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segunda-feira, 9 de junho de 2025

Transtorno ‘borderline’

 


O ‘transtorno de personalidade bordeline’ é a forma como uma pessoa se percebe ou compreende a si mesma, como lida com as emoções e como se relaciona com os outros. Caracteriza-se por um padrão persistente de instabilidade emocional, impulsividade e dificuldade em manter uma autoimagem consistente.
Vejamos, em resumo, como se manifestam estes vários itens nas pessoas com este ‘transtorno de personalidade bordeline’, tanto parcelar, quanto na totalidade:

* Instabilidade emocional: mudanças rápidas e extremas de humor, que podem variar de momentos de euforia a depressão, passando por raiva, ansiedade e medo.
* Impulsividade: dificuldade em controlar os impulsos, como gastar dinheiro descontroladamente, ter relações sexuais de risco, abusar de substâncias ou cometer atos de automutilação.
* Autoimagem instável: perceção de si mesmo que muda constantemente, podendo variar de momentos de extrema autoestima a momentos de autodepreciação.
* Problemas de relacionamento: dificuldade em manter relacionamentos estáveis e saudáveis, com medo de abandono e a tendência a se envolver em relacionamentos turbulentos.
* Medo de abandono: sentimento intenso de que as pessoas importantes em sua vida podem deixá-lo, o que pode levar a comportamentos extremos para evitar esse sentimento.

= Diante deste diagnóstico e tendo em conta as diversas caraterísticas, não haverá por aí muitas pessoas – na vida social, política, cultural ou religiosa – que sofrem deste transtorno psicológico-mental? Não deveríamos todos ser mais humildes e deixarmo-nos tratar deste transtorno (aceite ou presumido), aceitando as etapas terapêuticas e até medicamentosas? Se, por breves momentos, pararmos e virmos as atitudes, as palavras, os gestos e os comportamentos de certos políticos – ao perto como ao longe – não serão doentes deste transtorno? Certas ações religiosas – centradas mais no ritual e no tradicional – não andarão a roçar este transtorno, sem disso ainda se terem dado conta? Boa parte dos interventores na vida social – com os influencers à testa – e de um certo mundo da ‘nossa’ cultura – alicerçada na dimensão materialista da pessoa – não serão dos melhores cultivadores e difusores inconscientes deste transtorno? Dá a impressão que, mais pessoas do que julgam, precisam de atender ao seu estado psicológico-mental, deixando que os outros – sim, perante estas facetas de doença nem sempre o próprio é o melhor paciente – nos ajudem a enfrentar estas questões com verdade e com assumido desejo de sermos cuidados com lealdade e sinceridade.

= Segundo os especialistas nesta matéria, o ‘transtorno de personalidade borderline’ é tratado com uma combinação de psicoterapia e, em alguns casos, medicamentos. A psicoterapia, como a ‘terapia dialética comportamental’ e a ‘terapia cognitivo-comportamental, é essencial para ajudar a pessoa a lidar com as dificuldades de regulação emocional, a controlar os impulsos, a melhorar as relações interpessoais e a reduzir comportamentos autodestrutivos. Medicamentos, como antidepressivos, estabilizadores de humor e antipsicóticos, podem ser usados para ajudar a controlar sintomas como depressão, ansiedade, instabilidade de humor e impulsividade.



= Tendo em conta às circunstâncias em que todos, de uma forma ou de outra, andamos envolvidos, precisamos de atender a tantas prevenções que nos são feitas, pois a falta de serenidade da vida proporciona-nos o desenvolvimento de muitas das condições que fazem desencadear e desenvolver este transtorno ‘bordeline’. Em jeito de proposta deixo aqui a dita ‘oração da serenidade’, bem útil e benéfica em tantos momentos da nossa vida: «Concedei-me, Senhor a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar. Coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para conhecer a diferença entre elas. Vivendo um dia de cada vez, desfrutando um momento de cada vez, aceitando que as dificuldades constituem o caminho à paz, aceitando, como Ele aceitou este mundo tal como é, e não como eu queria que fosse, confiando que Ele acertará tudo contanto que eu me entregue à Sua vontade para que eu seja razoavelmente feliz nesta vida e supremamente feliz com Ele eternamente na próxima».



António Sílvio Couto

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