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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Num país de Maria’s & Rodrigo’s...

Vivemos num país onde proliferam as Maria’s (mais de cinco mil registos) e ganham os Rodrigo’s (superior a 2500 situações)... atendendo aos dados da onomástica, no ano passado... em Portugal.
Para quem não gosta do nome que tem há (quase) sempre a possibilidade de  mudar. No ano de 2011 houve um pouco mais de nove centenas que requereram a mudança do nome... no entanto, um pouco abaixo dos mil e cem requerimentos do ano de 2010.
O motivo mais frequente do pedido de alteração de nome próprio tem a ver com as pessoas nascidas no estrangeiro que pretendem fixar, em Portugal, o nome próprio aceite no registo civil local...
Para que estes casos possam ser ativados há, normalmente, um custo de cerca de duzentos euros para apresentar o requerimento, invocando ainda os motivos para a mudança pretendida.

= ‘Nome’ – uma identidade pretensa, desejada ou assumida?
Todos sabemos mais ou menos conscientemente que o nome que nos foi dado – seja qual for a razão, a origem ou a motivação – envolve um tanto a nossa identidade, seja na vertente de personalidade, seja na prossecução do nosso ‘eu’ pessoal ou em expressão coletiva.
Quantas vezes carregamos (ou podemos carregar) um ‘nome’ de inspiração familiar – de pais para filhos, como netos ou em função dos padrinhos – ou, noutras vezes, suportamos uma identificação da moda – os figurantes/atores de telenovela foram campo de cooptação em certas épocas – ou talvez uma qualquer bizarria de quem quis que fôssemos quem, talvez, não deixaram que fossem... e assim foram/são chamados durante a sua/nossa vida terrena.
Como estamos (tão) longe da percepção bíblica da atribuição do nome, na medida em que lhe estava adstrita uma missão mais divina do que uma certa moda humana!... Cada nome bíblico tem, normalmente, uma referência à missão prospetiva de cada pessoa na leitura da linguagem divina. Com efeito, no contexto bíblico dar o nome, como por exemplo, de ‘Abraão’ (pai de muitos povos), de ‘Moisés’ (salvo das águas), de ‘Jesus’ (Deus salva), de ‘Pedro’ (pedra, fundamento) ou de ‘Paulo’... era muito mais do que um fonema minimamente bem soante... tinha, antes de mais, uma envolvência da realidade divina da pessoa e de tudo aquilo que Deus desejava dele e para ele...
Temos ainda a considerar essa corruptela de vermos atribuídos nomes de pessoas a animais e de vermos ainda certos animais com nomes que até malbaratam a sua colação com pessoas... seja no junção com opções políticas, seja na provocação aos humanos por desdém ou até por ofensa. Não queremos exemplificar qualquer destas situações para não usarmos casos que conhecemos e que poderiram ser mal interpretados... embora nos mereçam uma certa condenação mínima.

= ‘Nome’ – desafio à santidade atual e futura
Mesmo que de forma suscinta parece-nos urgente retomar a iniciativa com que a Igreja – sobretudo na hora de conferir o nome no ato do batismo – nos convidava a colocar ao neófito um nome, tanto quanto possível, de um santo para que o batizado tenha um intercessor e ainda alguém com quem se possa identificar na sua caminhada de vida em santidade.
Por vezes era sugerido que o santo/a pudesse ser aquele/a do dia do nascimento ou outro qualquer de maior devoção da família ou como o orago do local de nascimento.
Também neste particular podemos/devemos retomar as fontes da nossa inspiração cristã sem medo nem rebusco de estar fora de moda... desde que isso signifique mais do que um certo revivalismo, mas antes um programa de vida e de anúncio cristão.

Tenhas o nome que tiveres, queira Deus que possas interpretar a misssão que Deus te concede e que possas viver a tua vocação com humildade e confiança, diante de Deus e para com os homens.

António Sílvio Couto

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