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terça-feira, 7 de junho de 2016

14 acidentes (rodoviários) por hora…


São dados dos primeiros cinco meses deste ano – de 1 de janeiro a 31 de maio – houve 52 mil acidentes rodoviários… que em análise com resultados do mesmo tempo, no ano passado, corresponde a mais 3.400 acidentes, embora tenha diminuído o número de vítimas mortais, num total, este ano, de 159 mortos.

Se fizermos as contas poderemos concluir que aquele número inicial de ‘casos’ – 52 mil – poderá dar-nos: cerca de 340 acidentes por dia e consequentemente mais ou menos catorze situações de acidente (colisão, despiste, atropelamento, ferimentos, etc.) na estrada por hora… em qualquer parte do país e envolvendo alguém que possa andar na estrada como condutor ou até como peão. 

= Embora a ‘guerra’ da estrada tenha vindo a diminuir ainda podemos constatar uma espécie de drama que faz de cada viagem – mais longa ou mais breve – uma espécie de odisseia sobre rodas, tendo em contas as contingências de cada um dos condutores e da situação das vias.

Nota-se uma crescente consciência dos perigos de andarmos na batalha de cada dia e seja lá qual for a regularidade com que conduzimos algum veículo, bem como o seu estado de conservação e mesmo de inspeção. 

= Por estes dias teve início uma nova forma de controlo/vigilância dos condutores – muito para além do seu estado físico e psicológico – com a implementação da dita ‘carta por pontos’ – doze no total e com a possibilidade de somar mais três se não se verificarem anomalias decorridos três anos – sendo registadas as infrações e diminuídos os pontos até se obrigatório um novo exame de condução…

Poder-se-á dizer que as contraordenações ao código da estrada – atinentes à nova fórmula da ‘carta por pontos’ – incluem erros básicos e elementares: excessos de velocidade, condução sob o efeito de matérias estupefacientes, como o álcool e substâncias psicotrópicas, ultrapassagens antes ou nas passagens para peões e velocípedes… envolvendo infrações graves (com a retirada em média de dois pontos em cada uma delas) ou muito graves (com a substração de quatro a cinco pontos), conjugando as multas (coimas) e a possível inibição imediata de conduzir…

Antes de entrar em vigor este novo sistema de controlo sobre os condutores – mais uma vez – certa comunicação social quis fazer dos portugueses e dos condutores em particular uma espécie de entes desprovidos do mínimo de inteligência e quase incapazes de nos sabermos adaptar às mudanças… tendo-se socorrido de exemplos de outros países onde o assunto é tão simples e benéfico para a paz nas estradas… mas só nós é que parecemos mais uma espécie de australopitecos – isto é, pessoas sem evolução e diminuídas na compreensão – em fase lusitana retardada… De facto, já vimos estas cenas em episódios anteriores e com situações tão básicas que mais uma vez dá pejo ser assim tratado por quem se julga mais esperto, pois de inteligentes estamos falados! 

= Deixamos breves questões sobre alguns dos aspetos considerados:

- Não teremos de aprender a ser educados antes de irmos para a estrada para que os acidentes sejam prevenidos e não meramente tolerados?

- Não teremos de saber conjugar muito melhor a aprendizagem do respeito do que termos de conviver com a repressão e as multas?

- Até onde poderá ir a ação fiscalizadora e que seja mais do que uma caça à multa e à infração?

- Com os números da ‘guerra civil na estrada’ poderemos andar sossegados e em segurança?

- Será ainda fiável andar na estrada sem temermos novas formas de ‘terrorismo’ exibicionista de novos-ricos – onde o carrão é prolongamento psicológico freudiano – sem regras nem princípios?

- Para quando a introdução – em igualdade de circunstâncias, em caso de infração – sobre o uso do telemóvel e do fumar a conduzir?

É urgente mudar o comportamento ao volante, sem que o medo da multa (e as respetivas coimas) possa ser agravante da boa cidadania e salutar convivência.       

 

António Sílvio Couto 




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