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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Dever de informar... correcta e afirmativamente


Por estes dias tem sido recorrente dizer que o actual governo tem pecado pela falta de informação das medidas que tomou, das que está a implementar e (até) das reais expectativas destas medidas no futuro próximo... para todos nós e não só para nossos credores... internacionais.

De facto, numa sociedade da informação não fazer deste veículo de comunicação um elo de ligação com os outros é, para além de um erro crasso, uma ofensa à dignidade dos governados. Ora, o actual governo está pejado de erros e de ofensas, pois tem tomado medidas – muitas delas necessárias, outras justas e algumas exageradas na forma e no conteúdo – onde não basta pressupor que serão aceites, mas antes deveriam merecer um mínimo de explicação, pois o povo não é mentecapto e, quando, lhe dizem as razões – como é comum em Portugal! – e quais as causas bem como as consequências, normalmente, até surpreende na aceitação. Não podemos continuar a desdenhar da inteligência do ‘nosso’ povo, pois este tem-se manifestado, muitas e diversas vezes, mais adulto democraticamente do que a forma como o têm tratado... os políticos partidários e profissionais, agora como no passado.

- Porque têm medo de dizer que a austeridade – necessária e (quase) obrigatória, embora nem sempre correcta e universal – é resultado do regabofe com que nos entretiveram os antecessores no poder? Terão medo que os acusem e de dizer a verdade afirmativamente?

- Porque se escondem atrás do resultado eleitoral, senão (talvez já não) merecem a confiança que neles depositaram? Serão incapazes de assumir que também erram?

- Estariam preparados para ocupar o posto e agora, colocados a mandar, reconhecem-se incapazes, senão mesmo ineptos? Porque há medo de assumir que nem tudo corre bem, quando uma quase impreparação lhes fez cair o poder nos braços?

= Do outro lado do espelho...

Também os que estão na oposição não falam totalmente verdade, tanto na informação como na contestação, pois, se uns dizem o que se tornaria impossível de concretizar, outros propõem, quando estão fora do poder o que neste não conseguiram – por incapacidade, por incúria ou por negligência – realizar... minimamente, ou, então, não teríamos chegado ao estado calamitoso em que estamos, agora.
Quando toca à conquista do poder os exageros nas pretensões dos candidatos são quase inenarráveis, tal é a cumplicidade em maré de combate eleitoral, bem como a sofreguidão com que tantos correm ao espaço do mando... em certas circunstâncias quase sem olhar a meios para atingirem os (seus) fins.
- Quantas vezes as palavras ganham sentido diverso, se ditas por um partido ou se proferidas por outro, parecendo que os conceitos estão confusos e considerando que os ouvintes ainda se deixam condicionar pelas diatribes mais ou menos inconsequentes... duns tantos espertos.
- Quantos pequenos episódios se tornam pseudo-factos, embora sejam mais manobras de diversão para tentar iludir os incautos e prolongar o vazio das ideias ou dos projectos partidários falidos... senão nas promessas pelo menos nos actos.
- Que espectáculo – triste, ridículo ou mesmo desumano – nos é dado presenciar pelas ilusões de importância mais ou menos consentida ou pelo desinteresse dos eleitores, que, vendo-se defraudados noutros momentos, fogem da participação cívica... embora sofram as consequências das escolhas das minorias arregimentadas.
Porque precisamos da co-responsabilização de todos os cidadãos na vida política, urge criar condições para que todos votem, nem que para isso seja preciso penalizar os faltosos nas regalias sociais e sócio-políticas. Quem governa precisa de verdadeira legitimidade e quem é governado precisa de exigir porque escolheu quem considerava mais capaz...pois, se o não é, sofra as consequências mesmo criminais... Basta de esponjas a limpar incompetências e de cobardias na hora da derrota. Portugal precisa e merece melhor, já!

António Sílvio Couto

(asilviocouto@gmail.com)

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