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Popularidade, a quanto obrigas!
Muitos
dos intervenientes na praça pública – nem todos pelas mais
salutares razões – procuram ganhar, normalmente em seu proveito,
pontos para estarem/serem ou continuarem a ser populares, pois deste
modo poderão ascender ou manter-se à tona dos seus poderes.
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Muito do que dizem e/ou do que fazem – nalgumas vezes pouco mais
será do que nada ou sob razoáveis intenções – os actores da
popularidade é para que possam flutar na onda da boa cotação... a
seus olhos, dos apaniguados ou enquanto dura a projecção real ou
virtual.
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Muito do que tentam os participantes na popularidade é para que seja
visto mais pela espuma do que pelo que se situa no cerne das
questões: quando falam, pouco dizem, mas não saem da mira dos
holofotes; quando aparecem fazem-se avisar ou até pagam para que
deles falem... positivamente.
Porque
nem tudo o reluz é verdade, a popularidade tem um preço e traz
custos muito elevados: enquanto se é mais ou menos bem sucedido
todos rejubilam, mas quando se põe o pé em plano inclinado poucos
ficam para levantar o caído... A popularidade vale o que vale e
serve enquanto serve!
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Populismo, a quantos subjugas!
O
recente falecimento de Hugo Chavez, na Venezuela, foi uma das mais
eminentes ilustrações do populismo dos nossos dias: culto da
personalidade e pouca capacidade de trabalhar com outros,
endeusamento ou mistificação dos projectos, atitude acrítica dos
seguidores e envolvência ritual, onde desde a roupagem até às
ideias pouco mais vimos ou sentimos que essa figura idolatrada...
sobretudo por ocasião da sua morte.
Com
razoável coincidência os fomentadores, os cultivadores e mesmo os
defensores – mesmo que tacitamente – do populismo surgiram de
meios sócio-económicos desfavorecidos, que se impuseram,
normalmente, no início de forma democrática, mas que se alicerçaram
no poder de feição mais ou menos ditatorial: foi assim com Lenine,
com Hitler, com Mao Tsé-Tung, com Mobutu... e com muitos outros em
continentes e regiões minimamente clivadas por ricos e pobres... e,
por fim, foram embalsamados!
É
sintomático que o populismo se apresente, de muitas e variadas
formas, como se fosse uma espécie de messianismo, nalguns casos sob
a tónica da luta de classes, de nivelamento de todos – onde os
mais pobres ascendem a patamares não pensados, mas gerando novos
excluídos, porque não concordam com eles – e numa espécie de
distribuição igualitária de direitos... mesmo que ofendendo os
deveres.
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Causas e consequências, ontem como hoje
Tanto
a popularidade como o populismo sofrem da exploração dos outros,
nuns casos de forma subtil e noutros de forma mais enérgica e
revolucionária. Quase sempre popularidade e populismo têm boas
intenções, mas os efeitos corroem os mais elementares valores da
pessoa e da sociedade... gerando novos e desgraçados pobres,
aniquilando os direitos dos opositores ou dos adversários, que são,
facilmente, rotulados de inimigos, sendo combatidos e perseguidos
Com
a crise que estamos a viver com mais facilidade medrará o populismo,
mesmo que sob a capa de popularidade e de pretensa democracia.
Afinal, quando o ‘homem se torna lobo do homem’ os meios como que
justificam os fins... e deste veneno já estamos a beber
lentamente... em Portugal. Ainda não o percebemos?
António
Sílvio Couto
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