Quem não
terá já vivenciado alguma situação que se tornou paradigmaticamente um símbolo
de três em um; isto é, foi a primeira, poderá ter sido a última e, porque não,
a única. Quando tal acontece as razões não são as mais benéficas à mistura com
as consequências que poderão ser nefastas…
Digamos
que este panorama é pouco agradável, senão mesmo bastante inconveniente.
1. Quais poderão ser as razões para
avaliar um acontecimento, uma situação ou um episódio com aquela grelha de
‘três em um’? Que poderá contribuir para que algo seja analisado com aquela
visão de ‘três em um’? Será essa análise avaliativa de ‘três em um’ um juízo
sobre alguém ou quanto a algo que nos desagradou e, por isso, foi relegado para
fora de oportunidade futura? Quando atinge o âmbito das pessoas ‘três em um’
não será mais marginalizador do que inclusivo?
2. Estas questões poderão e deverão
ser respondidas com factos e tendo em conta situações mesmo que desagradáveis
há mais ou menos tempo.
Parece
claro que quem usa aquela conclusão – ‘três em um’ – terá vivido uma razoável
deceção quanto às expetativas que acalentava ou aquilo que lhe foi dado
vivenciar ficou aquém daquilo que esperava, tanto mais que não desejará repetir
a experiência. Não será que isso responde à pouca adesão posterior a um
acontecimento (espetáculo, conferência ou iniciativa) que antes fora
apresentado como de grande interesse, mas que, afinal, não passou de um fiasco
ou insucesso?
3. Num tempo assaz marcado pela exaltação
do efémero, aquela atitude de ‘três em um’ poderá ser a resposta mais
diplomática para rejeitarmos o que não presta, fazendo refletir àqueles que
promovem a futilidade, a manipulação e mesmo o sem-sentido… Com efeito, já
chega de termos de conviver com programas televisivos de tão baixa qualidade,
mas que continuam a tentar impingir-nos em doses cada vez mais serôdias,
descapacitadas e imbecis. Aquilo que antes nada valia, agora mete nojo e revela
um país de mentecaptos em que nos tornámos… Uma vez foi para ver, duas para
detestar, três e mais para rejeitar.
4. Há casos em que a forma de atuar
hipotética ou presumida não deixa estender as situações no tempo nem no espaço:
falamos da limitação de mandatos e mesmo do tempo de duração (até três anos)
disso mesmo. De facto, devemos ter mecanismos de autorregulação, segundo os
estatutos e a forma de proceder. Mais do que uma habilidade deverá ser uma
regra feita da experiência vivida e tendo em conta as situações anteriores.
5. Precisamos, cada vez mais e
melhor, de saber estar num tempo que valoriza a superficialidade para não
cairmos nisso que podemos criticar, mas, alguma facilidade, corremos o risco de
promover, facilitar ou mesmo de servir sem disso nos darmos conta. Talvez valha
a pena colocar esta avaliação do ‘três em um’ como grelha das desistências de
certos projetos, da ausência em certas iniciativas ou como aferição à
desmobilização de propostas que caíram quase antes de terem sido postas em ato.
Que a
exigência que colocamos para com os outros possa ser o critério de contínua
valorização daquilo que pretendemos fazer por nós mesmos… Coerência a quanto
obrigas, hoje como ontem e, sobretudo, amanhã!
António Sílvio Couto
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