Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



terça-feira, 14 de julho de 2015

Liberdade ou segurança?




Estes dois fundamentais aspetos da nossa vida pessoal e social estão em constante tensão, pois para termos segurança poderemos ter de prescindir dalguma liberdade e para que esta seja vivida na sua plenitude poderemos fazer perigar aquela. Por isso, liberdade e segurança são como que dois polos hipersensíveis da nossa vida social e pessoal...mesmo sem disso nos darmos sempre conta.

Isto será tanto mais percetível quando nos vemos algo de alguma intrusão no computador pessoal – já nem me pronuncio sobre as tentativas a que podem estar sujeitos os das empresas, das forças de segurança ou do Estado – e, de repente vemos alguém a usar a nossa identidade e a solicitar dinheiro em nosso nome...numa hipotética situação de aflição, sobretudo, se for no (pretenso) estrangeiro. Isto aconteceu-me no passado dia 13 de julho com uma usurpação de identidade de alguém – umas vezes no masculino, outras no feminino – criando um cenário para extorquir um certo montante a colocar através de uma entidade bancária... internacional. Dezenas de contatos, que tinha no meu computador – uns do livro de endereços e outros apanhados nalgum momento de comunicação – receberam um tal pedido de ‘ajuda’...Foi um corrupio na manhã dessa segunda-feira...até ser apanhado o filão donde provinha aquela ameaça, enquanto tentava proteger novamente o computador...Foram horas e dezenas de chamadas recebidas a tentar saber da veracidade do caso. Humildemente agradeço todas as atenções dispensadas!

Trago a público esta situação – talvez pareça ridícula e inocente para alguns entendidos – numa partilha de preocupação sobre a vulnerabilidade dos instrumentos com que comunicamos, da sensibilidade com que podemos ser alvo de má-fé ou mesmo como recurso a denunciar quem tal fez para que possa perceber que podem meter-me medo, mas não me atemorizam...Uma coisa é condicionarem, outra bem diferente será invadir a privacidade e o modo de ser e de estar!

= Liberdade – tê-la ou protegê-la?

A marca mais séria da nossa vida é a da liberdade, seja no foro interno, seja na dimensão externa...para connosco mesmos ou para com os outros. Com efeito, liberdade não é sinónimo de fazer o que se quer, mas querer fazer o que se pode e deve. Ora, isso nem sempre é fácil de viver nem de saber estar em cada instante, pois a liberdade exprime-se de muitas e variadas formas, algumas das quais que nem os grilhões podem coartar. Que o digam os santos e mártires em nome da fé: eram livres porque servidores do Senhor das suas vidas, a Quem tinham dado tudo e já nada lhes restava de si mesmos.

Nos (ditos) ‘quarenta anos de democracia’ temos visto muitos para quem a liberdade é o que eles pensam e, na melhor das hipóteses, o que pensam os seus correligionários. Quem pensa ou se exprime de forma diferente da deles já pode ser um perigo para a liberdade! Desta forma se pode explicar o estado atávico em que vivemos como país, na dimensão política e até na cidadania...Não há donos da liberdade ou, então, esta será arma de arremesso para adversários e competidores! Liberdade é, antes de tudo, respeito pela diferença e do modo de ser, de pensar e agir alheios.

= Segurança: como defendê-la?

Nos tempos mais recentes temos visto vários locais públicos – ruas, estradas, espaços de diversão, serviços de atendimento, etc. – sob câmaras de vigilância... Tudo – segundo dizem – sob a tutela das entidades de proteção de dados e em vista das (pretensas) condições de segurança mínimas. Uma certa febre securitária invadiu os países ocidentais, sobretudo após vários atentados terroristas em diversos países. Em nome da segurança tornou-se (quase) tácita a aceitação do reforço das medidas de segurança. Mas isso trouxe-nos mais serenidade e confiança uns nos outros? Estamos seguros ou vivemos mais preocupados?

Temos de cultivar a boa vizinhança, pois está dá e fomenta segurança. Temos de encontrar meios de segurança onde o medo possa ser expulso das relações humanas. Temos de querer segurança para os outros e a nossa estará garantida. A segurança nasce da paz, sobretudo, do coração!
 

António Sílvio Couto

Sem comentários:

Enviar um comentário