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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

4 milhões ‘vivem’ da segurança social


Em finais de 2013, a Segurança social tinha cerca de quatro milhões de beneficiários num total de mais de cinco milhões de subsídios… tendo em conta os apoios (alguns cumulativos) de abono de família, de subsídio de desemprego, de pensão de velhice ou de sobrevivência…

Entre 2008 e o final do ano passado, a Segurança social perdeu 350 mil contribuintes, ganhando, no entanto, quase duzentos mil novos pensionistas.

Há outros dados que nos devem fazer refletir: naquele período de tempo foram ‘destruídos’ quase setecentos mil empregos… Os gastos gerais de transferência do Orçamento de Estado para a Segurança social cresceu dois mil milhões de euros! Há cerca de três milhões de pensionistas, segundo os dados de 2013.

= Diante destes dados sobre a sustentabilidade da ‘pretensa’ Segurança social – bem como de outros pilares do (dito) Estado-social – torna-se urgente rever critérios, aferir condutas e mesmo mudar comportamentos ideológicos de uma coletivização das pessoas e das instituições.

Desde já uma declaração de princípios: nada me leva a acreditar que o Estado – seja qual for o governo ou a governação – faz melhor pelas pessoas, pois muitas vezes estas só contam como peças de um puzzle de interesses de forças mais ou menos assumidas na prossecução dos objetivos de obrigar todos ao menor denominador comum e favorecendo uns tantos… sobretudo se forem da mesma ideologia e/ou servindo lóbis idênticos.

= A criação dos setores de ação social do Estado teve por incremento o tempo após-segunda guerra mundial, gerando meios para que as populações tivessem boas condições de vida – saúde, segurança, educação, assistência social, etc. – perante as agruras que exigiam a união de esforços para a reconstrução dos países devastados pelas consequências da guerra. Isto aconteceu com a Europa do Norte e noutros países do centro do continente… Mas no sul – sobretudo no caso português – nem todos os países entraram na guerra e os meios de ação social não foram tão difundidos. E, em Portugal, só na sequência da revolução de Abril/74, é que foram colocadas as linhas-força para o tal Estado-social… Uma coisa são os desejos, outros são os meios. Estes nem sempre estiveram conjugados com aqueles… nestes últimos quarenta anos.


= Decorrido este tempo, foi-se gerando a sensação que já não é mais possível continuar a beneficiar de idênticas regalias com uma baixa acentuada de natalidade, com um grave envelhecimento da população, com uma cada vez maior dependência da falta de emprego estável e duradouro, com um empobrecimento de muitos e um razoável enriquecimento de uma minoria. Estamos a viver um certo inverno geracional, onde a falta de substituição de gerações não permitirá que continuemos a ter os mesmos direitos, pois interrompemos a capacidade de que as ações de âmbito social possam continuar como se tudo estivesse a ser normal. Por isso, está na hora de fazer novas opções para que as mais básicas situações de bem-estar social possam continuar por mais tempo, com condições de exequibilidade, de justiça e de verdade.
 

= As gerações mais novas precisam de aprender a valorizar o que os seus antepassados lhes transmitiram, mesmo que de forma incipiente, mas que lhes podem ter facilitado o apreciar do que têm (ainda) atualmente Há, hoje, comodidades que têm amolecido os mais novos, gerando neles quase um direito de usufruir o que não lhe deu qualquer trabalho a conquistar. Da mesma forma que muitos dos mais velhos – sobretudo no contexto de minifúndio rural e da agricultura de subsistência familiar – receberam pensões e subsídios para os quais não realizaram trabalho em descontos ou em participação nas coisas do bem comum, assim muitos dos mais novos têm de conseguir, pelo trabalho sério e esforçado, a prossecução de tais benefícios… sociais generalizados para o futuro.

Talvez tenha de chegar, em breve, ao fim a profissão ‘reformado’ – pelo menos como é hoje –, pois os fundos não são inesgotáveis e a mentalidade tem de ser educada para a cultura do trabalho e não da preguiça…a longo prazo!  

 

António Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)

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