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domingo, 10 de março de 2013

Popularidade e populismo: causas e consequências

Num tempo ávido de protagonismo e cultivador de intérpretes dessa intervenção, vemos múltiplos sinais de pessoas que cultivam boa dose de popularidade e outras tantas que se deixam fascinar pelo populismo... Bastará sintonizar os diversos meios de comunicação – social, de grupo ou mesmo sob anonimato – para encontrarmos uma multidão de fautores, de instrumentalizados... nem que seja pelo ridículo ou mesmo a ridicularização da popularidade e do populismo.

= Popularidade, a quanto obrigas!

Muitos dos intervenientes na praça pública – nem todos pelas mais salutares razões – procuram ganhar, normalmente em seu proveito, pontos para estarem/serem ou continuarem a ser populares, pois deste modo poderão ascender ou manter-se à tona dos seus poderes.

- Muito do que dizem e/ou do que fazem – nalgumas vezes pouco mais será do que nada ou sob razoáveis intenções – os actores da popularidade é para que possam flutar na onda da boa cotação... a seus olhos, dos apaniguados ou enquanto dura a projecção real ou virtual.

- Muito do que tentam os participantes na popularidade é para que seja visto mais pela espuma do que pelo que se situa no cerne das questões: quando falam, pouco dizem, mas não saem da mira dos holofotes; quando aparecem fazem-se avisar ou até pagam para que deles falem... positivamente.

Porque nem tudo o reluz é verdade, a popularidade tem um preço e traz custos muito elevados: enquanto se é mais ou menos bem sucedido todos rejubilam, mas quando se põe o pé em plano inclinado poucos ficam para levantar o caído... A popularidade vale o que vale e serve enquanto serve!

= Populismo, a quantos subjugas!

O recente falecimento de Hugo Chavez, na Venezuela, foi uma das mais eminentes ilustrações do populismo dos nossos dias: culto da personalidade e pouca capacidade de trabalhar com outros, endeusamento ou mistificação dos projectos, atitude acrítica dos seguidores e envolvência ritual, onde desde a roupagem até às ideias pouco mais vimos ou sentimos que essa figura idolatrada... sobretudo por ocasião da sua morte.

Com razoável coincidência os fomentadores, os cultivadores e mesmo os defensores – mesmo que tacitamente – do populismo surgiram de meios sócio-económicos desfavorecidos, que se impuseram, normalmente, no início de forma democrática, mas que se alicerçaram no poder de feição mais ou menos ditatorial: foi assim com Lenine, com Hitler, com Mao Tsé-Tung, com Mobutu... e com muitos outros em continentes e regiões minimamente clivadas por ricos e pobres... e, por fim, foram embalsamados!

É sintomático que o populismo se apresente, de muitas e variadas formas, como se fosse uma espécie de messianismo, nalguns casos sob a tónica da luta de classes, de nivelamento de todos – onde os mais pobres ascendem a patamares não pensados, mas gerando novos excluídos, porque não concordam com eles – e numa espécie de distribuição igualitária de direitos... mesmo que ofendendo os deveres.

= Causas e consequências, ontem como hoje

Tanto a popularidade como o populismo sofrem da exploração dos outros, nuns casos de forma subtil e noutros de forma mais enérgica e revolucionária. Quase sempre popularidade e populismo têm boas intenções, mas os efeitos corroem os mais elementares valores da pessoa e da sociedade... gerando novos e desgraçados pobres, aniquilando os direitos dos opositores ou dos adversários, que são, facilmente, rotulados de inimigos, sendo combatidos e perseguidos

Com a crise que estamos a viver com mais facilidade medrará o populismo, mesmo que sob a capa de popularidade e de pretensa democracia. Afinal, quando o ‘homem se torna lobo do homem’ os meios como que justificam os fins... e deste veneno já estamos a beber lentamente... em Portugal. Ainda não o percebemos?



António Sílvio Couto

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