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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Petição (um tanto) provocatória!


Surgiu nestes dias (3.ª feira, dia 22) a notícia duma petição intitulada - «contra a credibilização do milagre de Fátima» - contestando a confirmada visita do Papa Francisco, nos dias 12 e 13 de maio de 2017 ao santuário da Cova de Iria.

Ao consultarmos, via internet, a recetividade da iniciativa percebemos que havia de seiscentos e vinte subscritores, às 24 horas do dia 23 de novembro (4.ª feira)… 

= Os proponentes dizem-se ‘legitimados’  na sua pretensão, embora recorram a chavões mais ou menos já ditos e propagados por alguns dos intervenientes – chegando a autocitarem em ‘obras’ suas já publicadas – e com isso tentam dar abrangência a algo que poderá inflamar outras correntes e tendências mais ou menos adormecidas na nossa configuração sociopolítica…

Estes que vieram a público emergem de vários quadrantes do antirreligioso e, particularmente, do anticatólico…embora por lá deambule um (dito) ‘padre’ com trejeitos de rebelde, ancorado num passado volátil e assumidamente anti-Fátima… 

= Antes de tudo temos de saber analisar o ‘fenómeno Fátima’, que confunde alguns cidadãos que não têm afinidade com a possibilidade da fé – talvez nem acreditem em si mesmos – como recurso de vida e fator de conduta existencial. No entanto, não se pode confundir a árvore com a floresta – a árvore é Fátima e a floresta é a Igreja – pois pelos frutos se pode reconhecer a credibilidade da árvore e esta – Fátima – tem dado imensos resultados espirituais, culturais, humanos e até económicos… Estes não podem ser – como pretendem os peticionários – os mais significativos, mas também não podem ser desprezados… Não querer reconhecê-lo será, no mínimo, miopia intelectual e dislexia emocional.  

= Esta petição parece, além de enfermar de múltiplos preconceitos para com aquilo que Fátima representa para Portugal e o mundo em geral, não se limita a atrair – ou será destruir? – a atenção duma certa fação menos cívica e um tanto barulhenta na forma e nos conteúdos, como ainda pretende intitular-se com direitos de contestação eivados de tiques de ignorância e de clichés do tempo da primeira república jacobina e acintosamente a-religiosa…

Já é habitual que, por ocasião do Natal, surjam alguns fait-divers anticristãos...como se a falta de respeito pelas convicções alheias possa ser um título de aglutinação ou de desculpa para não se confrontarem com a dimensão espiritual de toda a pessoa humana… 

= Esta petição poderá ser um dos (primeiros) casos que irão ser intentados ao longo do ano jubilar do centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima. Tudo isto revela uma espécie de labirinto de interesses, que tentam alimentar-se da contestação à mensagem de Fátima, enquanto esta revela e impulsiona todo um processo de regeneração do tecido religioso do mundo ocidental e de Portugal em concreto.

Numa época marcada pelo egoísmo e o sensacionalismo, Fátima consegue catapultar multidões ávidas de sentido para com as agruras do quotidiano e onde cada um seja capaz de viver em abertura à dimensão do divino e àquilo que nos outros nos faz construir a fraternidade a partir de dentro…

Nem todos serão capazes de entender o que Fátima significa na história de Portugal. Temos pena! Mas da não-compreensão à contestação e à ofensa vai algo que devia obrigar certos ‘democratas’ a serem, ao menos, respeitadores para serem igualmente respeitados, pois nada lhes dá o direito de apelidar de ‘embuste’ algo que serve de referência à conversão e ao caminho de fé… de milhões de homens e de mulheres. 

= Não foi a Igreja que impos Fátima, foi Fátima que se impos à Igreja – disse o cardeal Cerejeira. Ora, neste tempo de preparação do centenário das aparições, teremos de estar vigilantes para com vários arietes que tentarão lançar a confusão – saída da sua própria convulsão – aproveitando-se de questões mais ou menos periféricas e de episódios laterais ao essencial. Vigiemos e denunciemos.        

   

António Sílvio Couto



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