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segunda-feira, 3 de março de 2025

Será tudo um jogo…mesmo na política?


 De entre os programas televisivos que temos atualmente há um – já com longo historial, mesmo que travestido com vários subtítulos – onde a palavra ‘jogo’ é conjugada em diversos tempos e formas verbais, deixando um rasto de interpretação também para aquilo que vivemos noutros campos de atividade, desde a política (geral ou autárquica) até à confusão internacional e ainda podendo servir de rótulo a alguns conluios religiosos visíveis ou camuflados.

1. Designam o tal programam de ‘jogo’ com regras ditadas desde fora – dizem ser a ‘voz’ – e colocam os intervenientes como peões de um tempo mais menos útil ao entretenimento, sendo descartados quando já não dão audiência ou espremidos até que quase se desumanizem, sem se darem conta. Tudo isto é servido em direto ou em fatias, de quando em vez: uns pretensos comentadores – alguns/as já fizeram idêntico papel de concorrentes – opinam sobre tudo e quase nada, revelam as suas preferências, tendo em conta os interesses menos claros e deixam escapar observações sobre a educação, o juízo de caráter ou mesmo as influências das (ditas) ‘redes sociais’, em certos casos, pagas com campanhas de angariação de fundos para suportarem os seus preferidos na hora da votação… A isto chamam de ‘jogo’ sem rede nem vergonha!

2. Outro tanto temos visto na área da política, desde a da governação do país até às movimentações para as eleições autárquicas (lá para setembro) e as presidenciais (em janeiro do ano que vem)…tudo envolto num jogo que revela quão baixo podemos cair se não estivermos de atalaia, sobre a composição do filme em rodagem. Se no tal programa há quem dite as regras e, se forem desrespeitadas, haverá sanções, no caso da política são os que atropelam os outros – sem educação humana ou cívica, cultural ou instruída – que se consideram vencedores, fazendo descer de tal modo o nível, que, dentro em pouco, não haverá quem aceite fazer parte desta palhaçada, ofensiva para com os que fazem a arte-de-ser-palhaço…no circo.

3. Efetivamente o nosso país tem vindo a tornar-se um grande circo, agora já sem animais amestrados – ou seriam antes selvagens? – mas com uns humanos que fazem umas tropelias sem graça, dando a entender que já pagaram ao público para lhes suportar a desfaçatez, enquanto se entretêm com verborreias sem nexo e usando trejeitos que não surtem efeito na assistência. Dentro de pouco tempo não haverá ‘palhaços’ porque o dinheiro abunda e poucos são os que se prestam para tais papéis. Não será abusivo considerar que o grande circo em funções se situa em Lisboa, sobranceiro ao Tejo e na colina de S. Bento: aí, onde pretendem que tenha sede a ‘casa da democracia’, vemos exibirem-se uns tantos malabaristas sem preparação, fazendo a função de ensaiados nos escombros na má (abjeta, incongruente e inconsequente) política…Ninguém escapa, pois dá a impressão de que, quanto pior foi o espetáculo, mais indignos serão os atores, se é que ainda sobrará quem se preste para essa triste função!

4. O ‘jogo’ da rua revela de onde vimos e para onde vamos. Quem ouse trabalhar – mesmo que investindo as suas economias ou colocando ao serviço dos outros as qualidades geradoras de riqueza – antes de entrar na política corre o risco de ser apelidado de ‘perigo’ para a democracia, pois esta fomenta, alimenta e promove quem viva da exploração do grande patrão, o Estado: este torna-se providência para depois dar a conta-gotas o que lhe interessa na previdência. Esta visão totalitária continua cinquenta depois decorridos sobre a queda do regime salazarento: muitos encontraram os papéis onde estavam anotadas as regras de antanho e que, caldeadas com as leituras de Marx-Lenine-Mao, aprisionam o país a condições terceiro-mundistas básicas. Não é este país que precisamos e, a continuarmos nesta senda, em breve teremos ainda mais incompetentes a governarem-nos, pendurados nos subsídios e reclamando o aumento de salários até colocarem o país na penúria, na bancarrota e na pauda económica da Europa.

5. Parafraseando a frase emblemática de JF Kennedy: não perguntem o que a nação pode fazer por vós, mas o que é que vós podeis (e deveis) fazer pela nação! Será?


António Sílvio Couto