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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Fraternidade – caminho para a paz


Na sua primeira mensagem para o próximo (47.º) dia mundial da paz, 1 de janeiro, o Papa Francisco faz uma longa dissertação sobre o tema: ‘Fraternidade, fundamento e caminho para a paz’.

Respigamos breves excertos e tentaremos colher algumas lições.

- A família é a fonte de toda a fraternidade.

- Num mundo caracterizado pela globalização da indiferença… lentamente nos faz habituar ao sofrimento alheio, fechando-nos em nós mesmos.

- A globalização torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos…[numa] ausência duma cultura de solidariedade.

- As novas ideologias, caracterizadas por generalizado individualismo, egocentrismo e consumismo materialista, debilitam os laços sociais, alimentando aquela mentalidade do descartável que induz ao desprezo e abandono dos mais fracos, daqueles que são considerados inúteis. Assim, a convivência humana assemelha-se sempre mais a um mero ‘do ut des’ [dou para que dês] pragmático e egoísta.

- A humanidade traz inscrita em si mesma uma vocação à fraternidade, mas também a possibilidade dramática da sua traição.

- A raiz da fraternidade está contida na paternidade de Deus.

- A fraternidade humana foi regenerada em e por Jesus Cristo, com a sua morte e ressurreição.

- Em Cristo, o outro é acolhido como filho ou filha de Deus, como irmão ou irmã e não como um estranho, menos ainda como um antagonista ou até um inimigo.

- A paz ou é bem de todos ou não o é de ninguém.

- Há uma forma de promover a fraternidade é o desapego vivido por quem escolhe estilos de vida sóbrios e essenciais, por quem, partilhando as suas riquezas, consegue assim experimentar a comunhão fraterna com os outros.

- As graves crises financeiras e económicas dos nossos dias impeliram muitas pessoas a buscar o bem-estar, a felicidade e a segurança no consumo e no lucro fora de toda a lógica duma economia saudável.

- As sucessivas crises económicas devem levar a repensar adequadamente os modelos de desenvolvimento económico e a mudar os estilos de vida.

- É precisa uma conversão do coração que permita a cada um reconhecer no outro um irmão do qual cuidar e com o qual trabalhar para, juntos, construírem uma vida em plenitude para todos.

- A fraternidade gera paz social, porque cria um equilíbrio entre liberdade e justiça, entre responsabilidade pessoal e solidariedade, entre bem dos indivíduos e bem comum.

- A natureza está à nossa disposição, mas somos chamados a administrá-la responsavelmente… De que modo usamos os recursos da terra?

- O serviço é a alma da fraternidade que edifica a paz.

= Tentativas de respostas às perguntas de sempre

Através desta mensagem o Papa Francisco, numa vertente típica do santo que fundamenta o seu nome – Francisco de Assis – aborda a temática da paz pela raiz da fraternidade, que nos faz a todos irmãos sem diferença de prerrogativas, mas antes idênticos na comunhão.

É mergulhando na essência da nossa pessoa humana – criada por Deus, em comunhão com a natureza, regenerada em Cristo e na vivência comunitária em Igreja – que a fraternidade se torna outro rosto da paz e ainda como compromisso político com os outros. Com efeito, muitos dos egoísmos e individualismos que nos tentam, acontecem pelo afastamento de Deus e do diálogo de uns para com os outros.

Por vezes tentamos encontrar desculpas para o nosso viver superficial, mas o que nos falta é a consciência de pertença à família humana e às suas mais diversas comunhões… mesmo que isso nos custe viver e testemunhar na verdade, na simplicidade e lealdade. A paz é possível, pois todos somos filhos de Deus e irmãos/as em Cristo!

 

António Sílvio Couto

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