«A
cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a
receber dos outros. Os mass-media podem ajudar-nos nisso, especialmente nos
nossos dias em que as redes da comunicação humana atingiram progressos sem
precedentes. Particularmente a internet pode oferecer maiores possibilidades de
encontro e de solidariedade entre todos; e isto é uma coisa boa, é dom de Deus»
- diz o Papa Francisco na mensagem para o 48.º dia mundial das comunicações
sociais, intitulada: ‘Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do
encontro’, que se celebra no dia 1 de junho.
Partindo
de algumas frases da mensagem papal, apresentamos pequenos subsídios para
leitura do texto.
= Da velocidade da informação à
recuperação do sentido da escuta
«A
velocidade da informação supera a nossa capacidade de reflexão e discernimento
e não permite uma expressão equilibrada e correta de si mesmo… Devemos
recuperar um certo sentido de pausa e de calma. Isto requer tempo e capacidade de
fazer silêncio para escutar. Temos necessidade também de ser pacientes, se
quisermos compreender aqueles que são diferentes de nós».
Urge
aprender a não ter medo do silêncio, pois este também é (ou deve ser) linguagem
de escuta. Não podemos continuar a sobrepor palavras e imagens que confundem a
mensagem…mesmo a do Evangelho. Mais do que palavras e fatos este é uma Pessoa,
a de Jesus de Nazaré.
= Quem comunica faz-se próximo
«Como
pode a comunicação estar ao serviço de uma autêntica cultura do encontro? (…)
Como se manifesta a ‘proximidade’ no uso dos meios de comunicação e no novo
ambiente criado pelas tecnologias digitais? Encontro resposta na parábola do
bom samaritano, que é também uma parábola do comunicador. Na verdade, quem
comunica faz-se próximo… trata-se da minha capacidade de me fazer semelhante ao
outro».
Quantas
vezes sabemos tantas coisas ao longe e desconhecemos o que se passa ao pé de
nós! Quantas vezes nos distanciamos dos que estão mesmo junto a nós! Quantas
vezes, sob a capa duma aparente neutralidade, se cria uma máscara de
indiferença! Quantas vezes podemos camuflar um certo desprezo com a falta de
envolvimento de uns para com os outros!
= Igreja acidentada, comunicativa
e missionária
«Entre
uma Igreja que sai pela estrada e uma Igreja doente de autorreferencialidade,
não hesito em preferir a primeira (…) Somos chamados a testemunhar uma Igreja
que seja casa de todos. Seremos nós capazes de comunicar o rosto duma Igreja
assim? A comunicação concorre para dar forma à vocação missionária de toda a
Igreja, e as redes sociais são, hoje, um dos lugares onde viver esta vocação
missionária de redescobrir a beleza da fé, a beleza do encontro com Cristo».
É
verdade que a comunicação se faz agora, essencialmente, em rede e não de uma
forma unívoca e do púlpito unidirecional. O próprio cartaz alusivo ao dia
mundial das comunicações se intitula: uma rede de pessoas!
= Dialogar faz aprender e a
caminhar com os outros
«É
preciso saber inserir-se no diálogo com os homens e as mulheres de hoje, para compreender
os seus anseios, dúvidas, esperanças e oferecer-lhes o Evangelho, isto é, Jesus
Cristo. (…) Dialogar significa estar convencido de que o outro tem algo de bom
para dizer, dar espaço ao seu ponto de vista, às suas propostas. Dialogar não
significa renunciar às próprias ideias e tradições, mas à pretensão de que
sejam únicas e absolutas».
Depois
de um certo dogmatismo (dito) religioso não podemos cair na absolutização
relativista, onde cada um se sente dono da verdade… desde que seja a dele ou do
seu grupo, se o tem! Somos cidadãos de uma nova galáxia, onde o ambiente
digital é ferramenta e não pode ser confundido com a mensagem. Mesmo aqui o
Evangelho continua a precisar de anunciadores credíveis porque fiáveis em
Cristo e pela Igreja.
António
Sílvio Couto
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