A
Conferência Episcopal Portuguesa publicou, no final da última
reunião plenária, no dia 11 de abril, uma nota pastoral intitulada:
‘A força da família em tempos de crise’. Neste texto os nossos
bispos fazem-nos reflectir sobre alguns aspectos essenciais da
família. Respigaremos breves excertos, tentando respeitar os
subtítulos do documento, e acrescentaremos umas tantas perguntas...
que nos parecem úteis.
1.
Família: bem social
A família
representa um bem público, um bem social. Podemos encará-la na
perspetiva do seu relevo privado, como um bem para a realização
pessoal, no plano afetivo, espiritual ou outros, de cada um dos seus
membros. Mas devemos também encará-la na perspetiva do seu relevo
social, do bem que representa para a sociedade no seu todo.
(...) A saúde e
coesão de uma sociedade dependem, por isso, da saúde e coesão da
família.
Só a família concebida a partir do compromisso definitivo entre um homem e uma mulher pode desempenhar esta função social. As alterações legislativas que, entre nós como noutros países, vêm redefinindo o casamento de forma a nele incluir uniões de pessoas do mesmo sexo, esquecem esta verdade fundamental.
(...) A família é o santuário da vida e do amor, lugar da manifestação de uma grande ternura. - A quem interessa confundir as noções de ‘família’ senão àqueles que sobrevivem nas confusões, sejam elas terminológicas ou sejam morais/éticas ou pseudo-culturais?
- Como poderemos vencer os lóbis anti-família, se a esta não for dado significado e afirmação positiva?
- Porque se escondem, mesmo noticiosamente, tantas tribulações – desde a agressividade até ao crime – das ditas famílias homossexuais?
2. Importância da família Na família respeita-se a dignidade da pessoa humana, esta é encarada como ser único e irrepetível. Nela não há lugar para o anonimato. Nela a pessoa é acolhida e amada pelo que é, não pelo que faz ou pelo que produz. Por isso, o contexto familiar é aquele em que os mais vulneráveis, incluindo os doentes e portadores de deficiência, não deixam de ser valorizados.
A família é a primeira e mais básica escola de sociabilidade. Nela se aprende a convivência com o outro e o diferente; o homem é diferente da mulher, os irmãos nunca são iguais, e os filhos nunca são o reflexo da imagem dos pais. (...) Na família a autoridade é exercida como serviço e por amor.
A renovação das gerações no seio da família também permite a mais harmoniosa aliança entre a tradição e a novidade. (...) Num outro aspeto a família representa o contexto mais adequado e harmonioso para o crescimento e educação das novas gerações. A família nasce da unidade e complementaridade das dimensões masculina e feminina, que cooperam, nessa unidade e complementaridade, para a integridade da educação humana.
- Quando vemos proliferar situações de famílias mono-parentais não estará um tanto em risco o equilíbrio das pessoas, sobretudo dos mais frágeis?
- Quando vemos ser questionada – anárquica, abusiva e acintosamente – a autoridade dos pais como poderemos ter cidadãos felizes e saudáveis?
- Quando aos velhos são substraídos os elementos mais básicos como poderemos sobreviver civicamente?
3. Crise económica e social com repercussão na família A crise económica e social que o nosso país atravessa vem evidenciando, precisamente, a riqueza que representa a família. Tem sido a solidariedade familiar, que se traduz em solidariedade entre gerações, em muitos casos, o primeiro e mais seguro apoio de quem se vê a braços com o desemprego, ou a queda abrupta de rendimentos, com a consequente incapacidade de fazer face a compromissos assumidos que se destinam à satisfação de necessidades familiares essenciais, como a da habitação. (...) Na raiz da crise que atravessamos estão fracassos de um modelo económico assente na maximização do lucro e do consumo. (...) A gratuidade típica das relações familiares deve servir de modelo para este novo paradigma de desenvolvimento económico.
- Perante certas (ditas) ajudas -- sociais, políticas e/ou assistenciais -- estaremos a dignificar ou a desvalorizar a família?
- Até onde irá a subsidio-dependência em tantos contextos familiares degradados, que, por vezes, se tornam degradantes?
- Os laços familiares já aprenderam a gerar novas formas de partilha e de inter-comunhão... muito para além da ajuda circunstancial?
4. Abertura à vida na família... com critérios cristãos Talvez o mais eloquente sinal de que a crise da instituição familiar se traduz em malefícios sociais seja o da crise demográfica, que muitos consideram o mais grave dos problemas sociais das sociedades europeias, numa perspetiva do seu futuro mais ou menos próximo. As últimas estatísticas apontam Portugal como um dos países com mais baixa taxa de natalidade em todo o mundo.
A família abre-se, por desígnio natural, à vida. (...) É claro o bem que representa hoje a maior longevidade, o facto de os idosos viverem mais tempo do que noutras épocas. O que é problemático não é isso; não há idosos “a mais”, porque estes são sempre uma riqueza, e nunca um peso. O que é problemático e causa desequilíbrios é que não nasçam crianças. (...) Ajudam a combater a crise da natalidade medidas fiscais, que promovam o emprego juvenil, ou que facilitem a conciliação entre o trabalho e a vida familiar. Mas o contributo decisivo para vencer a crise demográfica situa-se no plano da cultura e da mentalidade.
- De facto, como poderemos acreditar que o Estado/governo são ‘pessoas de bem’ se protegem quem combate a vida, matando-a ainda antes de nascer?
- Quando se paga, repetidamente, o recurso ao método do aborto e não se ajuda quem quer ter filhos, ainda estaremos a salvaguardar o nosso futuro?
- Como poderemos defender o ‘estado social’ se as comparticipações legais nos fazem pagar métodos anti-vida e não são apoiados gestos de amor responsáveis?
5. Família: projeto duradouro... com percalços
Para vencer a crise demográfica, como em relação a muitos outros aspetos relativos à sua função social, há que acreditar na família como um projeto duradouro, assente num compromisso de doação total e não na volatilidade dos sentimentos. Só nesse contexto é razoável a decisão de ter filhos. Se a saúde e coesão da sociedade dependem da saúde e coesão da família, esta está estritamente ligada à sua estabilidade.
Vai-se generalizando, porém, a opção por formas de convivência marital precária, que recusam esse compromisso; tal como é cada vez mais frequente o recurso ao divórcio, o que a legislação vigente também não deixa de facilitar em extremo. (...) Não é demais lembrar a responsabilidade que representa a preparação, mais remota e mais próxima, para o casamento. Uma preparação que envolve as famílias, as instâncias educativas e a Igreja. - Quando vemos, sentimos e escutamos um certo descrédito sobre a estabilidade do matrimónio – ou mais vulgarmente na etapa do casamento – ainda poderemos acreditar na sanidade dos aventureiros em fazê-lo... para além da festa e das prendas?
- No contexto da preparação próxima – cursos e reuniões – para o casamento/matrimónio como poderemos refazer a linguagem, quando mais de metade dos candidatos já vive em conjunto e/ou com filhos?
- Depois de certas vivências mal-sucedidas – onde o divórcio se torna ferida – como deve a mãe-Igreja acolher e tratar compassivamente os re-casados e as vítimas da separação não-culpável?
6. A sociedade à imagem da família Os valores que se vivem na família – a pessoa amada e acolhida como ser único e irrepetível, o amor gratuito, a solidariedade espontânea, a autoridade como serviço, o valor do doente e do idoso, a aliança da tradição e da inovação, a unidade e complementaridade das dimensões masculina e feminina, a fidelidade e o compromisso – devem estender-se, por seu intermédio, a toda a sociedade: às empresas, aos serviços públicos, às escolas e hospitais, às comunidades eclesiais, às associações. A família é o modelo, o dever ser de qualquer convivência humana.
- Não será verdade que a sociedade está em colapso porque a família está doente?
- Quando entenderemos que a razão mais funda da nossa crise não se situa em coisas materiais mas em situações culturais?
- Já fez o chec-up da sua família para entender melhor os males da nossa sociedade?
Só a família concebida a partir do compromisso definitivo entre um homem e uma mulher pode desempenhar esta função social. As alterações legislativas que, entre nós como noutros países, vêm redefinindo o casamento de forma a nele incluir uniões de pessoas do mesmo sexo, esquecem esta verdade fundamental.
(...) A família é o santuário da vida e do amor, lugar da manifestação de uma grande ternura. - A quem interessa confundir as noções de ‘família’ senão àqueles que sobrevivem nas confusões, sejam elas terminológicas ou sejam morais/éticas ou pseudo-culturais?
- Como poderemos vencer os lóbis anti-família, se a esta não for dado significado e afirmação positiva?
- Porque se escondem, mesmo noticiosamente, tantas tribulações – desde a agressividade até ao crime – das ditas famílias homossexuais?
2. Importância da família Na família respeita-se a dignidade da pessoa humana, esta é encarada como ser único e irrepetível. Nela não há lugar para o anonimato. Nela a pessoa é acolhida e amada pelo que é, não pelo que faz ou pelo que produz. Por isso, o contexto familiar é aquele em que os mais vulneráveis, incluindo os doentes e portadores de deficiência, não deixam de ser valorizados.
A família é a primeira e mais básica escola de sociabilidade. Nela se aprende a convivência com o outro e o diferente; o homem é diferente da mulher, os irmãos nunca são iguais, e os filhos nunca são o reflexo da imagem dos pais. (...) Na família a autoridade é exercida como serviço e por amor.
A renovação das gerações no seio da família também permite a mais harmoniosa aliança entre a tradição e a novidade. (...) Num outro aspeto a família representa o contexto mais adequado e harmonioso para o crescimento e educação das novas gerações. A família nasce da unidade e complementaridade das dimensões masculina e feminina, que cooperam, nessa unidade e complementaridade, para a integridade da educação humana.
- Quando vemos proliferar situações de famílias mono-parentais não estará um tanto em risco o equilíbrio das pessoas, sobretudo dos mais frágeis?
- Quando vemos ser questionada – anárquica, abusiva e acintosamente – a autoridade dos pais como poderemos ter cidadãos felizes e saudáveis?
- Quando aos velhos são substraídos os elementos mais básicos como poderemos sobreviver civicamente?
3. Crise económica e social com repercussão na família A crise económica e social que o nosso país atravessa vem evidenciando, precisamente, a riqueza que representa a família. Tem sido a solidariedade familiar, que se traduz em solidariedade entre gerações, em muitos casos, o primeiro e mais seguro apoio de quem se vê a braços com o desemprego, ou a queda abrupta de rendimentos, com a consequente incapacidade de fazer face a compromissos assumidos que se destinam à satisfação de necessidades familiares essenciais, como a da habitação. (...) Na raiz da crise que atravessamos estão fracassos de um modelo económico assente na maximização do lucro e do consumo. (...) A gratuidade típica das relações familiares deve servir de modelo para este novo paradigma de desenvolvimento económico.
- Perante certas (ditas) ajudas -- sociais, políticas e/ou assistenciais -- estaremos a dignificar ou a desvalorizar a família?
- Até onde irá a subsidio-dependência em tantos contextos familiares degradados, que, por vezes, se tornam degradantes?
- Os laços familiares já aprenderam a gerar novas formas de partilha e de inter-comunhão... muito para além da ajuda circunstancial?
4. Abertura à vida na família... com critérios cristãos Talvez o mais eloquente sinal de que a crise da instituição familiar se traduz em malefícios sociais seja o da crise demográfica, que muitos consideram o mais grave dos problemas sociais das sociedades europeias, numa perspetiva do seu futuro mais ou menos próximo. As últimas estatísticas apontam Portugal como um dos países com mais baixa taxa de natalidade em todo o mundo.
A família abre-se, por desígnio natural, à vida. (...) É claro o bem que representa hoje a maior longevidade, o facto de os idosos viverem mais tempo do que noutras épocas. O que é problemático não é isso; não há idosos “a mais”, porque estes são sempre uma riqueza, e nunca um peso. O que é problemático e causa desequilíbrios é que não nasçam crianças. (...) Ajudam a combater a crise da natalidade medidas fiscais, que promovam o emprego juvenil, ou que facilitem a conciliação entre o trabalho e a vida familiar. Mas o contributo decisivo para vencer a crise demográfica situa-se no plano da cultura e da mentalidade.
- De facto, como poderemos acreditar que o Estado/governo são ‘pessoas de bem’ se protegem quem combate a vida, matando-a ainda antes de nascer?
- Quando se paga, repetidamente, o recurso ao método do aborto e não se ajuda quem quer ter filhos, ainda estaremos a salvaguardar o nosso futuro?
- Como poderemos defender o ‘estado social’ se as comparticipações legais nos fazem pagar métodos anti-vida e não são apoiados gestos de amor responsáveis?
5. Família: projeto duradouro... com percalços
Para vencer a crise demográfica, como em relação a muitos outros aspetos relativos à sua função social, há que acreditar na família como um projeto duradouro, assente num compromisso de doação total e não na volatilidade dos sentimentos. Só nesse contexto é razoável a decisão de ter filhos. Se a saúde e coesão da sociedade dependem da saúde e coesão da família, esta está estritamente ligada à sua estabilidade.
Vai-se generalizando, porém, a opção por formas de convivência marital precária, que recusam esse compromisso; tal como é cada vez mais frequente o recurso ao divórcio, o que a legislação vigente também não deixa de facilitar em extremo. (...) Não é demais lembrar a responsabilidade que representa a preparação, mais remota e mais próxima, para o casamento. Uma preparação que envolve as famílias, as instâncias educativas e a Igreja. - Quando vemos, sentimos e escutamos um certo descrédito sobre a estabilidade do matrimónio – ou mais vulgarmente na etapa do casamento – ainda poderemos acreditar na sanidade dos aventureiros em fazê-lo... para além da festa e das prendas?
- No contexto da preparação próxima – cursos e reuniões – para o casamento/matrimónio como poderemos refazer a linguagem, quando mais de metade dos candidatos já vive em conjunto e/ou com filhos?
- Depois de certas vivências mal-sucedidas – onde o divórcio se torna ferida – como deve a mãe-Igreja acolher e tratar compassivamente os re-casados e as vítimas da separação não-culpável?
6. A sociedade à imagem da família Os valores que se vivem na família – a pessoa amada e acolhida como ser único e irrepetível, o amor gratuito, a solidariedade espontânea, a autoridade como serviço, o valor do doente e do idoso, a aliança da tradição e da inovação, a unidade e complementaridade das dimensões masculina e feminina, a fidelidade e o compromisso – devem estender-se, por seu intermédio, a toda a sociedade: às empresas, aos serviços públicos, às escolas e hospitais, às comunidades eclesiais, às associações. A família é o modelo, o dever ser de qualquer convivência humana.
- Não será verdade que a sociedade está em colapso porque a família está doente?
- Quando entenderemos que a razão mais funda da nossa crise não se situa em coisas materiais mas em situações culturais?
- Já fez o chec-up da sua família para entender melhor os males da nossa sociedade?
António
Sílvio Couto
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