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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

A quem interessou a luta dos taxistas?


Durante oito dias – de 19 a 26 de setembro – vimos um número significativo de taxistas em reivindicação, sobretudo, nas ruas de Lisboa, Porto e Faro. Diziam que o objetivo era lutar contra as plataformas eletrónicas de transporte de passageiros, cuja lei, a entrar em vigor no início de novembro, prejudicará os taxistas…

Depois duma semana de paralisação, os responsáveis das associações do setor do táxi deixaram-se convencer com a promessa dum partido político – por sinal o principal que suporta o governo da geringonça – de que as câmaras municipais vão estabelecer quotas de prestação de serviço para os tais concorrentes do lóbi taxista… ‘apaziguando’ os contestatários com uma mão vazia de nada e um programa de coisa nenhuma.

Um tanto à guisa de avaliação deste mias recente protesto dos taxistas perguntamos:

- Para atingir estes resultados era preciso montar o circo que exibiram nas ruas e avenidas das principais cidades?

- Isso (isto é, o resultado obtido) não era negociável dentro de portas e foi preciso trazer para a praça pública a refrega de outras batalhas?

- Se queriam dar visibilidade e ostentar propaganda para com quem os tem enganado – diziam durante o protesto, mas não sei se o confirmaram no final – não teria sido melhor arranjar outra forma de estender o tapete às câmaras da cor do governo e quejandos?  

= Certas declarações dos dirigentes das associações de taxistas pareciam mais encomendadas em época de campanha eleitoral, pois, iam deixando transparecer que estes protestos não passaram dum estrebuchar de quem ainda não se apercebeu que a manipulação não convence o tempo todo e tão pouco todos ao mesmo tempo. De facto, o setor do táxi move-se entre um certo conservadorismo de clientelas e uma inadaptação às novas tecnologias.

- Não vimos nem ouvimos – e foi pena – reivindicar melhor formação e educação para os prestadores de serviço no setor do táxi.

- Não vimos nem ouvimos – e é lamentável agora e para o futuro – os taxistas quererem nivelar-se pela limpeza dos veículos, pelo civismo dos serviços e pela verdadeira honestidade para com os clientes/fregueses.

- Não vimos, não ouvimos nem conseguimos compreender que o setor do táxi tenha vindo reclamar maior capacidade de boa prestação do seu serviço pago em comparação com a (pretensa) qualidade dos seus oponentes…  

= Como referia alguém (bem cotado na arte de bem-pensar) será sempre de questionar quem teme a concorrência, pois pode estar a esconder algo de menos bom, pois, se fosse melhor, não temeria entrar em competição. Neste aspeto a luta dos taxistas deixou algo a desejar, na medida em que uma parte significativa dos reclamantes não tem sabido apetrechar-se das melhores ferramentas para que possa haver um serviço público de transporte de qualidade, tanto na prestação como na avaliação.

Já não basta o monopólio do passado, é preciso continuar a saber estar na praça com bons e os melhores serviços…sobretudo humanos, pois a frota de carros tem melhorado, mas só por fora!   

 

António Sílvio Couto

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