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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O que fazem para ganhar a vida!


Por vezes há frases que nos ficam na memória, repercutindo-se na memória. Esta frase – ‘o que vocês fazem para ganhar a vida’ – ouvi-a de uma pessoa da rua, quando passava uma comitiva em campanha eleitoral… por estes dias! Quem disse a frase como que exprime algo que pode retratar a azáfama com que certos candidatos percorreram o país num afã sôfrego para conseguirem impressionar quem os vê, gerando simpatia e vendendo a ‘imagem’ mais valiosa… o que nem sempre poderá significar a mais competente…

Aquela frase – ‘o que fazem para ganhar a vida’ – poderá também resumir o esforço com que, cada dia, todos nos vamos empenhando ao nível profissional e social, comprometendo-nos em sermos dignos da forma como vivemos e com os meios com que sobrevivemos. Mas referir aquela frase para com os candidatos à presidência da República como que soa a alguma crítica ao modo como tentam (ou tentaram) seduzir quem os eleja, nalguns casos roçando o ridículo e/ou o jocoso…

= Desde logo o presidente da República só tem (e só pode ter) um programa: ‘cumprir e fazer cumprir a constituição’. Tudo o resto – e tantos têm sido os fait-divers dos vários candidatos e seus apoiantes – que pretenda passar disto tornar-se-á insensato e temerário. Por isso, as questões da governação – como educação, saúde, segurança social e trabalho, defesa ou economia – não podem surgir como contrapoder no exercício da presidência. O mesmo se poderá dizer da interferência direta nas opções por qualquer campo de intervenção politico-ideológico… se tal fizer estará a exorbitar as suas funções e atributos, tanto na teoria como na prática.

Nota-se nalgumas forças uma certa ressaca quanto às mais recentes eleições legislativas. Ora a eleição do PR não é a segunda volta das ditas nem um ajustes de contas entre vencedores e vencidos, tendo em conta o desfecho de governo encontrado… Quem tente confundir as coisas, no mínimo, será dalguma desonestidade intelectual e emocional.

= Tivemos, depois da revolução de abril de 1974 até hoje, quatro presidentes da República eleitos, cada um com dois mandatos de cinco anos: um militar e quatro civis, qualquer um destes com forte relação partidária. Agora vemos surgirem outras tendências de concorrência, como que postergando a militância partidária para o campo de não-desejado, se bem que a dimensão ideológica seja mais cultivada…ao menos de forma ténue e quase simulada.

Como cargo de caráter pessoal, a candidatura à presidência da República vai-se democratizando, embora surjam figuras que podem revelar alguma desorientação quanto à dignidade do cargo e ainda para com quem tem de eleger. Não basta recolher as assinaturas suficientes, temos de elevar a qualidade – no caso deste ano a quantidade fez cair ainda mais esta prerrogativa – criando condições para sermos bem representados dentro e fora de portas.

Repare-se que, anteriormente, as companheiras ou esposas dos presidentes foram de grande importância e tiveram razoável significado… casos há que se tornaram uma espécie de eminência parda do regime. Por agora esta questão parece ser menos importante… ou deveria sê-lo por razão pública, clara e publicitada?

 = Sem pretendermos fazer desta faceta algo de essencial, ela é importante. Quase não se sabe nada do vínculo religioso da maioria dos candidatos. Uns dizem-se cristãos (católicos um tanto ou pouco…) e a maioria esconde-se sob o manto do laicismo para não afugentar votos ou outras interpretações. Se bem que não seja preciso retomar o espírito de cristandade, ficamos com a sensação de que há muita vergonha em assumir a sua fé, tanto na dimensão privada como na sua expressão pública. Corremos o risco de vivermos num sistema tão anódino que possam surgir os tais ‘profetas do tempo novo’, onde o avental seja a condição sine qua none para ascender ao palácio de Belém.  

É mesmo verdade: o que eles/elas fazem para ganhar a vida!


António Sílvio Couto

1 comentário:

  1. Concordo . O candidato a presidente da república só deve ter um programa que é cumprir a constituição da República.
    A do BE (bando de aventais maçónicos) anda a fazer programas de modo a criar muita divisão na comunidade surda no que toca à igualdade dos surdos o que é da competência do Estado Português defender e promover a Inclusão Social como por exemplo. Eu não voto
    Vou abster me apesar de haver apelosa participação cívica. Não quero sujar a consciência no voto dado aos aventais. . .

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