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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Sinais proféticos da (nossa) república... laica!


As comemorações oficiais – à mistura com outras oficiosas e ainda as pretensamente insidiosas – do dia da implantação da República (5 de outubro) trouxeram, no passado recente, alguns sinais que deveriam ser mais aprofundados... antes mesmo de serem, conjunturalmente, explorados: a posição da bandeira nacional na hora de ser hasteada, o local escolhido para o evento, as notas de partidocracite, as presenças e as ausências... e tudo o mais que, por ser simbólico, não poderá ser tratado como mero combate de forças obscuras e subterrâneas, mas antes deve ser trazido à luz aquilo que da luz precisa de ser iluminado... urgentemente.
= Desde logo Lisboa foi o palco das comemorações. Tudo o que aconteceu é da autoria exclusiva da edilidade. Ora, não foi isto que se viu nem na forma e muito menos no conteúdo. Valha a referência, posterior nos dias e menormente noticiada, às desculpas do presidente da câmara ao assumir que a bandeira nacional foi hasteada invertida: a culpa é dele! Quando quiseram ler naquele incidente uma profecia sobre o estado do país, quem estava bem intencionado ou quem se tornou oportunista do desgraçadismo? De forma invertida muita coisa pode ser convertida, mas, quando há má fé, de pouco adiantará o barulho produzido.. mesmo que seja mais audível a dos animais da guarda de honra oficial!...
= Empurraram as (ditas) comemorações para um designado ‘pátio da galé’ – será preságio de novos embarcados sem regresso? – mas os múltiplos e luzidios comemorantes eram vistos como convidados... onde não faltou quem quis aparecer ou quem esteve ausente e se quis fazer notado. As intervenções foram de teor simbólico: um pelo lugar que ocupa, outro pelo lugar que almeja; um com discurso anódino, outro com os desejos de protagonismo; um sem chama nem futuro, outro flamejante de aspirações... e outrostantos ódios de estimação; um com provocações (pretensamente) ocasionais, outro com aplausos de conspiração; um de corda ao pescoço, qual Egas Moniz da idade atual, outro com colar jacobino de grande edil e com pétalas de herói foragido; um com ar pesado e cúmplice na desgraça nacional, outro com ar sombranceiro de soslaio como quem vai flutuando sobre uns tantos nenúfares da tortulhocracia reinante... agora e num futuro próximo!
= Dizem que foi, por algum tempo, a derradeira comemoração da efeméride da implantação carbonária da república em Portugal. Há quem concorde, há quem discorde... mas a maioria foi usufruindo (ou gozando) de um feriado que já pouco ou nada diz à maioria da população... Nos campos – onde ainda se trabalhava – cuidava-se das últimas colheitas. Nas cidades – onde uns tantos se dizem mais alfabetizados – descansa-se e pouco diz essa tal de ‘república’, pois parece-lhes, antes, uma matrona decrépita e ao sabor da reforma insuficiente para amparar filhos e enteados... Só ainda alguns mais inteletuais – com denominação laica, republicana e ainda socialista – sentem a obrigação de se pronunciarem com uns tantos dislates de ocasião... nem que seja só entre apaniguados e simpatizantes... de circuito fechado e com amplificação encomendada!
Mesmo que de forma simplista, perguntamos:

- Para quando a implantção da IV república? Pois, a primeira caiu de podre e com inúmeros traidores sacrificados, a segunda foi ultrapassada e fez-se perseguidora de certos combatentes fugitivos, a terceira está prenhe de relapsos, sob as oportunidades perdidas e com benefícios e beneficiados em proveito egoísta...

- A bem da Nação, cuidemos de defender as possibilidades da república em não ser uma ditadura, onde uns tantos – ideológica e socialmente – ganham sempre, pisando quem não pensa como eles... nem que desgastem os adversários com mentiras e suspeitas... até eles sucumbirem pela exaustão!

- A bem da Nação, cuidemos em cercear com veemência os tentáculos desse polvo que tenta impor-se à custa da perseguição e do aviltamento dos mais frágeis e dos continuamente fragilizados... atendidos em maré de eleições e logo esquecidos na esquina mais imediata!

Será, afinal, esta república democrática ou, antes, uma promoção oligárquica dos medíocres?

 

António Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)

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