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quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Concelhos mais caros…


O valor médio por metro quadrado das casas situa-se, na maioria dos concelhos, em Portugal, neste momento, em 898 euros. Há, no entanto, quarenta e um municípios que registam valores de venda de habitação superiores a essa média. A parte mais significativa desses concelhos encontra-se na área metropolitana da capital – Lisboa, Cascais e Oeiras – e no Algarve – Loulé, Lagos, Albufeira, Lagoa, Tavira e Vila do Bispo. Em Lisboa concretamente o valor médio do custo das habitações situou-se em 2231 euros por metro quadro…

Se atendermos ao norte do país encontramos que Porto e Matosinhos, respetivamente com 1117 euros e 1035 euros por metro quadro, ultrapassam aquela barreira média nacional. Mas também noutros municípios tal fasquia é ultrapassada, como acontece na Nazaré, Coimbra, Esposende, Évora, Funchal, Ponta do Sol e Porto Santo… No interior – norte, centro e Alentejo – a maior parte dos preços nestes municípios não atinge claramente a média nacional… 

= A bolha do imobiliário está de volta e torna-se essencial perceber aonde vamos chegar, por forma a compreendermos que país somos e quais são as linhas com que nos cosemos…agora e no futuro.

Se tivermos em conta que todos merecem uma habitação condigna, teremos de questionar porque se tem vindo a verificar esta subida de mais de seis por cento em relação a período homólogo do ano passado e, segundo especialistas do sector, com tendência a manter a progressão especulativa em quatro ou cinco por cento nos próximos anos…  

= Será que o boom de turismo e do investimento estrangeiro poderão explicar esta nova vaga na área do imobiliário? Quem beneficia com este crescimento, serão os cidadãos ou os especuladores? Nas autarquias não se viverá muito desta ‘política’ de cimento – edificado ou a construir – em vez dos cuidados às populações? Quando vemos crescer esta tendência que tantos males já nos trouxe noutras épocas, onde se situa o bem-estar básico das populações? Com a prática de tais procedimentos não estaremos a promover um país ainda mais desequilibrado social e economicamente? 

= Por outro lado, foi noticiado recentemente, que, em média, por dia, cinco famílias são despejadas das suas casas, em grande parte por falta de pagamento das rendas. Este problema não pode ser ignorado, pois o direito à habitação é um dos mais básicos e essenciais da nossa condição humana.

Seria uma ofensa a quem estiver na situação de despejado que nada seja feito pela concretização desse direito na prática. Há por aí muita gente que fala da defesa deste direito, mas que depois não dá os passos necessários para que tal se concretize. Muitas das leis do arrendamento como que não deixam que os mais desfavorecidos possam ter a sua casa, antes dificultam esse objetivo que será o de cada um – pessoal e familiarmente – poder viver com dignidade numa habitação adequada. Só quem nunca tiver escutado os pedidos de ajuda para pagamento das rendas ou quem não tenha ajudado a atenuar essa contrariedade é que poderá não se deixar sensibilizar por tal problema humano e social…com grande atualidade. 

= A opção pelos bairros de habitação (dita) social foi um desastre na maior parte dos casos, criando mais problemas do que aqueles que pretendia resolver. Muitas pessoas foram como que amontoadas nesses ‘caixotes’ com gente lá dentro, juntando situações graves de relacionamento entre culturas e proveniências sociais, sem ter havido um processo pedagógico de inculturação e de mentalização mínima para a convivência. Não é por acaso que muitos dos conflitos até judiciais têm esses espaços como pano de fundo, pois muitas pessoas foram enjauladas depois de estarem à sua vontade em espaços rurais e de largueza em matéria de vizinhança. Por isso, ajuntadas um tanto à força e apregoando direitos sem deveres, foram como que as sementes para problemas entre pessoas que tiveram de aprender a estar próximas e desafiadas a condividir espaços e interesses… nem sempre reconhecidos e tolerados.

Todos merecem uma habitação onde se possam sentir bem… mas não será preciso ser tão cara!  

 

António Sílvio Couto



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