Por
estes dias tem sido recorrente dizer que o actual governo tem pecado
pela falta de informação das medidas que tomou, das que está a
implementar e (até) das reais expectativas destas medidas no futuro
próximo... para todos nós e não só para nossos credores...
internacionais.
De
facto, numa sociedade da informação não fazer deste veículo de
comunicação um elo de ligação com os outros é, para além de um
erro crasso, uma ofensa à dignidade dos governados. Ora, o actual
governo está pejado de erros e de ofensas, pois tem tomado medidas –
muitas delas necessárias, outras justas e algumas exageradas na
forma e no conteúdo – onde não basta pressupor que serão
aceites, mas antes deveriam merecer um mínimo de explicação, pois
o povo não é mentecapto e, quando, lhe dizem as razões – como é
comum em Portugal! – e quais as causas bem como as consequências,
normalmente, até surpreende na aceitação. Não podemos continuar a
desdenhar da inteligência do ‘nosso’ povo, pois este tem-se
manifestado, muitas e diversas vezes, mais adulto democraticamente do
que a forma como o têm tratado... os políticos partidários e
profissionais, agora como no passado.
-
Porque têm medo de dizer que a austeridade – necessária e (quase)
obrigatória, embora nem sempre correcta e universal – é resultado
do regabofe com que nos entretiveram os antecessores no poder? Terão
medo que os acusem e de dizer a verdade afirmativamente?
-
Porque se escondem atrás do resultado eleitoral, senão (talvez já
não) merecem a confiança que neles depositaram? Serão incapazes de
assumir que também erram?
-
Estariam preparados para ocupar o posto e agora, colocados a mandar,
reconhecem-se incapazes, senão mesmo ineptos? Porque há medo de
assumir que nem tudo corre bem, quando uma quase impreparação lhes
fez cair o poder nos braços?
=
Do outro lado do espelho...
Também os
que estão na oposição não falam totalmente verdade, tanto na
informação como na contestação, pois, se uns dizem o que se
tornaria impossível de concretizar, outros propõem, quando estão
fora do poder o que neste não conseguiram – por incapacidade, por
incúria ou por negligência – realizar... minimamente, ou, então,
não teríamos chegado ao estado calamitoso em que estamos, agora.
Quando
toca à conquista do poder os exageros nas pretensões dos candidatos
são quase inenarráveis, tal é a cumplicidade em maré de combate
eleitoral, bem como a sofreguidão com que tantos correm ao espaço
do mando... em certas circunstâncias quase sem olhar a meios para
atingirem os (seus) fins. - Quantas vezes as palavras ganham sentido diverso, se ditas por um partido ou se proferidas por outro, parecendo que os conceitos estão confusos e considerando que os ouvintes ainda se deixam condicionar pelas diatribes mais ou menos inconsequentes... duns tantos espertos.
- Quantos pequenos episódios se tornam pseudo-factos, embora sejam mais manobras de diversão para tentar iludir os incautos e prolongar o vazio das ideias ou dos projectos partidários falidos... senão nas promessas pelo menos nos actos.
- Que espectáculo – triste, ridículo ou mesmo desumano – nos é dado presenciar pelas ilusões de importância mais ou menos consentida ou pelo desinteresse dos eleitores, que, vendo-se defraudados noutros momentos, fogem da participação cívica... embora sofram as consequências das escolhas das minorias arregimentadas.
Porque precisamos da co-responsabilização de todos os cidadãos na vida política, urge criar condições para que todos votem, nem que para isso seja preciso penalizar os faltosos nas regalias sociais e sócio-políticas. Quem governa precisa de verdadeira legitimidade e quem é governado precisa de exigir porque escolheu quem considerava mais capaz...pois, se o não é, sofra as consequências mesmo criminais... Basta de esponjas a limpar incompetências e de cobardias na hora da derrota. Portugal precisa e merece melhor, já!
António
Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com)
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