É breve e incisiva a fábula de Esopo sobre a rã e o boi.
Aquela querendo equiparar-se no tamanho com este,
engendrou uma forma de ir crescendo até atingir a estatura do boi, corpulento e
solene… foi inchando, inchando e crescendo até que explodiu, sendo esventrada e
espalhadas as vísceras em redor.
Uma pequena – que não insignificante – clique vai
plantando notícias nas plataformas sociais, usando do seu saber privilegiado das
coisas da Igreja em geral e do episcopado em particular para confundirem os
mais incautos – muitos deles consumidores de rádio (mais ou menos ‘católica’),
de canais televisivos de mistura (onde no mesmo écran surgem imagens de coisas religiosas
– missas e afins – e avantesmas indecorosas, saídas de um tal esgoto social inexplicável),
comunicações (ditas) online ou mesmo em espaços de tendência religiosa
pretensamente anódina…onde se tenta confundir o leito (do rio) com a margem (das
coisas) e se faz desta a referência de intervenção… Quantas serão as ‘margens’
e onde as podemos identificar? Elas balizam a fé ou confundem a crença? Servem
a unidade ou, capciosamente, incentivam a indignidade de tudo e de todos?
= Neste tempo de grande provação a que temos estado submetidos, torna-se de importância capital vivermos num discernimento contínuo sobre tão graves e nefastos factos. A Igreja vive, hoje, mais do que no passado, um tempo de paradoxo, de contrassenso e de purificação.
Explicando: de ‘paradoxo’, pois em condição terrena
anuncia e trata de assuntos cuja abrangência aponta para as realidades mais do
que naturais, isto é, sobrenaturais e isso pode ser contradito pelo
comportamento dos seus membros, todos os fiéis. Quem não conhece a expressão –
o paradoxo da Igreja no mundo – nisso que o Concílio Vaticano II tratou tão
bela e serenamente no documento ‘Gaudium et spes’? Mais de meio século
decorrido, a mensagem está atualizada e urgente!
‘Contrassenso’ como que configura um dizer que pode
ser desdito pelo (não) fazer. Quantos se aferram nesta discrepância para condenarem
a Igreja (sobretudo a hierarquia), pois não parecem viver o que pregam aos
outros… Como é fácil apontar aos outros aquilo que nós (também) não vivemos!
‘Purificação’ – é isso que deverá deixar marcas
para o futuro, para estarmos mais segundo o Evangelho!
António
Sílvio Couto
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