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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Portugal entre os mais alcoolizados... da Europa

Portugal é um dos dez países da Europa onde mais se bebe álcool: estamos em nono lugar entre trinta e quatro países europeus. A média anual ‘per capita’ de consumo entre os portugueses anda pelos treze litros e, tendo ainda em conta o nível de abstémios, que é bastante significativo, agrava-se mais o número de alcoolizados.
Atendendo a estes dados, recentemente publicitados, podemos ainda reconhecer que os adultos europeus consomem três bebidas alcoólicas por dia e que Portugal é dos poucos países da Europa a permitir a venda de bebidas alcoólicas a menores de dezoito anos.
Tendo em conta estes dados não ou menos credíveis ficamos a saber que, no contexto europeu, há mais de quarenta problemas de saúde relacionados com o consumo de álcool... normal ou em excesso.
- Quando vemos ser sugerida a diminuição da taxa de alcoolemia (de 0,5 para 0,2 gramas/litro) para conduzir entre os jovens, estaremos a ser sérios ou a adiar um problema social e de segurança rodoviária?
- Quando vemos certas campanhas de ‘jovem cool’, estaremos a enfrentar a questão ou a iludir-nos com medidas avulsas e quase inconsequentes?
- Quando se tenta promover a iniciativa de facultar táxis para que os jovens não conduzam embriagados, estaremos a dissuadir o consumo ou a promovê-lo de forma capciosa?
- Quando em festas e convívios – tradicionais ou importados – onde o álcool (nos vários derivados) é vendido ao desbarato, estaremos a combater ou a acicatar os mais novos a consumirem bebidas, cada vez mais cedo, e de forma concorrencial uns com os outros?
- Quando a promoção da bebedeira tem foro duma espécie de afirmação social, económica e sexual – veja-se a forma intencional como o sexo feminino, desde as idades mais primárias, tem vindo a entrar neste capítulo – como poderemos acreditar num futuro saudável?

***
É pena é que só nos lamentemos das consequências e não tentemos atalhar, mais afoita, crítica  e racionalmente, as causas desta alcoolização... mais ou menos generalizada.
Agora que se aproximam as ditas ‘festas académicas’ – com cortejos, desfiles e espetáculos – como podemos esperar que as ruas não se entulhem de restos de recipientes vazios de conteúdo bebido em excesso!
Ao ritmo de consumo de tantas e tão diversificadas bebidas – muito para além do razoável vinho! – as gerações vindouras poderão trazer-nos doenças (já) irradicadas, como a tuberculose, as hepatites e as cirroses e tudo o mais que o exagero nos servirá... a curto e médio prazos.
Talvez tenhamos de encontrar nas raízes mais profundas do nosso ser coletivo o eptíteto de país alcoolizado: não basta beber para esquecer nem bebericar para celebrar, mas precisamos de nos encontrar com a sabedoria do nosso conhecimento pessoal, familiar, social e religioso, fazendo a festa sem exageros nem falsos moralismos tanto em casa como na rua...

Sobriedade a quantos obrigas, já!

António Sílvio Couto

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