituar ao
sofrimento alheio, fechando-nos em nós mesmos.
- A globalização
torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos…[numa] ausência duma cultura de
solidariedade.
- As novas
ideologias, caracterizadas por generalizado individualismo, egocentrismo e
consumismo materialista, debilitam os laços sociais, alimentando aquela
mentalidade do descartável que induz ao desprezo e abandono dos mais fracos,
daqueles que são considerados inúteis. Assim, a convivência humana assemelha-se
sempre mais a um mero ‘do ut des’ [dou para que dês] pragmático e egoísta.
- A humanidade traz
inscrita em si mesma uma vocação à fraternidade, mas também a possibilidade
dramática da sua traição.
- A raiz da
fraternidade está contida na paternidade de Deus.
- A fraternidade
humana foi regenerada em e por Jesus Cristo, com a sua morte e ressurreição.
- Em Cristo, o outro
é acolhido como filho ou filha de Deus, como irmão ou irmã e não como um
estranho, menos ainda como um antagonista ou até um inimigo.
- A paz ou é bem de
todos ou não o é de ninguém.
- Há uma forma de
promover a fraternidade é o desapego vivido por quem escolhe estilos de vida
sóbrios e essenciais, por quem, partilhando as suas riquezas, consegue assim
experimentar a comunhão fraterna com os outros.
- As graves crises
financeiras e económicas dos nossos dias impeliram muitas pessoas a buscar o
bem-estar, a felicidade e a segurança no consumo e no lucro fora de toda a
lógica duma economia saudável.
- As sucessivas
crises económicas devem levar a repensar adequadamente os modelos de
desenvolvimento económico e a mudar os estilos de vida.
- É precisa uma
conversão do coração que permita a cada um reconhecer no outro um irmão do qual
cuidar e com o qual trabalhar para, juntos, construírem uma vida em plenitude
para todos.
- A fraternidade gera
paz social, porque cria um equilíbrio entre liberdade e justiça, entre
responsabilidade pessoal e solidariedade, entre bem dos indivíduos e bem comum.
- A natureza está à
nossa disposição, mas somos chamados a administrá-la responsavelmente… De que
modo usamos os recursos da terra?
- O serviço é a alma
da fraternidade que edifica a paz.
= Tentativas de respostas às perguntas de sempre
Através desta
mensagem o Papa Francisco, numa vertente típica do santo que fundamenta o seu
nome – Francisco de Assis – aborda a temática da paz pela raiz da fraternidade,
que nos faz a todos irmãos sem diferença de prerrogativas, mas antes idênticos
na comunhão.
É mergulhando na
essência da nossa pessoa humana – criada por Deus, em comunhão com a natureza,
regenerada em Cristo e na vivência comunitária em Igreja – que a fraternidade
se torna outro rosto da paz e ainda como compromisso político com os outros.
Com efeito, muitos dos egoísmos e individualismos que nos tentam, acontecem
pelo afastamento de Deus e do diálogo de uns para com os outros.
Por vezes tentamos
encontrar desculpas para o nosso viver superficial, mas o que nos falta é a
consciência de pertença à família humana e às suas mais diversas comunhões…
mesmo que isso nos custe viver e testemunhar na verdade, na simplicidade e
lealdade. A paz é possível, pois todos somos filhos de Deus e irmãos/as em
Cristo!
António Sílvio Couto
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