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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Critérios cristãos para as eleições europeias

«Numa visão realista do nosso Continente, dinamiza-nos a esperança de uma Europa melhor, em que seja salvaguardada a vida humana desde conceção até morte natural, em que o desemprego não pareça um mal inevitável mas um desafio a responder sem adiamentos, em que as fronteiras não se fechem à solidariedade com os povos maltratados política e economicamente, em que o diálogo inter-religioso e intercultural seja o caminho de sentido único para uma paz justa e duradoura, em que o capital não se arvore em governo autocrático mas sirva a pessoa humana e o bem comum».

Citamos um excerto do documento ‘Votar por uma Europa melhor’, da Conferência Episcopal Portuguesa, com data de 1 de maio passado. Tentaremos referir-nos a cada um dos itens apresentados como ‘critérios’ para a nossa votação, no próximo dia 25.

= Uma Europa em que seja salvaguardada a vida humana desde a conceção até à morte natural

Aqui se denunciam alguns dos erros recentemente cometidos nesta Europa (dita) democrática: o aborto, a eutanásia e tantos outros atentados à vida humana, seja ao nível do Estado, seja nos grupos e pessoas… onde se deu um real retrocesso do valor da vida humana e mesmo da ética sócio-familiar. Quantos sistemas ideológicos e lóbis de grupos anti-cristãos fizeram sucesso nos tempos mais recentes, contribuindo para o ‘inverno demográfico’ que a velha Europa está a sofrer e se irá agravar nas próximas décadas. Não basta clamar pelo (dito) Estado social é preciso saber quem o enterrou com essas políticas de anti-natalidade!
 

= Uma Europa em que o desemprego não pareça um mal inevitável mas um desafio a responder sem adiamentos

O flagelo do desemprego bem como da precariedade do mesmo criou 18% de vítimas entre os mais jovens. Já passou o tempo do emprego para toda a vida e até no mesmo ofício de forma estável. Quantas vezes se confundem possibilidades de emprego como necessidades de sobrevivência materiais. Quantas vezes o magro salário tem de servir para sustentar outros que estão a seu cuidado. Até a necessidade de emigrar pode não ser um fatalismo económico, mas uma possibilidade de crescimento humano e cultural. A intercomunhão de fés pode e deve atenuar as agruras das contingências humanas e até financeiras.

= Uma Europa em que as fronteiras não se fechem à solidariedade com os povos maltratados política e economicamente

O espaço europeu tem servido, em muitos casos, para remediar as lacunas – sobretudo económicas – de outros continentes e regiões. A cadeia de ‘fazer o que outros não querem’, tem servido para valorizar muito do trabalho na Europa. Que o digam os emigrantes lusos em terras de França, da Alemanha, da Suíça, da Bélgica, etc. No entanto, temos visto surgirem alguns chauvinismos para além dos Pireneus, criando apreensão sobre o desenrolar do projeto da União Europeia e mesmo da moeda única. Apesar de tudo o cristianismo e, em particular, o catolicismo, tem feito uma boa ajuda à moderação e ao enquadramento de muitos migrantes… Lampedusa, em Itália, é o exemplo mais flagrante para as vítimas de tentativa de acercar-se da Europa rica… ao menos na fachada!

 

= Uma Europa em que o diálogo inter-religioso e intercultural seja o caminho de sentido único para uma paz justa e duradoura

Já no século XXI ainda encontramos fanatismos numa razoável dose anti-cristã…alguns chamam-lhe mesmo ‘cristianofobia’, onde o tema dos crucifixos foi um paradigma em vários países… O laicismo da pretensa Constituição europeia faliu porque tentaram exorcizar os valores do Evangelho, subjugando-nos aos iluministas, laicos, maçónicos e, tendencialmente, republicanos e socialistas… A perseguição religiosa está na lei, embora não seja assumida na prática! 

= Uma Europa em que o capital não se arvore em governo autocrático mas sirva a pessoa humana e o bem comum

Depois do falhanço do coletivismo marxista e no rescaldo da implosão dalgum socialismo, o capitalismo – sem rosto nem cor partidária ou credo religioso – foi ganhando capitais e contraditórios… A social-democracia e a democracia cristã também capitularam, gerando-se uma nova onda de consumismo, onde a pessoa se tornou objeto e se coisificou a normalidade do dinheiro ganho… nem que seja em concurso televisivo ou promoção de grande superfície comercial… Bem comum sincero, a quanto obrigarias!

Temos de refletir e de escolher. Não votar é (ou pode ser) pecado grave. Obrigar a votar devia ser lei!

 

António Sílvio Couto

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