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segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Sensibilidade aos refugiados


Depois de alguma confusão – seriam emigrantes ou prófugos – agora a onda de pessoas que tem chegado ao sul da Europa são chamados de refugiados…embora ainda se não saiba bem se são de origem política, de procedência religiosa ou de índole económica…

O que se tem visto é algo de impressionante para a nossa pacatez ocidental, pois vemos famílias inteiras a deslocarem-se de países onde há dificuldades de vária ordem e estes que chegam são dos mais ‘sortudos’, pois tiveram meios e ousadia para saírem, pondo a vida em risco…com milhares de mortos no cemitério do Mar Mediterrâneo.

A sensibilidade aos refugiados tem vindo a crescer e muitos países da Europa comunitária tem estado a disponibilizarem-se a receber alguns destes refugiados. O Papa Francisco pediu que cada paróquia, cada convento ou cada santuário católico recebam, ao menos, um refugiado.

Nos vários países têm-se desenvolvido iniciativas para serem acolhidos alguns dos muitos refugiados. Verificamos ‘manifestações’ públicas a favor e contra a receção destes refugiados. Dos que são a favor não ouvimos que estavam disponíveis para acolher alguém… Ainda neste domingo ao expor publicamente a necessidade de termos capacidade acolhimento a quem possa vir, escutava uma voz (anónima, porque não identifiquei logo) dizendo que nós (portugueses) também temos muitos sem-abrigo…

= Estancar as causas mais do que resolver as consequências

Agora que estas pessoas vieram ao nosso encontro temos de as ajudar o melhor possível – sem nunca perdermos de vista que a maior parte veio em família – criando condições de alívio às suas agruras e contribuindo para recomeçarem uma nova vida… nesta Europa pretensamente rica, mas muitíssimo egoísta.

No entanto, o mais importante é ir à fonte dos problemas nos países de onde vêm estes refugiados, pois a onda emigrante ainda não terá abrandado. Tendo ainda em conta que estes que chegam foram os mais afortunados – isto é, conseguiram meios económicos suficientes para comprarem a saída, sabe-se lá com quem e com que meios de suporte – outros poderão chegar ao verem que os temos recebido mais ou menos bem.

Enquanto não forem detetados os intermediários que fazem negócio com a vida destas pessoas, estaremos ainda a criar mais problemas, pois mais vidas correrão risco e novas ilusões surgirão no horizonte incerto…

Será na origem que devemos socorrer, atendendo às causas pelas quais fogem. Será nos vários países que teremos de encontrar a solução para que essas pessoas estejam em paz e segurança. Será resolvendo os problemas que os fazem fugir da terra-natal que poderemos ser ajuda aos atuais e futuros refugiados.

= Abrir o coração sem medo nem resistência

Nesta como noutras ocasiões se pode perceber que estamos ainda muito fechados a quem nos procura, tentando encontrar solução para os seus problemas. Vivemos encerrados no nosso mundo mais ou menos comodista, onde, em vez de atendermos a quem precisa da nossa ajuda, adiamos a assunção da nossa incapacidade de sermos fraternos e solidários…e nem as ideologias mais ou menos igualitárias – simbolizadas nas autarquias e em certos poderes adstritos – se têm mostrado abertas quanto baste à solidariedade para com estes refugiados…   

De referir que, em Portugal, há uma plataforma comum para encontrar solução para este problema. Esperamos que muitos cristãos – pessoal e eclesialmente – possam dar o seu contributo fraterno e em tempo… Nada nos poderá desculpar nem mesmo a (possível) diversidade religiosa, pois a pessoa humana é mais digna do que qualquer outra forma de expressão cultural ou étnica.

Com efeito, a fé sem obras está morta. Mostremos pelas obras a nossa verdadeira e autêntica fé!   

 

António Sílvio Couto

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