As
comemorações oficiais – à mistura com outras oficiosas e ainda as pretensamente
insidiosas – do dia da implantação da República (5 de outubro) trouxeram, no
passado recente, alguns sinais que deveriam ser mais aprofundados... antes
mesmo de serem, conjunturalmente, explorados: a posição da bandeira nacional na
hora de ser hasteada, o local escolhido para o evento, as notas de
partidocracite, as presenças e as ausências... e tudo o mais que, por ser simbólico,
não poderá ser tratado como mero combate de forças obscuras e subterrâneas, mas
antes deve ser trazido à luz aquilo que da luz precisa de ser iluminado...
urgentemente.
= Desde
logo Lisboa foi o palco das comemorações. Tudo o que aconteceu é da autoria
exclusiva da edilidade. Ora, não foi isto que se viu nem na forma e muito menos
no conteúdo. Valha a referência, posterior nos dias e menormente noticiada, às
desculpas do presidente da câmara ao assumir que a bandeira nacional foi hasteada
invertida: a culpa é dele! Quando quiseram ler naquele incidente uma profecia
sobre o estado do país, quem estava bem intencionado ou quem se tornou oportunista
do desgraçadismo? De forma invertida muita coisa pode ser convertida, mas,
quando há má fé, de pouco adiantará o barulho produzido.. mesmo que seja mais audível
a dos animais da guarda de honra oficial!...
= Empurraram
as (ditas) comemorações para um designado ‘pátio da galé’ – será preságio de
novos embarcados sem regresso? – mas os múltiplos e luzidios comemorantes eram
vistos como convidados... onde não faltou quem quis aparecer ou quem esteve
ausente e se quis fazer notado. As intervenções foram de teor simbólico: um
pelo lugar que ocupa, outro pelo lugar que almeja; um com discurso anódino,
outro com os desejos de protagonismo; um sem chama nem futuro, outro flamejante
de aspirações... e outrostantos ódios de estimação; um com provocações
(pretensamente) ocasionais, outro com aplausos de conspiração; um de corda ao
pescoço, qual Egas Moniz da idade atual, outro com colar jacobino de grande
edil e com pétalas de herói foragido; um com ar pesado e cúmplice na desgraça
nacional, outro com ar sombranceiro de soslaio como quem vai flutuando sobre
uns tantos nenúfares da tortulhocracia reinante... agora e num futuro próximo!
= Dizem
que foi, por algum tempo, a derradeira comemoração da efeméride da implantação
carbonária da república em Portugal. Há quem concorde, há quem discorde... mas
a maioria foi usufruindo (ou gozando) de um feriado que já pouco ou nada diz à
maioria da população... Nos campos – onde ainda se trabalhava – cuidava-se das
últimas colheitas. Nas cidades – onde uns tantos se dizem mais alfabetizados –
descansa-se e pouco diz essa tal de ‘república’, pois parece-lhes, antes, uma
matrona decrépita e ao sabor da reforma insuficiente para amparar filhos e
enteados... Só ainda alguns mais inteletuais – com denominação laica,
republicana e ainda socialista – sentem a obrigação de se pronunciarem com uns
tantos dislates de ocasião... nem que seja só entre apaniguados e
simpatizantes... de circuito fechado e com amplificação encomendada! Mesmo que de forma simplista, perguntamos:
- Para
quando a implantção da IV república? Pois, a primeira caiu de podre e com
inúmeros traidores sacrificados, a segunda foi ultrapassada e fez-se
perseguidora de certos combatentes fugitivos, a terceira está prenhe de
relapsos, sob as oportunidades perdidas e com benefícios e beneficiados em
proveito egoísta...
- A bem
da Nação, cuidemos de defender as possibilidades da república em não ser uma
ditadura, onde uns tantos – ideológica e socialmente – ganham sempre, pisando
quem não pensa como eles... nem que desgastem os adversários com mentiras e
suspeitas... até eles sucumbirem pela exaustão!
- A bem
da Nação, cuidemos em cercear com veemência os tentáculos desse polvo que tenta
impor-se à custa da perseguição e do aviltamento dos mais frágeis e dos
continuamente fragilizados... atendidos em maré de eleições e logo esquecidos
na esquina mais imediata!
Será,
afinal, esta república democrática ou, antes, uma promoção oligárquica dos
medíocres?
António Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)
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