Citamos um
excerto do documento ‘Votar por uma Europa melhor’, da Conferência Episcopal
Portuguesa, com data de 1 de maio passado. Tentaremos referir-nos a cada um dos
itens apresentados como ‘critérios’ para a nossa votação, no próximo dia 25.
= Uma Europa em que seja salvaguardada a vida
humana desde a conceção até à morte natural
Aqui se
denunciam alguns dos erros recentemente cometidos nesta Europa (dita) democrática:
o aborto, a eutanásia e tantos outros atentados à vida humana, seja ao nível do
Estado, seja nos grupos e pessoas… onde se deu um real retrocesso do valor da
vida humana e mesmo da ética sócio-familiar. Quantos sistemas ideológicos e
lóbis de grupos anti-cristãos fizeram sucesso nos tempos mais recentes,
contribuindo para o ‘inverno demográfico’ que a velha Europa está a sofrer e se
irá agravar nas próximas décadas. Não basta clamar pelo (dito) Estado social é
preciso saber quem o enterrou com essas políticas de anti-natalidade!
= Uma Europa em que o desemprego não pareça
um mal inevitável mas um desafio a responder sem adiamentos
O
flagelo do desemprego bem como da precariedade do mesmo criou 18% de vítimas entre
os mais jovens. Já passou o tempo do emprego para toda a vida e até no mesmo
ofício de forma estável. Quantas vezes se confundem possibilidades de emprego
como necessidades de sobrevivência materiais. Quantas vezes o magro salário tem
de servir para sustentar outros que estão a seu cuidado. Até a necessidade de
emigrar pode não ser um fatalismo económico, mas uma possibilidade de
crescimento humano e cultural. A intercomunhão de fés pode e deve atenuar as
agruras das contingências humanas e até financeiras.
= Uma Europa em que as fronteiras não se
fechem à solidariedade com os povos maltratados política e economicamente
O espaço
europeu tem servido, em muitos casos, para remediar as lacunas – sobretudo
económicas – de outros continentes e regiões. A cadeia de ‘fazer o que outros
não querem’, tem servido para valorizar muito do trabalho na Europa. Que o
digam os emigrantes lusos em terras de França, da Alemanha, da Suíça, da
Bélgica, etc. No entanto, temos visto surgirem alguns chauvinismos para além
dos Pireneus, criando apreensão sobre o desenrolar do projeto da União Europeia
e mesmo da moeda única. Apesar de tudo o cristianismo e, em particular, o
catolicismo, tem feito uma boa ajuda à moderação e ao enquadramento de muitos
migrantes… Lampedusa, em Itália, é o exemplo mais flagrante para as vítimas de
tentativa de acercar-se da Europa rica… ao menos na fachada!
= Uma Europa em que o diálogo
inter-religioso e intercultural seja o caminho de sentido único para uma paz
justa e duradoura
Já no
século XXI ainda encontramos fanatismos numa razoável dose anti-cristã…alguns
chamam-lhe mesmo ‘cristianofobia’, onde o tema dos crucifixos foi um paradigma
em vários países… O laicismo da pretensa Constituição europeia faliu porque
tentaram exorcizar os valores do Evangelho, subjugando-nos aos iluministas,
laicos, maçónicos e, tendencialmente, republicanos e socialistas… A perseguição
religiosa está na lei, embora não seja assumida na prática!
= Uma Europa em que o capital não se arvore em
governo autocrático mas sirva a pessoa humana e o bem comum
Depois
do falhanço do coletivismo marxista e no rescaldo da implosão dalgum
socialismo, o capitalismo – sem rosto nem cor partidária ou credo religioso –
foi ganhando capitais e contraditórios… A social-democracia e a democracia
cristã também capitularam, gerando-se uma nova onda de consumismo, onde a
pessoa se tornou objeto e se coisificou a normalidade do dinheiro ganho… nem
que seja em concurso televisivo ou promoção de grande superfície comercial… Bem
comum sincero, a quanto obrigarias!
Temos de
refletir e de escolher. Não votar é (ou pode ser) pecado grave. Obrigar a votar
devia ser lei!
António
Sílvio Couto
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