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segunda-feira, 19 de junho de 2023

Num país de inúteis: uns comentam e outros disfarçam

 

Os tempos mais recentes têm sido prolixos em exemplos de pessoas mais ou menos ‘consagradas’ na asneira, seja pelas atitudes, seja pela omissão, sem esquecermos os erros, disfarces e mentiras acumuladas e cumulativas. Numa verbalização sem rede, como que ouso colocar certos meios de comunicação sob o epíteto de ‘jornalismo bosta’, quando se regozijam em denunciar (mesmo sem provas totais) erros dos membros eclesiásticos e se eximem de usar – no tempo correto e adequado – idênticos meios para noticiar terem sido ilibados do não-feito. Pior ainda: são uns tantos (bem colocados e cotados no ranking) que têm um especial tratamento – sabe-se lá por quê – por alguns responsáveis da Igreja… Serão julgados a condizer, tanto os beneficiados como os aduladores.

Vamos alguns factos.

1. Num país minimamente civilizado o que aconteceu com as mortes por fogo em 2017 e em 2018 teria feito cair o governo, mas, pelo contrário, conseguiram voar sobre tudo e todos, deixando as vítimas em longos tempos de espera, sem explicações razoáveis e consequentes. Centenas de mortos foram varridos para debaixo do tapete socialista (e quejandos comunistas e trotskistas – ao tempo de conluio de púcaro e pucarinho) sem pejo nem vergonha. Se o número de atingidos tivesse ocorrido na faixa do litoral – Loures/Odivelas ou Cascais/Oeiras – o trato teria sido tão superficial e inconsequente? Ficamos a saber que os cidadãos do interior valem menos do que os que os da beira-mar! Querem exemplo mais lídimo da incompetência, mesmo na hora de votar? No entanto, os que governavam ao tempo ganharam mais duas vezes nas eleições…Por que não explode a paciência nesta hora de denunciar tantos oportunistas inconsequentes? Será porque não há melhor ou parece ser melhor viver nesta rotina de vencidos?

2. Já vai longa a trama das galambices, isto é, de meias-palavras, meias-verdades, meias-declarações, meias-de-nada… Um breve episódio atingindo a transportadora aérea nacional tornou-se um facto-político obsessivo, com quase quatrocentas horas de uma comissão de inquérito, onde pouco se disse e nada se ficou a conhecer melhor. No mais elevado modelo da arte de bem-enganar temos andado entretidos com coisas inúteis, mas bem exploradas por quem delas se serve para ludibriar os eleitores. Nos intervalos fazem sair umas sondagens que nada mudam, pois sendo de encomenda resultam para quem as suporta… E, como sempre, lá estão uns certos papagaios de atalaia, não vá a voz do chefe perder sonoridade.

3. Se dúvidas ainda houvesse de que há um plano subterrâneo bem urdido quando se fala dos ‘abusos sexuais na Igreja’ bastaria atender às notícias mais recentes, pois o desmentido sobre um padre que tinha sido acusado não teve a mesma cobertura – essa de parangonas de escândalo – aquando da publicitação do assunto. O tal ‘jornalismo bosta’ não se limpa na hora de repor a verdade. No mínimo, numa comunicação social digna ter-se-ia de dar a mesma cobertura ao assunto – mesmo ao abrigo do ‘direito de resposta’ – e com a significação de repor a ofensa à honra e bom nome de cada pessoa. Daquilo que conheço do padre atingido, preparem-se para a luta que terão de enfrentar, não esquecendo as pessoas ‘políticas’ com quem se relaciona…

4. Confesso que, cada vez mais, fico baralhado com o futuro próximo: por estes dias das quatro crianças (dois e duas) que fizeram a primeira comunhão – tanto quanto era percetível – a maioria já não tem os pais a viverem juntos… e a fazer fé no leque (ou será estrato?) social de onde provêm a questão é assaz preocupante. Nota-se algo convulso no que toca à família, tanto ao nível social como religioso. É deveras inquietante o que colheremos nos próximos tempos. As crianças de hoje, como homens e mulheres de amanhã, deixam-nos grandes preocupações: o que serão estes progenitores, se viveram experiências complexas como mais novos? As marcas em tempos de infância e de adolescência serão feridas sem resposta nos seus vindouros… As prosápias atuais não resolverão os questionamentos na hora da verdade! De facto, os mercedes, os jaguares, os bmw’s com que os pais se enfeitam, não resolverão as lacunas irresolúveis!



António Sílvio Couto

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